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Amizades de baixa manutenção são válidas? Entenda o que é

Apesar do que muitos pensam, amizades verdadeiras se constroem com tempo de qualidade, e não uma alta frequência de convivência

Por Kalel Adolfo
11 fev 2024, 06h42

Você já ouviu falar em amizades de baixa manutenção? O termo, que vem se popularizando cada vez mais nas redes sociais, refere-se àquelas relações que não precisamos de muito esforço para manter. Uma conversa ali, um encontro aqui: as interações são esporádicas e nenhuma das partes se sente mal com isso.

Na vida adulta, isso é inegavelmente benéfico, claro. Mas até que ponto é positivo nutrir as nossas amizades de forma tão descompromissada? A seguir, a psicóloga humanista Paloma Gomes reflete sobre as problemáticas do assunto:

Amizades não devem demandar esforços descomunais

Quaisquer extremos não são benéficos: tanto a falta de investimento na amizade quanto o foco total em uma única relação podem indicar uma dinâmica pouco saudável.

“As amizades devem nos inspirar conforto. Quando a troca é boa, não precisamos nos esforçar demasiadamente para estar ali. Se requer muito trabalho, não faz sentido”, pontua Paloma Gomes.

A psicóloga ressalta que, ao falar de relações que não requerem muito trabalho, ela não se refere à amizades sem conflitos.

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“O incômodo é natural quando sentimos abertura para falar sobre o que nos incomoda. Sabe quando uma amiga te convida para um rolê que você não está tão a fim, mas, por consideração, acaba indo para demonstrar apoio? Isso também é normal”, explica.

O limite que jamais deve ser ultrapassado, contudo, é o de nossa identidade. “Quando precisamos nos moldar para estar com alguém, algo está muito errado”, alerta.

Preciso sempre falar com a minha amiga?

Nesta discussão de amizades de baixa manutenção, muitos dos que são contra afirmam coisas como “Se eu não estou sempre falando com o meu amigo, então não é uma amizade verdadeira”.

Sobre isso, a psicóloga responde: “As pessoas podem entender a alta manutenção como uma prova de amizade verdadeira. Pode ser tanto um comportamento aprendido quanto uma questão de dependência emocional”.

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No caso da dependência, não é incomum que os indivíduos nutram sentimentos de paranoia ao estarem distantes daqueles que consideram seus amigos.

“Se o outro não fala comigo, significa que já não gosta mais de mim ou que fiz algo errado. Há uma preocupação excessiva e uma necessidade de ser amada e apreciada constantemente”, diz.

Para a psicóloga, essa dinâmica de contato frequente pode funcionar muito bem na infância e adolescência, mas na vida adulta, tal raciocínio não é possível. “Há outras áreas de nossa vida que requerem energia e atenção. A maturidade exige que alteremos o foco constantemente.”

As redes sociais, segundo Paloma, também afetam a nossa percepção acerca do que é uma verdadeira amizade, visto que criam a sensação de que tudo é urgente. “É a famosa ‘FOMO’ [Fear of Missing Out], que nos faz querer estar por dentro de tudo da vida do outro o tempo inteiro”, explica.

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Impor limites na amizade é necessário

Seja a sua amizade de baixa ou alta manutenção, é necessário exercitar a honestidade e a sinceridade constante. “Deixe os seus limites claros. Você pode falar: ‘Olha, eu gosto muito da nossa amizade, mas eu preciso de tempo e espaço. Às vezes estou online, mas também estou trabalhando em paralelo”, indica.

De forma carinhosa e respeitosa, é muito provável que o outro compreenda a relevância de respeitar o espaço alheio. “Se o outro não respeita o seu espaço, é bom questionar essa amizade”, aconselha a especialista.

Amizade de baixa manutenção é válida?

E no fim das contas: será que é possível criar vínculos fortes com pessoas que falamos de vez em quando? Para a psicóloga, a resposta é afirmativa.

“É completamente possível, desde que exista lealdade e confiança. A criação do vínculo está muito mais ligada às trocas que temos, em como nos sentimos com o próximo e vice-versa. Esse espaço seguro para sermos nós mesmos é essencial”, afirma.

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Para a psicóloga, muitos não percebem que amizades verdadeiras não são sobre frequência de encontros ou conversas, mas sim sobre a qualidade dessas trocas.

“Há pessoas que mal conversamos, mas se estivermos em um dia difícil, são capazes de atravessarem o mundo para estarem conosco.”

Como manter amizades de baixa manutenção

Para que a baixa frequência de convívio (causada pelos mais diversos motivos) não afete o vínculo da amizade, é necessário investir em uma comunicação regular, com assuntos que preencham ambos emocionalmente.

“Se for alguém que mora longe, até mesmo em outro país, demonstre interesse genuíno em saber como a pessoa está”, aconselha. Para Paloma, respeito e interesse são as bases essenciais de qualquer vínculo.

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Estou negligenciando minhas amizades?

E, claro, não podemos ignorar que, sim, existem pessoas que têm apenas amizades de baixa manutenção. Nestes casos, é possível que estejamos priorizando excessivamente outras áreas (como trabalho, amor e espiritualidade), e negligenciando os nossos amigos.

Independente do motivo, seja uma dificuldade em aprofundar relações, medo de se decepcionar ou até mesmo a falta de tempo, é importante se atentar à questão. “Se questione um pouco: será que eu só tenho amizades de baixa manutenção por ser uma área que não estou dando tanta relevância?”, provoca.

Se a resposta for sim, Paloma traz um conselho: “Amizades são importantes para nos divertirmos, dar risadas e ficarmos menos ansiosos e estressados”.

Em outras palavras, os nossos amigos aumentam a nossa qualidade de vida. Portanto, a psicóloga reitera: “Quando fortalecemos os nossos vínculos amistosos, fortalecemos a nossa saúde mental. Não se esqueça que bem-estar também é sobre ter uma rede de apoio”, conclui.

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