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É preciso convencer os idosos a ficar em casa e zelar pelo bem-estar deles

Eles estão no grupo de risco do coronavírus e precisam respeitar a quarentena — e nós devemos ajudá-los nesse momento

Por Colaborou: Gabriela Maraccini
Atualizado em 20 mar 2020, 12h27 - Publicado em 19 mar 2020, 17h36
 (Pavlo Gonchar/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
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Até a tarde desta quinta-feira (19), o Brasil registrou seis mortes devido a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. As vítimas tinham entre 60 e 80 anos, ou seja, estavam no grupo de risco da pandemia. Fazem parte dessa parcela os idosos, diabéticos, hipertensos e asmáticos.

É de extrema importância que não seja negligenciado o momento de reclusão e quarentena como medida protetiva, principalmente por quem está nos grupo de risco.

De acordo com Natan Chehter, geriatra do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, o envelhecimento causa algumas alterações naturais no sistema imunológico, o que faz com que pessoas com idade avançada sejam mais suscetíveis a uma infecção mais grave.

“O organismo idoso tem mais dificuldade de formar anticorpo, ele leva mais tempo. Então, enquanto você não forma anticorpos, e a forma de combater o vírus é com o anticorpo, você tem mais exposição ao vírus”, explica ele. O termo para essa condição é a imunoscenecência. E o quadro piora ainda mais caso a pessoa seja hipertensa, diabética ou esteja passando por tratamento contra câncer.

Mas como convencer os idosos, principalmente os mais ativos, a ficarem em casa? Esse é um grande desafio para muitas pessoas, atualmente. O professor Diego Henrique Oliveira de Paiva e seu irmão, por exemplo, ainda não conseguiram garantir que a mãe deles, com 69 anos de idade, não saia de casa.

“Ela sempre foi muito ativa. Tanto em casa, como no trabalho. Está sempre fazendo alguma atividade. Ela não compreendeu ainda a situação atual. Quando está de folga, mesmo nesses dias de quarentena, tem ido ao supermercado”, revela Diogo. “Ontem mesmo, ela foi visitar minhas tias, que têm idade acima dos 60.”

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A mãe de Diego segue saindo de casa para frequentar a missa e o salão de beleza. Já foram muitas as tentativas de conversa, mas em vão. “Ela acredita que essas coisas não chegam até ela. Nós mandamos áudio, mandamos vídeo com informações esclarecendo, mas ela diz que não quer saber, que o jornal já fala demais sobre isso”, desabafa o professor.

É uma questão de saúde pública

Não podemos culpar a mãe de Diego por sua resistência. É realmente desafiador mudar a rotina de forma tão brusca — está sendo algo novo para todos, independente da faixa etária. Mas é necessário entender que se trata de saúde pública. 

A transmissão do vírus, atualmente, está se dando de forma comunitária, ou seja, o contágio não é mais pelo contato com pessoas que estiverem nos países mais contaminados, como os da Europa ou Ásia, e foram infectadas. Agora, a transmissão está ocorrendo internamente nas cidades e no país, em aglomerações de pessoas e ao ter contato com alguma superfície contaminada.

“Hoje em dia, todo mundo é suscetível [a ser contaminado e a transmitir o vírus]. Eu costumo explicar às pessoas que o vírus está em todo lugar: ele está no ônibus, no orelhão, no mercado e qualquer um pode estar com o vírus”, explica Chehter. “A única forma de se proteger é ficar em um ambiente onde você tem o controle da sua exposição ao vírus, onde ele menos está presente, que, provavelmente, é a sua casa”, completa.

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A lógica inversa também funciona. “Se você sabe que está infectado, você deve ficar em casa para não passar para os outros. Essa é a primeira e a última linha de defesa para não transmitir o vírus e para ele não chegar a níveis alarmantes”, alerta o geriatra.

E a regra vale para todos. Se você for criança, adolescente, adulto ou idoso – mas principalmente, este último grupo, já que, como vimos anteriormente, eles têm o sistema imunológico mais enfraquecido. É preciso ficar em casa e respeitar a quarentena.

“É uma questão de saúde pública, é a contenção de transmissão comunitária do vírus. O vírus está em comunidade e a única forma de evitar que ele permaneça na comunidade é ficando em casa. Vamos combater esse vírus com a individualidade nesse momento”, finaliza.

Eu moro com um idoso, o que devo fazer para protegê-lo?

Há algumas medidas que devem ser tomadas para protegê-lo dentro do lar. Como a transmissão do vírus já é comunitária e corremos o risco de sermos portadores assintomáticos (ou seja, estamos infectados, mas não apresentamos sintomas), precisamos nos atentar à higiene.

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As mesmas recomendações que a Organização Mundial da Saúde já vem orientando, assim como o Ministério da Saúde brasileiro, são válidas: lavar bem as mãos com água e sabão, higienizá-las com álcool em gel quando for necessário, respeitar o isolamento e a quarentena. Se for preciso ir ao mercado, vá sozinho e deixe a pessoa com mais idade em casa. Em caso de sintomas leves, não vá ao hospital, repouse em casa. Em caso de falta de ar e febre alta, é bom ir ao pronto-socorro.

Não esqueça de manter uma alimentação balanceada e saudável. Praticar exercícios dentro de casa , para o idoso, também é fundamental, pois fortalece o corpo e, consequentemente, o sistema imunológico. Há vários aplicativos de atividade física, yoga e alongamento disponíveis. Experimente um deles!

Como posso demonstrar afeto aos meus avós ou pais sem contaminá-los?

A quarentena pode ser o momento ideal para inserir os idosos de vez na tecnologia. Podemos demonstrar afeto aos nossos queridos por meio de ligações ou chamadas de vídeos, principalmente para manter a relação entre netos e avós.

Inseri-los também nas redes sociais é uma forma de aproximá-los dos familiares e dos amigos. Mantenha conversas constantes em aplicativos de mensagens, como o WhatsApp ou Telegram.

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Outra forma de ajudá-los a se protegerem é fazendo as compras para eles. Como essas pessoas precisam ficar em casa, ir ao supermercado por eles é uma forma de manter, também, o contato e de demonstrar que você está presente para apoiá-lo nesse momento. Só não esqueça de higienizar as mãos quando for entregar as compras.

O mais importante é nos mostrarmos presentes, mesmo não estando ao lado fisicamente. Mostrar que nos importamos é muito necessário para que eles não se sintam abandonados nessa fase difícil.

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