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O espírito da TPM

Nossa colunista Marcela Leal fala que, como diz a música, não está sendo fácil viver assim...

Por Marcela Leal (colaborador)
Atualizado em 28 out 2016, 08h08 - Publicado em 14 set 2015, 13h37
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Eu não sei como é a TPM para você, amiga mulher que está me lendo agora, mas, para mim, é um período bastante difícil. Algumas dizem que não sentem nada, outras nem gostam de tocar no assunto e dizem que é intriga masculina, mas eu, infelizmente, estou aqui hoje, na TPM, para provar que não.

Costumo comparar a minha TPM a uma incorporação repentina. Um dia eu estou lá, linda, com a pele perfeita, passarinhos cantando, indo à academia feliz e, no outro, o espírito do Cão Chupando Manga toma conta do meu corpo. A visão fica turva, a pele oleosa, os passarinhos xaropes e eu cansada demais para ir à academia. Aliás, ir à academia pra quê se posso passar meu tempo comendo churros e achando a vida chata? Me olho no espelho e não me reconheço, vejo a Cuca do Sítio do Pica Pau Amarelo. Saio praguejando da porta do meu condomínio até o trabalho, porque, afinal de contas, as pessoas estão na rua, e elas não estão nem aí para ninguém e fazem coisas irritantes, são todas egoístas e o mundo é cruel e não há salvação.

Meu marido, coitado, que já sabe me reconhecer nestes dias, começa a falar manso comigo, ou coloca o seu manto da invisibilidade e tenta ficar o mais longe possível porque sabe que, cedo ou tarde, vai sobrar para ele. A cachorra se enfia embaixo das cobertas e o gato finge que não é com ele, mas fica com aquele olho arregalado, como se avisasse mentalmente para quem chega: “Sai fora que a louca está desgovernada hoje!”.

Outro dia, no auge de uma crise, meu marido exclama: “Que droga! O que eu estou fazendo? Existindo? Existe algum problema nisso?”. Sim, durante a TPM não é legal que seres existam do meu lado. De existir até fazer algo que me desagrade é um palito.

Nunca mais esqueci a história que um amigo me contou sobre a TPM da mãe, que acertou a testa do pai com uma garfada na mesa de jantar porque ele reclamou da comida. Não sei se chegaria a esse extremo, mas confesso que vontade, já tive. Homem, nunca reclame da comida, nunca reclame de nada, nem do tempo lá fora, tudo isso para uma mulher na TPM será encarado como um ataque e receberá retaliação à altura do que ela “imagina” que está acontecendo.

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Sou adepta da alimentação saudável, mas, quando estou na TPM, confesso que, por mim, comeria lasanha com cheddar e batata frita com bacon nas oito (oito?) refeições do dia. Que fome é essa? Quem, além de mim, eu alimento quando estou na TPM? Provavelmente esse tal espírito do Cão Chupando Manga.

Sem dúvida, a maior característica de uma crise de TPM, não só as minhas, mas as que ouço relatadas por aí, é o drama. Um drama mexicano: tudo fica muito intenso e o acontecimento que poderia ter por parte da mulher uma reação normal vira algo de proporções absurdas. Uma vez fui ao shopping com meu marido e, entre as compras, levei uma roupinha ridícula para vestir o azeite, tipo um aventalzinho, que era o último em estoque. Eu queria essa roupinha há muito tempo, pois tinha visto a foto numa revista, o que, na TPM, significava que eu não iria sobreviver se eu não comprasse a roupinha imbecil. Quando chegamos em casa, percebi que a roupinha não estava entre as compras, e que eu, provavelmente, tinha deixado em algum banco da praça de alimentação quando fomos comer. Pois bem, comecei a chorar no estacionamento do meu prédio e só parei no dia seguinte. Meu marido argumentou: “Mas é só um aventalzinho de azeite! Podemos botar uma roupinha da cachorra no azeite, ou melhor, podemos vestir uma cueca minha no azeite!” Nada me deixava feliz. Fiquei arrasada!

Hoje entendo que a TPM e o seu encosto servem para que eu me volte para dentro, para que eu olhe pra mim e reconheça meus limites e frustrações e aprenda a lidar com isso. É um momento de balanço, de fechamento de um ciclo.Uma passada de régua que mostra o que eu perdi e o mais importante: o que eu aprendi com isso?  Afinal, todos nós temos a nossa TPM, homens e mulheres, todos temos momentos em que, sim, as coisas não vão sair de acordo com a nossa vontade. Devemos deixar de ser crianças mimadas e amadurecer. Por fim, é só relaxar e esperar, afinal, não há sofrimento que dure para sempre e amanhã é outro dia, graças a Deus.

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