Sobrinho de Bolsonaro vira réu após denúncia de violência contra mulher
Orestes Bolsonaro Campos responde judicialmente pelos crimes de lesão corporal e tentativa de feminicídio
Réu em casos de lesão corporal e tentativa de feminicídio, o empresário Orestes Bolsonaro Campos responde a dois processos na Justiça de São Paulo, conforme revelou o jornal Brasil de Fato, nesta quinta-feira (30). As vítimas são mulheres com quem Orestes manteve relacionamentos, além de um companheiro de uma delas.
Aos 39 anos, o acusado é sobrinho do presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido), filho de sua irmã Denise Bolsonaro Campos.
“Orestinho”, como é conhecido, intimidava as mulheres com armas de fogo e agressões. Segundo apontam os documentos dos processos consultados pela colunista Juliana Dal Paiva do UOL e os relatos das vítimas, em momentos de descontrole o empresário afogava e arrastava as vítimas pelos cabelos. Além disso, há registros de que o mesmo chegou a atirar contra elas.
Tentativa de feminicídio
De acordo com a reconstrução dos fatos contidos nos termos da ação judicial, que envolvem a ex-companheira do agressor e Vladimir Oliveira, seu atual companheiro, eles teriam sido atacados por Orestes no dia 2 de outubro de 2020, no início da manhã.
O casal e uma criança de três anos, à época, fruto do antigo relacionamento de Orestes com a mulher, estavam dormindo na sala, em uma casa na cidade de Cajati, na região do Vale do Ribeira.
Nesse momento, Orestes entrou na residência utilizando a chave que tinha, apesar da separação, e começou a proferir golpes na cabeça de Vladimir com um pedaço de madeira, deixando o inconsciente por alguns minutos.
A mulher relata que, ao tentar ajudar o namorado, Orestes sacou uma arma de fogo. Com medo, ela pegou o filho e “evadiu-se do local com receio de ser alvejada por disparos de arma de fogo”.
Na ocasião da fuga, Vladimir continuou no local em luta corporal com Orestes, que ainda atirou “acidentalmente” contra o oponente. Por conta de um erro, ele acabou acertando o lado externo da parede do quarto onde dormia uma filha de 9 anos de Orestes com a ex-companheira. A menina não foi atingida.
A mulher conseguiu pedir ajuda na rua e pegou carona até a casa de uma amiga. De lá, dirigiu-se à Delegacia de Polícia de Barra do Turvo e registrou o Boletim de Ocorrência.
Na delegacia, Orestes admitiu que os dois estavam separados e que ficou “nervoso” ao entrar na antiga casa sem avisar e ver a ex-mulher com outro homem. Ele ainda afirma que se sentiu “provocado”.
Sobre portar a arma no momento, ele alegou que estava com a arma, porque carregava dinheiro de sua loja e que o tiro ocorrido durante a briga foi “acidental”.
Durante as investigações, a ex-mulher relatou ainda que já tinha sido agredida várias vezes pelo ex-companheiro ao longo dos 17 anos em que viveram juntos. Por vezes, ela ficou com hematomas por todo o corpo.
A vítima, que hoje tem uma Medida Protetiva (MP) contra o agressor, ainda contou que já foi ameaçada de morte, já teve sua cabeça afundada na água por ele e chegou a ser feita de refém por dias em uma chácara, onde foi intimidada com uma espingarda. Mesmo com a MP, ela ainda teme por sua vida e pela de sua família.
Outras denúncias
Cerca de duas semanas antes do atentado contra a ex-mulher e seu atual companheiro, Orestes também foi denunciado por uma jovem de 17 anos com quem ele estava em uma festa no dia 17 de setembro de 2020. Os dois mantinham relações esporadicamente.
A jovem conta que, após ter bebido e adormecido em uma cama, um outro homem que estava na festa também deitou e adormeceu na mesma cama.
Ao ver ambos deitados, Orestes entrou no local, a segurou pelos cabelos, puxou e a arrastou no chão, bem como desferiu vários tapas no seu rosto. A vítima conseguiu se desvencilhar dele e deixar o local em destino a uma delegacia, onde registrou o caso. Pela denúncia, o empresário se tornou réu de lesão corporal.
Em ambos os processos pelos quais Orestes Bolsonaro responde judicialmente, ele se tornou réu por duas magistradas: a juíza Bárbara Chinen sobre o caso de lesão corporal e a juíza Gabriela de Oliveira Thomaze sobre o caso de tentativa de feminicídio.