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Preso homem que aliciava jovens para o desafio da Baleia Azul

Rapaz de 23 anos detido no RJ influenciou ao menos 30 pessoas a participarem do jogo; além do Rio, Operação Aquarius também atua em outros oito estados

Por Maria Beatriz Melero Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 abr 2024, 14h51 - Publicado em 19 jul 2017, 13h02
 (Reprodução/ThinkStock)
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A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu um homem que aliciou jovens para o desafio da Baleia Azul na última terça-feira (18), em uma operação conjunta com outros oito estados

Durante a Operação Aquarius, Matheus Silva, 23 anos, foi detido em Nova Iguaçu (RJ). Junto com o rapaz foram aprendidos celulares e computadores que serviam para coagir suas vítimas. “Ele já confessou que era curador, que tinha influenciado 30 pessoas, mas temos nos autos que constam cerca de 40″, disse Fernanda Fernandes, delegada assistente daDelegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DCRI) à Veja.

Além do Rio de Janeiro, a operação também tem 24 mandatos de prisão para serem cumpridos em Amazonas, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe – locais onde foram identificados casos relacionados aos jogos ou onde se encontram possíveis curadores.

Em Aracaju, as equipes da Delegacia Especial de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC) e Delegacia de Polícia Interestadual (Polinter) do estado realizaram dois mandatos de busca e apreensão a um casal. Contudo, os agentes conseguiram, apenas, apreender equipamentos de informática da residência, já que o homem e a mulher procurados se encontram em São Paulo.

Apesar de ser uma operação que abrange a o país inteiro, todas as investigações sobre o caso serão encaminhadas para o Rio, de acordo com delegado Alessandro Vieira, da Polinter. “Nesse momento, tudo é encaminhado para o Rio de Janeiro. Depois da análise dos equipamentos, é provável a instauração de inquérito policial em Sergipe”, declarou em nota.

O desafio

No últimos meses, muito se falou sobre o desafio da Baleia Azul. A série de 50 atividades que envolvem asfixia, automutilação, queimar a pele e, no extremo, o suicídio chamou a atenção da sociedade por colocar em risco a vida de jovens brasileiros.

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Não existe um site oficial para reunir as vítimas. Para aliciar crianças e adolescentes, os curadores se valem do uso de redes sociais para impor os desafios.

O desafio começou como um fake news – um boato, uma mentira – na Rússia, em 2015, sobre um jogo que apresentava uma série de práticas macabras a seus participantes. Contudo, a história gerou um contágio principalmente entre os jovens e acabou se tornando real.

O Brasil – país que registra 5,6 mortes por suicídio a cada 100 mil jovens na faixa dos 15 aos 29 anos, de acordo com a pesquisa Violência Letal contra as Crianças e Adolescentes do Brasil e do Mapa da Violência: os Jovens do Brasil –, infelizmente, não ficou de fora desse jogo que viralizou nas redes.

Diversos estados registraram casos de tentativas de suicídio entre jovens brasileiros e – também de automutilação – que foram relacionados ao Baleia Azul. De 19 casos noticiados, em dois a polícia descartou qualquer relação com o desafio, conforme apurado por CLAUDIA.

Apesar dos inquéritos não terem sido encerrados, em outros três casos houve confirmação de relação ao Baleia Azul. Além disso, mais 14 ocorrências (8 só em Curitiba) aparentam estar relacionadas ao jogo e seguem sob investigação.

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Vila Rica (MT)

A morte de Maria de Fátima Oliveira, de 16 anos, em 11 de abril foi uma das primeiras a ser noticiadas no Brasil com suspeita de estar relacionada ao desafio da Baleia Azul.

A hipótese foi confirmada pelo delegado Gutemberg Lucena, responsável pelo caso. “Temos vários indícios de que o suicídio da menina está relacionado com o desafio”, disse.

Segundo Lucena, parentes e amigos da menina foram escutados durante as investigações. Além disso, o celular da garota e de possíveis vítimas do jogo foram recolhidos para averiguação. Apesar da forte suspeita, ninguém foi preso ainda.

Belo Horizonte (MG)

Em Belo Horizonte (MG), um adolescente de 16 anos foi encontrado morto no dia 16 de abril, no bairro Ribeiro de Abreu. Familiares do menino suspeitavam que a morte do garoto estaria envolvida com o jogo, mas a Polícia Civil descarta essa possibilidade.

Pará de Minas (MG)

A morte de um jovem de 19 anos, em 12 de abril, na cidade de Pará de Minas (MG), aponta envolvimento do garoto como o desafio da Baleia Azul. De acordo com a Polícia Civil, o caso ainda está sob investigação, depoimentos estão sendo colhidos e o celular do rapaz foi recolhido.

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O primeiro laudo da perícia do celular do garoto mostrou que ele não recebeu ameaças. Contudo, o parelho deve passar por uma nova avaliação para que a conclusão seja efetivada.

Leia mais: Deprimida, garota busca ajuda na web e cai no jogo Baleia Azul

Muhuaçu (MG)

Foi descoberto e notificado o caso de uma menina de 13 anos que apresentou cortes no braço e tomou medicamentos controlado. Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, a menina participava de grupos no WhatsApp que estariam relacionados com o Baleia Azul, mas os apagou do aparelho. O caso segue investigado, o telefone está com a polícia para investigação e a adolescente deve prestar depoimento nos próximos dias.

