Estas postagens de Maurício Souza renderam denúncia no Ministério Público
Ao todo, 20 parlamentares da comunidade LGBTQIA+ encaminharam uma representação à Justiça denunciando o comportamento homofóbico do jogador
Um grupo de 20 parlamentares, entre eles trans, lésbicas, bissexuais e gays, encaminharam uma representação ao Ministério Público de Minas Geras contra o jogador de vôlei Maurício Souza, autor de publicações homofóbicas, veiculadas em suas redes sociais durantes as últimas semanas.
“A discriminação é nítida e direta, porque decorrente da intenção explícita de humilhar e constranger toda a população LGBTQIA+, causando prejuízo no exercício adequado do direito fundamental à cidadania e risco aumentado de violência por discursos como este”, afirmam os congressistas sobre o conteúdo das postagens.
Representantes de 13 estados, os parlamentares, afiliados a sete partidos políticos distintos, ainda apontaram que Maurício “tem usado suas redes sociais há muito tempo para disseminar comentários ofensivos à comunidade LGBTQIA+, direta ou indiretamente”.
Na protestação eles pedem que seja aberta uma ação penal pública contra o jogador de vôlei por incitação do preconceito e discriminação homotransfóbica, além de uma indenização por dano moral coletivo a partir de R$ 50 mil e a retirada das postagens, que ferem os limites da liberdade de expressão e propagam discursos de ódio que incitam o preconceito contra a população LGBTQIA+.
Além da representação, o grupo solicitou uma reunião com o Facebook afim de conversarem sobre os comentários homofóbicos feitos pelo jogador de vôlei no Instagram e discutirem o desenvolvimento de políticas de combate à violência LGBTfóbica e ao discurso de ódio na plataforma.
Entenda o caso
Há duas semanas, o jogador de vôlei Maurício Souza, de 33 anos, usou as redes sociais para manifestar sua insatisfação com o anúncio da produtora DC Comics de que o novo Superman, filho do herói original, vai se descobrir bissexual nas próximas edições dos quadrinhos.
“Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar”, escreveu.
Por causa da postagem, uma discussão virtual foi gerada com o atleta Douglas, companheiro de Maurício na seleção brasileira e membro da comunidade LGBTQIA+. “Engraçado que eu não virei heterossexual vendo super-heróis homens beijando mulheres”, escreveu Douglas.
Após os ocorridos, Maurício deveria ter publicado uma nota de retratação nas redes sociais, como havia sido combinado entre o atleta e o Minas Tênis Clube, sociedade desportiva a qual era membro. No entanto, o jogador voltou a fazer novos ataques à comunidade LGBTQIA+:
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A pressão imposta pelos patrocinadores do Minas Tênis Clube e a insistência do posicionamento do jogador, levaram à rescisão de seu contrato nesta quarta-feira (27). “A culpa de tudo não é do minas! A culpa é da galera que não aceita mais opinião contrária a deles, qualquer coisa falada que não seja o que eles aprovam você é homofóbico e preconceituoso fato. A tolerância do outro lado é zero!”, disse o jogador sobre a saída da equipe. A participação de Maurício na equipe olímpica de vôlei brasileiro, ao que tudo indica, também foi vetada.
Em fala ao jornal O Globo, o técnico da seleção brasileira Renan dal Zotto disse ter se informado sobre o caso e ficado “decepcionado”. “É inadmissível esse tipo de conduta. Em se tratando de seleção brasileira, não tem espaço para profissionais homofóbicos”, afirmou.