Vítimas contam detalhes sobre abuso e estupro em julgamento de Weinstein
Metade do júri responsável pela decisão do caso é formada por homens
A lista de mulheres que denunciaram o produtor Hollywoodiano Harvey Weinstein é extensa. São mais de 100 vítimas, entre funcionárias de suas empresas e atrizes, que passaram por toques indesejados em seus corpos a estupros. Em janeiro, Weinstein foi para o tribunal pela primeira vez por conta das cinco acusações criminais que responde pelos abusos cometidos em Mimi Haleyi e Jessica Mann.
Mesmo diante das acusações das vítimas e denúncias publicadas pelo New York Times e a New Yorker, em que dezenas de casos envolvendo Harvey foram divulgados, o acusado negou todas as informações e testemunhos e se declarou inocente. O resultado do caso está na mão de um júri formado por 12 pessoas, sendo que metade dele é composto por homens brancos.
Um convite para uma reunião em seu quarto do hotel. O assédio à ex-assistente Mimi Haleyi começou neste cenário hostil e permeado pela pressão entre um chefe e uma subordinada. Pedidos de massagem, viagens internacionais e invasões ao apartamento da vítima foram as etapas descritas por ela durante o depoimento. “Ele meio que veio em minha direção e se lançou contra mim, tentando me beijar. Saí do sofá e disse: ‘Oh, não, não …'”, revelou sobre o ataque sofrido em 2006.
E as tentativas de relações sexuais forçadas não cessaram. Em depoimento, Mimi contou que um segundo ataque aconteceu duas semanas depois, em um hotel em Nova Iorque. Segundo a vítima, ele “era muito persistente e insistente” e que a jogou na cama. Além disso, palavras como “prostituta” e “cadela” eram proferidas por ele no ataque. “Eu não resisti. Eu apenas deitei lá – ela disse. Harvey responde por ato sexual criminoso e agressão sexual predatória envolvendo Haleyi.
“Eu disse: ‘Não, não’, mas não havia muito que eu pudesse fazer. Meu corpo desligou. Era tão nojento que meu corpo começou a tremer de uma maneira que era incomum. Foi como uma convulsão ou algo assim”, disse a atriz Annabella Sciorra, uma das vítimas, para o júri sobre o estupro que sofreu em seu apartamento em Manhattan no início dos anos 90. Por conta do tempo em que o caso aconteceu, Weinstein não responde a essa acusação, mas o depoimento serve para embasar a decisão dos julgadores.
O depoimento da atriz Dawn Dunning também revelou uma abordagem chantagista para abordar as vítimas. Na manhã de uma quarta-feira, em 2004, Weinstein tocou os órgãos genitais de Duunning sem o seu consentimento em troca de papéis no cinema. “Estava conversando com Harvey, e ele meio que me levou para a outra sala. E eu me sentei ao lado dele na cama, estava usando uma saia naquele dia … e ele colocou a mão na minha saia … A mão dele foi por baixo da minha calcinha […]. Ele estava tentando colocá-lo na minha vagina”, comentou.
Em um lounge exclusivo para membros do Soho em 2005, o agressor se masturbou na frente de Tarale Wulff, ex-garçonete e atualmente modelo. No depoimento, a vítima contou os momentos que antecederam o estupro que sofreu. “Uma vez que ele me teve diante dele, em algum momento, eu disse: ‘preciso voltar ao trabalho’, e ele ficou tipo, um segundo, um segundo ‘”, revelou. “E notei que a camisa dele começou a se mover … e percebi que ele estava se masturbando debaixo da camisa”.
O medo da reação de Harvey e da segurança da família foram os principais pontos que fizeram Jessica Mann a pensar duas vezes antes de denunciar as séries de situações abusivas que viveu em um relacionamento com o produtor. Em 2013, quando dava seus primeiros passos na carreira como atriz, o abusador forçou que a jovem fizesse sexo oral, além de estuprá-la em seguida.
“Ele falava muito mal comigo sobre fantasias e coisas, e me comparava com outras atrizes que ele dizia estar fazendo coisas estranhas e sujas com ele… Ele sempre quis me filma. Eu nunca lhe dei permissão … Ele dizia: ‘Você gosta do meu grande e gordo idiota judeu?’ ”, desabafou Mann durante o depoimento, enquanto Weinstein era visto aparentemente cochilando no tribunal.