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Casais que enfrentaram o câncer juntos e encontraram força no amor

Quatro casais relatam suas vivências durante a batalha contra o câncer

Por Ana Luiza Bezerra
4 ago 2025, 08h00
Três imagens de casais, vistos de frente, que se apoiaram durante o câncer
O companheirismo foi o principal fator para que os casais enfrentassem a doença (Acervo pessoal/Reprodução)
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Receber um diagnóstico de câncer é sempre um grande desafio. Medos, inseguranças e inúmeras perguntas surgem de forma quase imediata. Além das dificuldades físicas, os pacientes são confrontados com a necessidade de preservar a saúde emocional para enfrentar o tratamento. Nesse contexto, o apoio se torna essencial, seja de familiares, amigos ou, principalmente, dos parceiros.

O número de pacientes que enfrentam a doença sozinhos ainda é expressivo. Mas há também quem viva essa jornada com suporte e companheirismo. CLAUDIA conversou com quatro pessoas que passaram pelo câncer ao lado de seus parceiros – e mostram como o amor pode ser uma poderosa forma de cuidado.

Jéssica e Ramon

Três imagens de um casal vistos de frente representando o amor durante o câncer
A quimioterapia também marcou o início do relaciomento (Acervo pessoal/Reprodução)

A quimioterapia é, para muitos pacientes, uma das etapas mais difíceis no enfrentamento do câncer. Mas, em certos casos, esse momento também pode trazer encontros transformadores – como aconteceu com os cearenses Jéssica e Ramon.

Aos 17 anos, no último ano do Ensino Médio, quando esperava celebrar o encerramento da adolescência, Jéssica recebeu o diagnóstico de leucemia. “Eu me sentia muito atrasada, porque estava vendo minhas amigas se formando, indo para a faculdade, e eu ali, parando um ano da minha vida”, relembra. Durante nove meses, ela enfrentou o tratamento com sessões intensas de quimioterapia.

Foi logo no início dessa fase que conheceu Ramon, um jovem que já havia passado pela doença e, na época, fazia apenas acompanhamento médico. A amizade entre os dois cresceu rapidamente e, com o tempo, se transformou em romance.

Mas, em uma coincidência marcante do destino, o dia em que Jéssica bateu o sino da esperança – símbolo da cura – também foi o momento em que Ramon recebeu o diagnóstico de recidiva da leucemia. “Era um dia que deveria ser de alegria, mas virou uma grande angústia”, conta.

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O casal precisou se separar por três meses enquanto Ramon realizava um transplante de medula em São Paulo. Ao retornar para Fortaleza, eles retomaram a vida a dois, agora ainda mais fortalecidos na busca pela cura.

Jéssica acredita que terem se encontrado em meio ao tratamento foi fundamental. “Nessa fase, a gente precisa de alguém que nos entenda – e ele era a pessoa perfeita. Ele me entendia, e eu entendia ele.”

Para quem vive uma situação semelhante, ela deixa um conselho que resume sua experiência: “Enfrente isso com fé e esperança, que vai dar tudo certo. E para os parceiros que estão apoiando, é importante passar essa fé também. O conforto e a confiança fazem toda a diferença.”

Marlon e Mauro

Duas imagens de um casal de homens representando o amor durante o câncer
Marlon e Mauro viveram o que chamamos de amor avassalador (Acervo pessoal/Reprodução)

Muitas pessoas ainda questionam a existência do amor à primeira vista, mas Marlon (27) e Mauro (47) estão aí para provar que ele é real. Após uma troca de olhares na virada de ano de 2019, o casal gaúcho logo percebeu que havia algo especial. “Duas semanas depois, ele foi para Porto Alegre me visitar e a gente viu que era isso mesmo”, lembra Marlon.

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Depois do Carnaval, Marlon retornou a Porto Alegre apenas para buscar suas coisas. “Na verdade, vim só passar uns dias, mas de repente fechou tudo por conta da pandemia. A gente acabou ficando junto”, relembra. Desde então, os dois passaram a morar em Florianópolis e nunca mais se separaram.

Com uma rotina voltada para treinos e cuidados com o corpo, o casal prezava pela saúde — mas em setembro de 2023, tudo mudou. Mauro começou a sentir dores intensas na lombar. “Achamos que fosse do treino, então procuramos um massagista, um quiropraxista… Fomos pulando de profissional em profissional”, conta Marlon.

