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Há 25 anos, no vôlei, mulheres brasileiras ganhavam 1ª medalha olímpica

"Me marcou muito ver a alegria e o orgulho das mulheres pela nossa conquista", afirma Adriana Samuel, uma das medalhistas

Por Sarah Catherine Seles
Atualizado em 30 jul 2021, 13h24 - Publicado em 30 jul 2021, 13h13

Há 25 anos, no dia 27 de junho de 1996, quatro brasileiras fizeram história nas Olimpíadas de Atlanta. As duplas de vôlei de praia, Jacqueline e Sandra e Adriana e Mônica, trouxeram para casa o ouro e a prata, respectivamente.

As quatro se tornaram as primeiras atletas brasileiras a ocupar dois lugares no pódio e a conquistar a primeira medalha olímpica por mulheres brasileiras.

“Foi muito incrível. Sempre falo que foi uma conquista recheada de feitos inéditos. O vôlei de praia não era olímpico, uma mulher brasileira nunca tinha conquistado uma medalha. Protagonizamos uma final com duas duplas brasileiras, o que não aconteceu de novo”, conta Adriana Samuel em entrevista a CLAUDIA.

Adriana Samuel
Disputa das duas duplas brasileiras na final em Atlanta (Adriana Samuel/Arquivo pessoal)

Para as mulheres, o uniforme oficial do esporte é o biquíni, mas para subir ao pódio o tradicional é colocar o agasalho do seu país. Com as primeiras medalhistas, no entanto, foi diferente. “É nosso sonho colocar o agasalho, subir ao pódio e receber a medalha. Quando pediram para subirmos de biquíni, fomos pegas de surpresa”, disse Adriana.

O pedido veio com o argumento de que seria “mais bonito” subir ao pódio de biquíni. “No vôlei, nessa época, tinham sempre que achar uma musa, como se não tivéssemos talento, nem capacidade e fossemos só os corpos bonitos”, lembra Adriana.

A atleta se espanta com a permanência do debate até hoje nas Olimpíadas de Tóquio. “Não estamos falando de quatro anos depois, mas sim de 25. É doido como as transformações acontecem de forma muito lenta”. A sexualização no esporte tem sido discutida nos jogos e atletas de diversos países já se manifestaram sobre o tema, como as ginastas alemãs e o time norueguês de handebol.

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Adriana Samuel
Chegada das duplas no aeroporto (Adriana Samuel/Arquivo pessoal)

Primeiros passos

Para a dupla, o feito histórico começou anos antes da conquista. Apaixonada por esportes desde criança, Adriana se aproximou do vôlei na adolescência. Aos 13 anos foi convidada para treinar vôlei de quadra em um clube carioca, onde era a única menina.

Desde pequena sempre ouviu que o esporte não era para meninas, afirmações que algumas atletas ouvem até hoje. As críticas não impediram a fluminense de construir uma carreira no vôlei. A jogadora representou o Brasil nos anos que jogou na seleção brasileira de vôlei de quadra, participando de diversos campeonatos, como os Jogos Pan-americanos Havana, em 1991.

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Adriana Samuel
Adriana Samuel jogando vôlei de praia (Adriana Samuel/Arquivo pessoal)

Apesar dos anos dedicados à modalidade, sua primeira Olimpíada foi em 1996, quando foi medalhista de prata junto de Mônica. As duas começaram a treinar depois que seu time de vôlei de quadra perdeu o patrocínio, no início de 1992.

Para não ficarem paradas, elas decidiram aproveitar as praias cariocas para treinar e  mergulhar na nova modalidade. “Ir para o vôlei de praia não foi algo pensado, foi mais para nos manter em forma mesmo. E a gente começou a gostar e treinar mais e demos o início do vôlei de praia no Brasil”, lembra Adriana.

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Sem campeonatos oficiais, na época a modalidade feminina não era difundida no país. “A adaptação foi difícil, mas conseguimos. Ao longo do tempo, foram surgindo pequenos torneios”, conta a atleta. O pioneirismo da dupla fez com que o esporte tivesse uma estrutura de etapas, seguindo os parâmetros da prática masculina.

“É incrível saber que a gente participou desse início. Pudemos ver a construção e assistir, em tão pouco tempo, o esporte entrando nas Olimpíadas”, conta Adriana. O Brasil chegou aos Jogos de Atlanta, em 1996, sendo representado por duas duplas no vôlei de praia feminino.

Adriana Samuel

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Na volta das campeãs olímpicas para o Brasil, elas foram recebidas “à lá Beatles” no aeroporto. O quarteto virou um fenômeno aplaudido em qualquer lugar que passava. “Não tinha redes sociais na época, então não dava para ter noção do que estava acontecendo no país. A nossa ficha só começou a cair quando chegamos aqui e fizemos o trajeto no carro de bombeiros, passando pelas pessoas na rua”, lembra Adriana.

Para a ex-jogadora, a conquista foi além do esporte e impactou a vida de outras mulheres. “Me marcou muito ver a alegria e o orgulho das mulheres pela nossa conquista, era como se elas estivessem se realizando através da gente”, lembra emocionada.

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