A dança tem algo que monopoliza constantemente as letras das canções. Bailando de Enrique Iglesias está entre os recentes sucessos que incluem esse movimentado verbo no título.
Antes dessa, escutamos sua outra canção Bailamos. E, já em 1991, o espanhol Sergio Dalma cantou no Festival Eurovisão Bailar Pegados (Dançar Juntinho), conseguindo um honroso quarto posto; escutamos outras canções como Dancing Queen, do grupo sueco ABBA, Bailar Contigo, do colombiano Carlos Vives, Dancing in the Rain, da espanhola Ruth Lorenzo, ou El Baile del Gorila, da também espanhola Melody.
E esse “algo” que a dança tem (que, além disso, chegou ao cinema em diversas ocasiões Dirty Dancing – Ritmo Quente, Footloose – Ritmo Louco, Cisne Negro, Flashdance …) não é apenas uma coisa. São muitas. O “dançar” – e isso inclui o balé e a dança contemporânea – está cheio de múltiplos benefícios para nossa saúde, tanto física quanto psicológica. São tantos que, depois de ler esta lista, você vai querer seguir a recomendação de Emma Stone e entrar na pista de dança.
Por que dançar….
1. É uma arma recomendada pelos médicos para lutar contra a obesidade e o sobrepeso.
Dançar também queima calorias. De fato, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda essa atividade para combater o nada aconselhável sedentarismo. A quantidade de calorias que se queima dançando varia de acordo com o tipo de dança praticada. Porque se dedicar ao balé clássico não é a mesma coisa que dançar flamenco ou praticar batuka. O site Come Con Salud (em castelhano) diz que o balé ajuda a queimar entre 400 e 500 calorias em uma classe de uma hora, enquanto aqueles que praticam batuka gastam entre 500 e 800 calorias. Neste infográfico, da academia Ballroom Dance Arena, é possível ver esses dados mais detalhadamente:
2. É bom para o coração
Cada vez que entramos na pista de dança estamos fortalecendo nosso sistema cardiovascular. Isso é devido ao fato de que, quando dançamos, ativamos a circulação e a frequência cardíaca. A Associação Americana do Coração recomenda a dança como exercício aeróbico para reduzir os riscos de doenças cardíacas. E não é só isso: no Congresso Mundial de Cardiologia organizado em Barcelona, em 2006, destacou-se a importância da dança nesse âmbito. Os especialistas reunidos reforçaram que dançar é mais benéfico do que a bicicleta estática ou fazer aeróbica para pessoas que sofrem de doenças cardiovasculares. Nesses casos, a imposição de tabelas de exercícios e a consequente monotonia acabam sendo pouco eficazes, explicou o cardiologista mexicano Hermes Ilarraza Lomelí, citando a pesquisa Dancing for Cardiac Exercise Study (Dançando para o Exercício Cardíaco).
3. Ajuda a manter o tônus muscular
Tanto o tônus de músculos conhecidos como o de outros que nem tanto. Porque ao dançar movimentamos áreas que não trabalhamos quando corremos, pedalamos ou jogamos tênis. Isso acontece mesmo nas danças de salão, aparentemente mais tranquilas. Ken Richards, porta-voz da USA Dance, organização norte-americana de dança profissional, afirmava em entrevista publicada em 2005 que, com esse tipo de dança, os glúteos são trabalhados de forma diferente de quando se pratica outra atividade. “Se você dançar foxtrot, dá passos longos e para trás. Isso é muito diferente de caminhar ou ir correr no bairro.”
4. É bom para a memória
Pode parecer estranho, mas são as conclusões de um estudo publicado na revista New England Journal of Medicine, em junho de 2003. Segundo essa pesquisa, dançar — como outras atividades de lazer — pode melhorar a memória e prevenir a demência. O exercício aeróbico ajuda a frear a redução do volume do hipocampo, que se produz à medida que envelhecemos e é associado à redução da memória. Esse mesmo estudo revelou que pessoas com Alzheimer são capazes de lembrar de fatos esquecidos quando voltam a dançar as músicas de quando eram jovens.
5. Melhora o equilíbrio
Segundo a revista Journal of Aging Studies, atividades como o tango podem melhorar o equilíbrio das pessoas, incluindo os idosos. Isso porque, para dançar, é muito importante cuidar da postura e fortalecer os músculos de menor apoio -ao contrário dos movimentos rápidos -, como também a necessidade de manter o peso em apenas um pé, ou os movimentos na ponta dos pés podem terminar em queda.
Essa também é a conclusão de um estudo realizado em um asilo no Brasil. Depois de três meses de experimentos, foi detectada uma melhoria de 50% do equilíbrio e uma redução das quedas dos idosos que participaram de classes de dança de salão por meia hora, três vezes por semana. “Poder ver esses adultos dançar e girar com autonomia, equilíbrio e consciência cognitiva do espaço e do corpo nos permitiu compreender como é possível combinar o exercício efetivo com uma atividade prazerosa”, disse Eliane Gomes da Silva Borges, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, principal autora do estudo.