O diagnóstico definitivo veio em novembro de 2023: câncer de próstata. “Foi um baque. A gente sempre se cuidou, aproveitou a vida da melhor maneira… e do nada, uma doença”, relata.

A notícia abalou Mauro, que inicialmente entrou em negação e passou por um quadro de depressão. “Comecei a conversar com ele e disse: ‘Amor, a gente precisa reagir. Não podemos deixar o câncer vencer. Eu sei que é difícil, mas a gente precisa fazer o que tem que ser feito’”, recorda Marlon.

A partir daquele momento, os dois se entregaram completamente ao tratamento. A doença, no entanto, evoluiu, comprometendo a mobilidade de Mauro, que passou a depender ainda mais de Marlon. Por amor e parceria, ele deixou o trabalho e assumiu o cuidado integral do marido. “Eu me desliguei do trabalho e disse que a minha prioridade é o meu marido. Eu precisava mais do que nunca estar do lado dele para dar todo o apoio, todo o amor, toda a força”, afirma.

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Uma das opções de tratamento era o medicamento Pluvicto, com doses avaliadas em cerca de R$ 144 mil. O casal tentou viabilizar o acesso por vias judiciais, mas o pedido foi negado. Em fevereiro de 2025, o câncer já havia se espalhado até as meninges — restando a Mauro apenas três meses de vida, segundo os médicos.

Na tentativa de salvar o marido e sensibilizar a opinião pública, Marlon começou a compartilhar a rotina e a história do casal nas redes sociais. Uma forma de buscar visibilidade, apoio e, acima de tudo, manter viva a luta pela vida.

Em abril, Mauro passou 27 dias internado para tratar uma bactéria. No entanto, os médicos informaram que não havia muito mais a ser feito. Ele partiu no dia 3 de junho de 2025. “Até o último segundo, ele nunca deixou de sorrir, nunca deixou de ter esperança. Mauro sempre foi um guerreiro e eu tenho muito orgulho e muita gratidão em poder ter vivido essa história ao lado dele”, conta Marlon.

Mesmo diante da perda, Marlon fala sobre o marido com um sorriso no rosto. “Eu não sinto tristeza, sinto alegria e saudade. O que dói é a saudade, é isso que faz chorar. Mas é um sentimento muito bonito, porque a gente só sente saudade do que foi bom.”

Como conselho para outros casais que enfrentam a doença, ele reforça a importância de manter a força de vontade. “A vida é única, é bonita demais. Há tantas coisas para viver, tantas pessoas que nos amam. A gente precisa lembrar de tudo isso e usar como força para seguir em frente, para fazer o tratamento, independentemente da situação ou das dificuldades.”

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Rhayara e Henrique

Duas imagens de um casal representando o amor durante o câncer
O casal buscou se unir cada vez mais na busca pela cura de Rhayara (Acervo pessoal/Reprodução)

Algumas coisas parecem mesmo não acontecer por acaso. É assim que Rhayara e Henrique encaram o diagnóstico de câncer que transformou suas vidas. Após um dia comum de trabalho, ela começou a sentir dores intensas no joelho. O que parecia apenas uma lesão revelou-se uma fratura provocada por um câncer raro: o Sarcoma de Ewing, descoberta feita apenas um ano após o início dos sintomas.“Os médicos não investigaram outras possibilidades porque a dor era localizada no joelho, mas a doença já estava se espalhando pelo fêmur esquerdo”, relembra Rhayara.

A confirmação do diagnóstico veio por meio da mãe e do noivo, Henrique. A notícia veio tirando o chão, deixando todos sem reação e com inúmeros questionamentos. “É algo que você não sabe mesmo o que fazer, nem como reagir”, conta.

Mesmo em meio à dor e à incerteza, o casal encontrou espaço para o amor crescer. Já com uma relação sólida, perceberam que a doença os aproximou ainda mais. “Ele está sempre ao meu lado. Nos momentos bons e nos ruins, mesmo que seja só para me abraçar e dizer que vai ficar tudo bem.”

