“Só quero que ele volte”, diz namorada de sobrevivente da Chape
CLAUDIA conversou com a namorada e o irmão de criação do jogador Alan Ruschel, um dos cinco sobreviventes da tragédia aérea que vitimou a equipe Chapecoense
Na madrugada desta terça-feira (29), o avião que levava a equipe da Chapecoense, time catarinense, caiu na Colômbia. A aeronave da companhia boliviana LAMIA transportava 77 passageiros, entre jogadores, comissão técnica, jornalistas e tripulação.
Aos 27 anos, Alan Ruschel, lateral-esquerda do time, foi a primeira vítima a ser resgatada com vida após o acidente. Apenas cinco pessoas sobreviveram – as outras 71 à bordo não resistiram à queda. A lista inicial falava em 81 viajantes, mas quatro não chegaram a embarcar.
Nas asas do sonho de vencer a final Copa Sul-americana, para qual estavam classificados, o gaúcho deixou a cidade de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, rumo à Medellín, às 20h15 (horário de Brasília). À 1h da manhã, a namorada de Ruschel, Marina Storchi, tentou contato sem sucesso.
“Sempre conversávamos por telefone ou por aplicativos de mensagens. Desta vez, não seria diferente. Combinamos de nos falar após a chegada de Alan, mas deu 1h, 1h30 da manhã e ele não me respondia. Peguei no sono e, às 3h, acordei em um susto, sem motivos. Ainda não havia sinal. Levantei da cama e acabei ouvindo as primeiras notícias na televisão”, contou a CLAUDIA.
Já Anderson Santos, de 27 anos, irmão de criação do jogador, também ficou sabendo da tragédia pela imprensa. “Fui um dos primeiros a descobrir. Uma amiga, torcedora de Chapecó, me chamou pelo WhatsApp e perguntou se eu sabia sobre o desaparecimento e a queda do avião. Então, ela começou a me mandar prints do Twitter de várias emissoras confirmando. Corri avisar os familiares, e logo depois foram surgindo mais notícias. Passamos a madrugada inteira acompanhando os noticiários.”
O diretor da clínica colombiana San Juan de Dios de la Sierra, Guillermo Molina, que assistiu alguns sobreviventes da tragédia, afirmou ao SPORTV, que o estado de saúde de Alan é estável. “Ele passou por uma cirurgia na coluna”, esclareceu a namorada. Após ter sido submetido a uma cirurgia de emergência, devido a uma fratura na vértebra dorsal, com comprometimento da parte abdominal, o lateral foi encaminhado a uma clínica em Rio Negro, para a realização de uma ressonância magnética e outros procedimentos, que não poderiam ser desenvolvidos no hospital que prestou os primeiros socorros. Ainda não se sabe qual a extensão das sequelas.
“Senti um alívio quando o vimos ser retirado com vida da aeronave. Disseram que ele estava consciente, mas em estado de choque, perguntando sobre a família e amigos. Pouco antes, ele pediu para a equipe médica guardar a aliança. Estamos recebendo informações de uma jornalista que está lá”, comenta o irmão.
Sensivelmente abalada, Marina segue amparada pela família e pelos amigos enquanto recebe notícias de seu companheiro. Neste momento difícil, se solidariza com a dor de quem perdeu um amigo, um ente querido ou um amor na tragédia. “Nunca vi um time tão unido, tão acolhedor”, fala sobre a paixão do jogador: o Chapecoense, de Santa Catarina. Anderson, que carrega na pele uma tatuagem de irmandade com o atleta, relembra também o afeto de Alan. “Ele teve a oportunidade de escolher entre o Atlético Paranaense e a equipe de Chapecó, preferiu o último porque o vínculo com o time é muito forte”, revela.
Em momentos assim, reina o espírito esportivo. A equipe do São Paulo ofereceu ceder jogadores para a próxima campanha do grupo de Chapecó. Já o Atlético Nacional, que disputaria a taça na final, pediu que a Confederação Sul-Americana de Futebol entregasse o título como homenagem.
“O Brasil inteiro estava esperando o fim do campeonato, por isso fico muito emocionado ao ver que o que move o futebol vai muito além da rivalidade entre times. É muito bonito ver isso, é um momento de solidariedade”, reflete Anderson. Marina, por sua vez, não consegue imaginar novas formatações para a equipe – o choque e a saudade, naturalmente, são sentimentos predominantes. Forte também é a ansiedade para o reencontro com Alan. “Só quero que ele volte”, finaliza.
A família de Ruschel está reunida em Tramandaí, onde mora a mãe, Loreni, para aguardar mais notícias sobre o estado de saúde do esportista. Enquanto isso, o pai, Flávio, viaja para a Colômbia, assim como outros parentes de vítimas. Ainda não há previsão para o retorno ao Brasil.