Atrofia vaginal causa secura e desconforto durante sexo. Veja como tratar
A doença, apesar de comum em mulheres 50+, também pode acometer as mais jovens, principalmente no puerpério
Assunto exclusivo do universo feminino, o bem-estar da vagina ainda é cercado por muitos tabus e normalização de distúrbios, que, apesar de frequentes, merecem total atenção das mulheres, como é o caso da atrofia vaginal.
Muito recorrente em mulheres que estão no período pós-menopausa, a patologia, também conhecida por síndrome urogenital da menopausa, acomete cerca de 45% das mulheres adultas em todo o mundo. O cenário é ainda mais preocupante, já que, em média, somente 25% desta parcela trata a doença.
Para CLAUDIA, o ginecologista Luciano Pompei esclarece dúvidas sobre o distúrbio, que pode causar secura vaginal, ardência, coceira, e dor durante as relações sexuais.
“A mucosa da vagina é formada por uma grande quantidade de camadas espessas, constituídas de células, que se multiplicam por causa do estímulo do estrogênio, o hormônio feminino. Quando falamos de atrofia significa que, por falta deste hormônio, há menos proliferação dessas células, fazendo com que as camadas fiquem mais finas, muitas vezes com falhas entre elas”, explica o médico.
Além disso, o especialista afirma que há uma diminuição de vasos na região. As glândulas vaginais também produzem menos secreção fisiológica.
Essa diminuição da lubrificação natural da mulher desencadeia uma série de outras manifestações atróficas urogenitais, tal como a secura vaginal, que causa desconforto durante as relações sexuais, infecções vaginais e urinárias frequentes.
A menopausa não é abrupta, ou seja ela acontece de forma gradual. É um período de transição em que as menstruações vão ficando irregulares e, com isso, os hormônios vão diminuindo, o que faz com que as atrofias urogenitais comecem a se manifestar. Por isso, a patologia é tão comum na pós-menopausa, período depois da última menstruação, em que os níveis de estrogênio estão baixos e já não há tanta secreção vaginal.
Contudo, apesar de ser comumente relacionada às mulheres com mais de 50 anos, quando geralmente já se atingiu a pós-menopausa, a atrofia pode acometer as mais jovens. “O que vale aqui não é a idade da mulher, mas sim o momento em que ela entra na menopausa”, diz o ginecologista.
“Quando a mulher está na menopausa, ou seja, parou de menstruar, isso significa que ela não está mais produzido os hormônios sexuais femininos da família dos estrogênios. Se o marco foi precoce, os sintomas citados começarão mais cedo. Se tardios, começarão mais tarde”, aponta Luciano.
A condição, além de não se limitar a uma faixa etária, também não é exclusivo da menopausa. As puérperas, por exemplo, podem lidar com a patologia. “Do ponto de vista hormonal, o período que compreende os primeiros meses do pós-parto, a fase em que a mulher está amamentando, se assemelha muito com a menopausa. A mulher tem uma brusca diminuição do seu estrogênio nesta fase”, indica.
“Alguns tratamentos contra o câncer, como os quimioterápicos e radioterápicos, também aumentam as chances de alterações vaginais, assim como o tabagismo e alguns anticoncepcionais, que podem ter um efeito de deixar a vagina menos lubrificada”, explica o especialista.
O tratamento
O tratamento mais usado em casos de atrofia é a aplicação de estrogênio na vagina. Segundo o médico, as opções passam por cremes, óvulos ou comprimidos vaginais. “Todos esses métodos tem um efeito local, não agem no corpo como um todo, só atuam na região genital”, aponta o ginecologista.
Pela alta incidência na pós-menopausa, o tratamento costuma ser ininterrupto. “Agora, se a secura vaginal estiver relacionada a um motivo temporário, então o uso será enquanto for necessário, de acordo com o determinado pelo médico.”
Outro fator relevante está na reportação dos sintomas e desconfortos ao seu ginecologista regular. “Mesmo que se ache que este é um problema normal, causado pelo processo de envelhecimento, é importante reportar ao médico ou médica o que te incomoda para uma prescrição apropriada”, defende.
O profissional também ressalta que esses problemas não são exclusivos de quem tem vida sexual ativa e que, independente se a mulher tem relações sexuais ou não, é essencial tratar os sintomas para que haja qualidade de vida.