Assine CLAUDIA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Cientistas identificam forma de bloquear zika e impedir microcefalia

Na fase atual da pesquisa, os testes em camundongos mostraram que o bloqueio do vírus no cérebro foi total. A próxima etapa será com humanos

Por Da Redação
Atualizado em 20 jul 2020, 20h09 - Publicado em 20 jul 2020, 19h30

Após a recente descoberta de como o vírus da zika age no cérebro dos bebês infectados, nesta segunda-feira (20), um grupo de cientistas brasileiros, argentinos e estadunidenses publicou um estudo na revista Nature Neuroscience revelando a descoberta de um mecanismo de bloqueio à ação do vírus em camundongos, impedido o aparecimento da microcefalia.

A forma de ataque do vírus ao feto foi descrita de forma inédita pelos pesquisadores, que identificaram que o vírus percorre a placenta e, em seguida, é disseminado no cérebro do feto. A multiplicação acontece por meio dos neurônios. “Ao invadir as células do hospedeiro, o zika consegue desligar a produção de duas substâncias usadas pelo sistema imune para combater infecções virais: o interferon do tipo 1 e a proteína da leucemia promielocítica (PML),” apontou o imunologista brasileiro Jean Pierre Schatzmann Peron ao G1.

Segundo o especialista, a invasão do vírus ocorre pelas células e a sua atividade acontece por meio do receptor AHR, que é uma proteína. Com isso, o ele é ativado e passa a frear a produção das células imunes, uma das responsáveis pela imunidade antiviral em humanos e animais. Por conta dessa ação, o zika encontra caminho livre, sem proteção, para se multiplicar e, consequentemente, invadir os precursores neuronais dos fetos. O fim do processo é o surgimento da microcefalia em bebês.

“A lesão no feto é diretamente proporcional à quantidade de vírus na mãe. Uma vez que o receptor AHR desliga a resposta imune da mãe, o vírus não tem barreiras, replicando-se livremente e alcançando o feto,” explicou Peron, que também fez parte da equipe do Instituto de Biociências (ICB) da Universidade de São Paulo e da Plataforma Pasteur-USP, responsável pela publicação de um artigo em 2016 com evidências sobre a causa da microcefalia. Os resultados que tomamos conhecimento hoje são frutos dessa pesquisa, que contou com a participação da Universidade Harvard e de Universidade de Buenos Aires, além de outros cientistas do ICB que entraram para a equipe, como a pesquisadora Carolina Demarqui Munhoz

Continua após a publicidade

Com o mecanismo de atuação identificado, os pesquisadores deram início à etapa de estudos para remediar o problema. “Se a ativação da proteína AHR facilita a replicação do zika, seria lógico imaginar que uma droga capaz de impedir a sua ativação teria um possível efeito benéfico contra a ação do vírus,” disse o cientista.

O medicamento foi testado em fêmeas de camundongos em gestação infectadas com o zika. Como esperavam, as lesões apresentaram uma boa recuperação. A atuação nos neurônios do cérebro foi ainda melhor, já que segundo o imunologista ele “bloqueou 100% da ação do vírus”, comentou. “Nosso maior desafio foi mostrar que, com o tratamento, nós obtivemos melhora na lesão cerebral. De nada adiantaria observar uma melhora apenas nas mães, sem fazer nenhum efeito no cérebro dos fetos. Mas o tratamento surtiu efeito tanto nas mães quanto nos fetos”, pontuou.

Por conta da composição descoberta, o cérebro de fetos contaminados com o vírus, mas medicados, se assemelhou com um cérebro não infectado. “Os fetos tratados com a droga voltaram a nascer com peso normal. O comprimento total dos animais também melhorou. Na placenta e no cérebro, pudemos observar que a remissão do vírus foi total”, explicou Jean Pierre. A próxima etapa da pesquisa é o teste em seres humanos.

Continua após a publicidade

O que você precisa saber sobre gravidez em tempos de pandemia

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!

Receba mensalmente Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições
digitais e acervos nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.

a partir de R$ 12,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.