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Caso Magalu: movimentos negros pedem que defensor seja investigado

Os grupos defendem que Jovino Bento Júnior foi desleal com a Defensoria ao iniciar ação contra programa de trainee para negros da Magazine Luiza

Por Da Redação
8 out 2020, 15h00
Mulher negra de braços cruzados
Movimentos negros pedem que defensor seja investigado por ação contra o programa de trainee para negros da Magazine Luiza (Luis Alvarez/Getty Images)
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Movimentos negros apresentaram, nesta quarta-feira (7), uma representação à Corregedoria da Defensoria Pública da União (DPU) contra o defensor que pediu que a Magazine Luiza pague indenização de R$ 10 milhões  por conta da criação de um programa de trainee exclusivo para negros, classificado de “marketing de lacração”, na ação.

Grupos como a Associação de Mulheres Negras Aqualtune, o Coletivo Yaa Asantewaa, a Educafro, o Movimento Negro Unificado e o Instituto Nacional Afro-origem, entre outros, protocolaram a representação, sob a articulação do advogado Marivaldo de Castro Pereira e da jornalista Ana Claudia Mielke.

As entidades pedem que a DPU investigue o defensor Jovino Bento Júnior, autor da ação civil pública na Justiça contra o programa da loja, e que o órgão desista do processo.

A ação cobra da rede R$ 10 milhões de indenização por danos morais coletivos e violação de direitos de milhões de trabalhadores. Ainda segundo Jovino, o formato se revela ilegal pois “para buscar a sua conformação com a legislação, compatibilizando-o com os direitos dos trabalhadores de acesso ao mercado de trabalho, e de não serem discriminados (…) isso não pode ocorrer às custas do atropelo dos direitos sociais dos demais trabalhadores, que também dependem da venda de sua força de trabalho para manter a si mesmos e às respectivas famílias”.

Os movimentos que pedem a investigação de Jovino afirmam que o defensor foi desleal com a Defensoria e que a ação que apresentou é um ato de “sabotagem dos interesses que deveriam ser defendidos pela instituição que o remunera”. Os grupos também alegam que a situação de vulnerabilidade da população negra foi ignorada.

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mascara
(Luis Alvarez/Getty Images)

“Num malabarismo jurídico absolutamente desleal e desonesto, o defensor público federal lança mão dos avanços alcançados na jurisprudência no combate ao racismo e à discriminação racial para atacar a política afirmativa lançada pela empresa para inclusão da população negra, grupo historicamente excluído em nossa sociedade”, diz trecho do documento.

Anteriormente ao pedido de investigação, a DPU já havia se manifestado sobre o caso. Em nota, a entidade afirmou que a atuação dos defensores públicos federais se baseia no princípio da “independência funcional” e, por isso, podem tomar decisões distintas na instituição.

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“É comum que membros da instituição atuem em um mesmo processo judicial em polos diversos e contrapostos e, por isso, é fundamental o respeito à pluralidade de pensamentos e à diferença de opiniões”, diz a nota.

Luiza Trajano, dona da Magazine Luiza, em entrevista ao Roda Vivadefendeu sua iniciativa e chamando a atenção para o problema do racismo estrutural. “Temos que entender mais o que é racismo estrutural. O dia que entendi até chorei, porque sempre achei que [eu] não era racista até entender o racismo estrutural”, apontou.

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