Para Henrique, também não tem sido fácil. “Até hoje tento entender o porquê de tudo isso. Todo mundo diz que um dia a gente entende.” Ainda assim, ele permanece firme como apoio e fonte de força para a noiva.

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Rhayara reconhece que o suporte da família e de Henrique tem sido essencial para continuar. “Sem eles, acho que não teria chegado nem à metade do caminho. Se eu pudesse resumir tudo que sinto em uma palavra, seria: gratidão.”

Aos que enfrentam situações semelhantes, ela deixa dois conselhos valiosos. O primeiro: permitir-se viver os altos e baixos. “Tire um tempo para se recompor, depois se arrume por você mesma, vista seu melhor sorriso. Procure novos hobbies, algo que te ajude a ocupar o tempo e a mente.”

O segundo é buscar força espiritual. “Independentemente da sua crença ou religião, se apegue a algo que te dê energia para seguir. E eu sei que você vai conseguir”, finaliza.

Kauanny e Maurício

Duas imagens de um casal viajando, representando o amor durante o câncer
O amor de adolescência cresceu e se tornou uma relação madura para enfrentar as adversidades da vida adulta (Acervo pessoal/Reprodução)

Kauanny tinha apenas 22 anos quando recebeu uma notícia que mudou tudo: o diagnóstico de um câncer raro chamado micose fungoide, um tipo de linfoma de células T que se manifesta inicialmente na pele. Depois de anos buscando respostas para manchas e lesões que apareciam pelo corpo, finalmente encontrou o nome daquilo que enfrentava. “Foi um baque, claro. Ninguém espera ouvir a palavra ‘câncer’ tão jovem. Mas, por incrível que pareça, minha fé nunca vacilou. Sou cristã e acredito que Jesus tem me sustentado em cada passo dessa jornada.”

Natural do Pará, ela se mudou com a família para Goiânia em busca de tratamento – e, felizmente, teve um bom prognóstico desde o início. “Hoje já passei das 100 sessões, faço três vezes por semana e sigo em acompanhamento. Apesar da rotina intensa, consigo ter uma ótima qualidade de vida. Os momentos difíceis existiram, claro – perdi cabelo, tive imunidade baixa, vivi dias de medo – mas posso dizer: a tempestade passou.”

E nesse processo todo, ela não esteve sozinha. Ao lado dela, desde o início, está o marido, seu companheiro de adolescência e de vida adulta. “Nos conhecemos ainda crianças. Com 17 ele me pediu em namoro, e pouco depois descobrimos que seríamos pais. Hoje somos casados e temos o Davi, de 5 anos.” A relação, que já era marcada por amizade, ganhou ainda mais força diante do diagnóstico. “Eu enxerguei ainda mais claramente o homem que Deus colocou ao meu lado. Ele me amou na saúde e na doença. Esteve comigo nos meus piores dias.”

Kauanny lembra que, apesar do susto inicial, o marido rapidamente assumiu uma postura firme e acolhedora. “Ele ficou abalado, claro. Mas logo se recompôs e passou a me dar segurança e força todos os dias. O apoio dele foi essencial para que eu conseguisse seguir em frente.” Ela acredita que o amor tem, de fato, um poder curativo. “Saber que você não está sozinha, que é amada e sustentada, faz toda a diferença. O amor fortalece o corpo, o coração e a alma.”

Para outras mulheres que estão enfrentando um diagnóstico de câncer, Kauanny deixa uma mensagem cheia de fé e encorajamento: “Nunca deixe o medo ser maior do que a sua fé. Dias difíceis virão, e está tudo bem sentir medo. Mas levante. Viva um dia de cada vez. Não pense no amanhã com ansiedade. Você vai se surpreender com a sua força.” E completa: “Profetize sobre a sua cura. Declare com autoridade o que você quer viver, como se já fosse real. Eu faço isso todos os dias. Porque você é forte, você é amada, e você vai vencer.”

Em cada uma dessas histórias, o que salta aos olhos não é apenas a coragem com que essas pessoas enfrentam o câncer, mas a forma como o amor – em suas mais diferentes formas – se revela como um alicerce poderoso. Seja no apoio silencioso de um abraço, nas palavras de fé ditas nos momentos de incerteza, ou na simples presença de quem escolhe ficar.

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