Como se proteger de ISTs no Carnaval
As ISTs são um risco em qualquer época do ano mas, no Carnaval, o contato e relações sexuais recorrentes podem elevar as chances de contração
Calor, folia e beijo na boca fazem parte do Carnaval brasileiro. Entretanto, devemos nos lembrar de que esses momentos de muito contato humano e conexões carnais nos deixam mais suscetíveis às ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). Para se prevenir, conversamos com a ginecologista Susana Mesquita, que explica como evitar os contágios nessa época do ano.
As infecções sexualmente transmissíveis mais comuns
Você sabia que existem Infecções Sexualmente Transmissíveis que podem ser contraídas através do beijo? Herpes, Sífilis, Gonorréia e HPV são algumas delas. De acordo com a médica, a única maneira de tentar se prevenir é evitando beijar quem tenha feridas na boca, porém nem sempre as lesões são externas e visíveis, algumas podem estar localizadas dentro da boca.
Já Hepatite B, Herpes, Gonorréia, Clamídia e HPV são as mais contagiosas. A maioria delas se contrai através das relações sexuais e a melhor forma de se proteger é o uso do preservativo do início ao fim da relação sexual.
Uma forcinha da imunidade
“A imunidade é ponto essencial na prevenção de ISTs. Aumentar a imunidade com bons hábitos nutricionais e exercício físico é, sem dúvida, a principal defesa do corpo contra agentes infecciosos, como vírus, fungos, bactérias e parasitas, mas não previne e não evita completamente os riscos de contraí-las”, conta a especialista.
Camisinha: existe um tipo que previne mais do risco de contrair ISTs?
A camisinha tem papel essencial em relações sexuais, principalmente as casuais e é o melhor método para evitar gravidez e proteger das IST’s.
Muitas mulheres que possuem outros tipos de métodos contraceptivos acreditam que a camisinha deve servir de complemento não obrigatório em suas relações e esquecem do papel que elas exercem para prevenir doenças.
“Se comparadas, a camisinha feminina ganha no quesito proteção contra IST’s, pois recobre a área da vulva e do escroto dificultando ainda mais o toque dessas regiões que também podem apresentar lesões e transmitir doenças. Além de tudo, ela é feita de poliuretano, sendo uma excelente opção para pessoas alérgicas ao látex do preservativo masculino”, aponta a médica.
Olhares atentos às vacinas para HPV e hepatite B
Algumas vacinas contra infecções sexualmente transmissíveis estão disponíveis em postos de saúde no Brasil, e devem ser priorizadas contra alguns tipos de doenças. Caso da Hepatite B e do HPV.
A vacina contra HPV é indicada para meninas e mulheres de 9 a 45 anos de idade e meninos e homens de 9 a 26 anos de idade. Já a Hepatite B, é administrada a partir da maternidade, mas pode ser tomada sem restrições de idade.
Dá para pegar através do vaso sanitário?
É improvável pegar IST no vaso sanitário. De acordo com Susana, os patógenos causadores das IST’s só sobrevivem enquanto estão no corpo, portanto, dificilmente haveria uma contaminação dessa forma. Mas ela ressalta que, falando sobre IST’s, o compartilhamento de brinquedos sexuais pode sim transmitir essas infecções.
Os maiores perigos dos banheiros públicos são as contaminações por vírus e bactérias que podem gerar sintomas gripais e gastroenterites, com vômitos e diarreias. Portanto, a melhor forma de se prevenir é lavando bem as mãos e evitando tocar nos olhos e boca.
“É possível também levar na bolsa um frasquinho com álcool em gel para higienizar as mãos sempre que for necessário”, recomenda.
Deixar de urinar ou urinar em pé não é recomendado!
Geralmente, no carnaval, os banheiros públicos encontram-se muito sujos e nesses casos extremos o mais importante é não prender a urina, já que isso pode propiciar o aparecimento de infecções urinárias.
Como urinar em pé dificulta o esvaziamento da bexiga e facilita infecções urinárias, existe a possibilidade do uso de protetores de assento descartáveis.
Posso recorrer a profilaxia pré-exposição sexual?
A PrEP (profilaxia pré-exposição sexual) é feita com o uso de medicamentos que impedem a infecção pelo HIV e devem ser tomados diariamente. Começa a fazer efeito após usar o medicamento 7 dias antes para a relação anal, e 20 dias para relação vaginal.
“A PrEP não protege de outras IST’s e não é indicada para qualquer pessoa. Ela deve ser utilizada se fizer parte de populações específicas que têm maior probabilidade de contrair HIV como: homens que fazem sexo com homens, pessoas trans, pessoas que trabalham com sexo, pessoas que frequentemente deixam de usar o preservativo nas suas relações sexuais, pessoas que sabidamente tem relações sexuais com alguém HIV positivo e que não esteja em tratamento”, conta.
É importante salientar que o uso dessas medicações deve ser feito sempre com acompanhamento médico, pois podem ter repercussões na saúde e afetar a função de órgãos vitais como os rins e fígado.