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Bruxismo infantil: Causas, tratamentos e como lidar

Especialista explica que a recorrência do bruxismo do sono é maior entre crianças que apresentam quadro de doenças respiratórias como asma e rinite alérgica

Por Débora Stevaux Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 29 set 2017, 19h00 - Publicado em 28 set 2017, 16h46
 (Lolkaphoto/ThinkStock)
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Seu filho range ou força os dentes acordado ou quando está dormindo? Fique alerta, pois ele pode ter desenvolvido bruxismo, muito comum em crianças de até 6 anos de idade.

Um estudo publicado na Revista Paulista de Pediatria, em 2009, concluiu que a condição caracterizada pela atividade repetitiva da musculatura mastigatória sem função está presente em 40% das crianças dessa faixa etária, diminuindo para 17% em pequenos com idades entre 6 a 7 anos e aumentando novamente para 24% na faixa dos 8 a 9 anos.

Outra evidência apontada pela pesquisa mostrou que 60% dos pequenos analisados também tinham sido diagnosticados com quadros alérgicos, o que corresponde a um índice três vezes maior quando comparado com aquelas que não tinham nenhuma alergia.

De acordo com a Dra. Naila Machado, especialista em disfunção temporomandibular e dor orofacial, doutora pela Universidade de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Dor Orofacial (SBDOF), há dois tipos de bruxismo, o em vigília, que acontece quando as crianças fazem o movimento acordadas e o do sono, que, conforme o próprio nome já diz, aparece quando os pequenos estão dormindo. “Nas crianças, a frequência do bruxismo do sono é maior, e quase sempre está relacionado a problemas respiratórios”, explica.

Causas

Primeiramente, é importante ressaltar que a condição é considerada um distúrbio do sono e aparece, na maioria das vezes, em pequenos que possuem a qualidade do sono ruim, que pode ser acarretada por vários fatores. “Entre eles estão a enurese — urinar na cama involuntariamente  —, sonilóquio — falar dormindo e sonambulismo, além de estar relacionada ao desenvolvimento de rinite alérgica, asma e infecções do trato respiratório”, esclarece a Dra. Naila.

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A médica também acrescenta que a condição pode se agravar com pequenos que passam muito tempo em frente às telas. É importante ressaltar que a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a exposição de crianças com até 2 anos de idade ao aparelhos eletrônicos seja nula. “Isso acontece porque elas ficam em estados de concentração muito prolongados e podem apertar e ranger mais os dentes caso passem muito tempo utilizando aparelhos eletrônicos. Por isso, é importante que os pais tomem cuidado e evitem longas exposições dos seus filhos, afinal, esses longos períodos podem acarretar o aparecimento do bruxismo de vigília”, completa.

Diagnóstico e tratamento

Geralmente, é fácil identificar se a criança desenvolveu bruxismo pela simples observação dos movimentos realizados por ela com a boca, seja acordada ou dormindo. Como prevenção, especialistas apontam para o conceito de “higiene do sono”, utilizado para classificar os hábitos comportamentais saudáveis na hora de dormir que devem ser adotados desde cedo.

“Evitar dar o smartphone ou o tablet para a criança adormecer é um dos principais pontos. Além disso, praticar técnicas de relaxamento, incentivar a prática de atividades físicas para a prevenção de doenças de obstrução respiratória, ministrar uma boa alimentação, evitando bebidas com cafeína como refrigerantes, enfim, implantar desde cedo um estilo de vida mais saudável”, recomenda.

O aparecimento do bruxismo também pode estar relacionado a transtornos como ansiedade, hiperatividade, déficit de atenção e prescrição de medicamentos controlados. Por isso, é importante que o tratamento seja multidisciplinar caso os pais suspeitem da condição em seus filhos. É importante envolver várias áreas, como otorrinolaringologistas e até mesmo fonoaudiólogos.

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“A avaliação odontológica é fundamental para fazer o diagnóstico e identificar os fatores envlvidos no aparecimento do bruxismo nas crianças e determinar o nivel do desgaste dos dentes”, pontua a odontologista.

Muitos pais também já devem ter ouvido falar sobre a possibilidade de implantação de dispositivos para evitar o desgaste dos dentes, entretanto, sua implantação deve ser prescrita mediante rígido acompanhamento profissional, para assegurar que não interfiram no crescimento dentário.

“É preciso levar em conta se o desgaste dos dentes é acentuado, caso sim e o odontologista indique, o acompanhamento precisa ser frequente e cuidadoso”, conta. A utilização de medicamentos para controlar o bruxismo ainda é recente e ainda não há estudos científicos que comprovem a eficácia e se a recomendação é segura.

“É importante que os pais prestem bastante atenção nos filhos que têm entre 5 a 7 anos de idade, pois a presença do bruxismo pode trazer consequências aos dentes, como fraturas, desgastes, sensibilidade e apesar de não apresentar risco de vida, esta condição clínica pode influenciar na qualidade de vida e do sono da criança”, finaliza.

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