Curitiba (PR)

A Polícia Civil de Curitiba investiga a tentativa de oito suicídios de jovens. A suspeita é que eles teriam participado do desafio da Baleia Azul. Os casos estão sendo investigados.

Foram abertos inquéritos para apurar o que, de fato, motivou os jovens a se automutilarem e ingerirem medicamentos. Para isso, a polícia está escutando pessoas próximas aos adolescentes.

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Além disso, a prefeitura emitiu um alerta geral orientando os pais a conversarem com seus filhos para que eles possam identificar os motivos que levariam os adolescentes a participar do desafio.

“Orientamos que pais e responsáveis conversem com os adolescentes e fiquem atentos a sinais de isolamento, perda de vínculo familiar e quadros de automutilação”, disse o secretário municipal da Saúde de Curitiba, João Carlos Baracho.

Tubarão (SC)

Em Tubarão (SC), a unidade da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso Santa Catarina da cidade descobriu que a automutilação de uma garota de 20 anos foi por incentivo de um grupo da internet comandado por um homem do Pará.

O suspeito será ouvido pela Polícia Civil catarinense, que deve mandar representante da delegacia à região Norte do país. O caso ainda está sob investigação. 

Lages (SC)

O município de Lages (SC) contabilizou três ocorrências de tentativas de suicídio e atividades relacionadas a grupos do desafio da Baleia Azul, sob investigação da Delegacia de Proteção a Criança, Adolescente, Mulher e Idoso.

A suspeita é que esses grupos sejam administrados por pessoas do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais. Os três casos ainda estão sob investigação a Polícia Civil. “Como temos que trabalhar com quebras de sigilo e hackeamento que envolvem, às vezes, portais que sequer estão sediados no Brasil, isso demanda tempo”, disse Patricia Wizimerman, coordenadora das Delegacias de Proteção a Criança, Adolescente, Mulher e Idoso de Santa Catarina.

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Curitibanos (SC)

Em Curtitibanos (SC), foi registrado uma tentativa de suicídio de uma jovem pela família da garota. A Polícia Civil de Santa Catarina descarta a hipótese de envolvimento da menina com o desafio online.

Rio de Janeiro (RJ)

A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática do Rio de Janeiro trabalha com duas investigações sobre o desafio da Baleia Azul, de acordo com a delegada Fernanda Fernandes.

Foram registrados a tentativa de suicídio de uma jovem de 14 anos, no centro da capital fluminense, e o caso de uma adolescente de 15 anos que confirmou sua participação com o jogo. “Quem tiver com vontade de entrar no Baleia Azul, não faça isso. Só vai te causar coisas ruins. Em vez de parar sua tristeza, só vai aumentar”, disse a garota ao jornal O Globo.

João Pessoa (PB)

Em João Pessoa (PB), uma adolescente de 14 anos chamou a atenção se automutilar e subir no teto da escola – duas atividades características da lista do Baleia Azul. O caso está sob investigação“Estamos trabalhado para saber qual é o tipo de crime o caso se encaixa e apurando se ele pertence à esfera Civil ou Federal”, explicou Marcos Paulo, 1º Superintendente Regional da capital paraibana.

De acordo com o tenente-coronel Arnaldo Sobrinho, o comportamento da menina está relacionado a ameaças sofridas durante o desafio online. “O relato que a garota nos deu foi o de que ela foi coagida a agir dessa maneira”, contou coordenador do Centro Integrado de Operações Policiais da Paraíba (Ciop).

De acordo com Sobrinho, as investigações indicam que, muitas vezes, os adolescentes têm seus celulares adicionados nos chats dos jogos sem autorização prévia. “Os donos dos grupos colhem as informações que estão disponíveis nas redes sociais. Assim, nosso trabalho, no momento, é orientar os jovens a não deixar esse número público na internet.”

Manaus (AM)

Na capital amazonense, o conselho tutelar do estado foi acionado pela família de uma menina de 12 anos depois que essa flagrada com multilações no braço semelhantes às propostas pelo desafio da Baleia Azul.

Segundo a mãe da garota, os cortes vieram de um jogo que teve início entre os colegas da filha.

ATENÇÃO AOS SINAIS

Saiba como identificar características de um jovem com tendências suicidas

  • Alterações significativas na personalidade ou nos hábitos;
  • comportamento ansioso, agitado ou deprimido;
  • queda no rendimento escolar;
  • afastamento da família e de amigos;
  • perda de interesse por atividades de que gostava;
  • descuido com a aparência;
  • perda ou ganho repentinos de peso;
  • mudança no padrão usual de sono;
  • comentários autodepreciativos recorrentes ou negativos e desesperançosos em relação ao futuro;
  • disforia (combinação de tristeza, irritabilidade e acessos de raiva);
  • comentários sobre morte, sobre pessoas que morreram e interesse pelo assunto;
  • doação de pertences que valorizava;
  • expressão clara ou velada de querer morrer ou de pôr fim à vida.

Nossa redatora-chefe Bel Moherdaui conversou com a psiquiatra Ivete Gattas sobre o assunto, veja:

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