E por que as quedas aumentam com o passar dos anos? A explicação é simples: com a idade, perde-se tônus muscular e os mecanismos sensoriais que nos permitem manter o equilíbrio. O sedentarismo também não ajuda, já que acelera a perda dessa força tão necessária para se manter facilmente em pé.
6. Também aumenta a flexibilidade
Porque dançar requer que os músculos estiquem e se expandam para realizar diversos movimentos. Isso não apenas se traduz no aumento do rendimento físico, mas beneficia a saúde em geral. Reduz as lesões, alivia a dor nas articulações, diminui as dores pós-exercícios e pode até mesmo beneficiar pessoas com o mal de Parkinson. Para aproveitar essas vantagens, não é necessário dar grandes passos de balé: um pouco de alongamento será mais do que suficiente.
7. Ajuda a diminuir os níveis de colesterol
Lembre-se que dançar é uma atividade física como qualquer outra, por isso tem benefícios semelhantes aos da corrida, natação ou da caminhada. A Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca o exercício com um elemento-chave na luta contra o surgimento do chamado colesterol ruim (LDL). “A introdução de pequenas mudanças no estilo de vida, como parar de fumar, praticar atividade física regularmente e comer alimentos saudáveis pode ajudar a prevenir as doenças cardíacas e os derrames”, diz Shanthi Mendis, médica coordenadora da unidade de Prevenção e Tratamento de Doenças Crônicas da OMS.
8. Reduz o estresse e combate a depressão
Não é apenas uma questão física, também é uma questão mental. E, nesse aspecto, a dançaterapia desempenha um papel fundamental. “A dança oferece um amplo leque de possibilidades para intervenção terapêutica, que abrange desde o desenvolvimento pessoal até desordens patológicas graves”, diz Marcelli Ferraz, diretora-geral do Instituto IASE. “Isso explica porque encontramos indivíduos fãs da prática de dança que, sem ter consciência disso, se beneficiam dos efeitos terapêuticos, e também pacientes que, com várias psicopatologias, melhoram sua saúde mental por meio dessa prática artística.” Em outras palavras, transtornos como depressão ou ansiedade melhoram consideravelmente através de intervenções “dançaterapêuticas”. Da mesma forma, a dança também ajuda a aliviar o estresse já que, na pista, somos capazes de esquecer nossas preocupações. De acordo com um estudo da revista Journal of Applied Gerontology, dançar com alguém enquanto acompanhamos o som da música é uma arma muito eficaz para se sentir mais relaxado.
9. Melhora a autoestima
“Através da dança, o indivíduo experimenta um desenvolvimento das habilidades corporais próprias do treinamento físico, tais como uma maior mobilidade, elasticidade, força e coordenação. Isso tem um impacto sobre a consciência corporal, estimulando o autoconceito e a autoestima, que gera um efeito terapêutico no nível emocional”, diz Marcelli, do IASE. Essa segurança proporcionada pela dança também é mostrada no documentário Five Days to Dance (Cinco Dias para Dançar). Wilfried Van Poppel e Amaya Lubeigt, o casal de professores protagonistas, demonstram aos seus alunos adolescentes como após uma experiência de cinco dias são capazes de superar o medo do palco e se sentir mais seguros em relação a eles mesmos. “Todos temos algo bonito para ensinar e com a dança isso aflora”, afirma Lubeigt.
Five days to dance / Trailer oficial from SUICAfilms on Vimeo.
https://player.vimeo.com/video/58536997
Five days to dance / teaser in English from SUICAfilms on Vimeo.
Five days to dance (Cinco Dias para Dançar) / Trailer oficial do SUICAfilms no site Vimeo.
10. Corrige o que o sedentarismo provoca em nossa coluna
Além de ajudar na luta contra a obesidade e o sobrepeso, dançar também ajuda a erradicar uma das temidas consequências do sedentarismo: a dor nas costas. Ao passar o dia todo sentados em frente a uma tela, tendemos a nos curvar e isso acaba afetando a coluna vertebral, resultando em dor nas costas e em outras consequências não tão óbvias. Porque, ao caminhar curvado, não projetamos uma imagem positiva de nós mesmos. Para dançar bem, essa postura deve ser corrigida. A chave está em jogar os ombros para trás, levantar o queixo e projetar o peito para fora. Isso na linguagem corporal se traduz em segurança -o que antes chamamos aumento de autoestima- e no físico leva ao fim de muitas dores nas costas. Não se esqueça de que a dança também melhora o tônus muscular e aumenta a flexibilidade.
11. Nos torna um pouco mais felizes e com energia
Como é uma atividade física que envolve a liberação de endorfina, o conhecido hormônio da felicidade responsável pela melhora do humor, cria um estado de bem-estar e combate os altos níveis de adrenalina associados à ansiedade. Além disso são estimulantes, o que significa que quando nosso organismo libera esses hormônios, recebe-se uma injeção de energia. Segundo um estudo publicado no The Scholarly Publishing and Academic Resources Coalition, apenas uma classe de dança por semana já pode aumentar o nível desse hormônio de uma maneira significativa.
BÔNUS: E tudo isso enquanto nos divertimos, conhecemos pessoas e, às vezes, nos apaixonamos
Matéria publicada em brasilpost.com.br