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Cira do Acarajé morre aos 69 anos em Salvador

Jaciara de Jesus, uma das baianas de acarajé mais famosas da país, estava internada há 18 com problemas renais

Por Da Redação
4 dez 2020, 18h10
cira do acarajé
 (@acarajedacira/Instagram)
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Jaciara de Jesus, uma das baianas de acarajé mais famosas da país, morreu aos 69 anos, na madrugada desta sexta-feira (4), em Salvador. Cira, como era mais conhecida, estava internada no Hospital São Rafael há 18 dias com problemas renais.

Cira ficou famosa pelo seu acarajé, que foi muito premiado ao longo dos 50 anos em que preparou e vendeu a receita. A baiana aprendeu a fazer o quitute com sua mãe, aos 17 anos, para ajudar a criar os quatro irmãos e passou a vendê-lo em diferentes bairros da cidade. Atualmente, há quiosques do Acarajé da Cira em Lauro de Freitas, cidade da região metropolitana.

Durante a pandemia, como forma alternativa de renda enquanto os quiosques seguiam fechados, Cira, pela primeira vez em décadas, passou a vender seu acarajé nas casas dos clientes.

“Mainha sentiu sintomas de problemas renais. Ela já tinha passado por transplante. Meu irmão deu um rim a ela e uns 20 anos depois ela começou a ter problemas. Ela teve Covid-19 em abril e ficou bem, não sentiu nada. Agora, veio para o hospital com esses sintomas renais e faleceu. Ainda não tenho o detalhe da causa da morte, mas a internação foi com esses sintomas”, disse sua filha Cristiane de Jesus ao G1.

Além de Cristiane, Cira deixou outros quatro filhos, Jassara, Cristina, Carlos e Renê, e oito netos.

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Nesta sexta, mesmo dia de morte de Cira, é celebrado o dia de Santa Bárbara em Salvador, que no candomblé e na umbanda é representada por Iansã. O acarajé é o alimento ofertado a essa orixá nos rituais das religiões. Neste ano, devido à pandemia, as procissões foram canceladas e os rituais limitados a pequenos grupos de pessoas.

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Segundo familiares, Cira era muito religiosa e “filha” de Oxum com Iansã. Porém, Cristiane conta que ela também era devota de São Cosme. “Ela era muito cuidadosa das heranças religiosas de minha avó”.

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O velório de Cira reuniu apenas familiares próximos em sua casa no bairro de Itapuã e o enterro está previsto para às 10h de sábado (5) em um cemitério próximo. “Nós moramos em Itapuã e o desejo de mainha era ser enterrada lá. Ela sempre foi muito forte, trabalhou a vida toda com isso e hoje todos nós trabalhamos com o acarajé. Deixou um legado, com certeza”, disse a filha.

O falecimento de Cira causou comoção na população baiana e em diversos famosos e políticos. Nando Reis foi um dos que usou suas redes sociais para fazer uma homenagem. “Não me lembro de ter ido à Salvador sem passar em Itapuã para comer o @acarajedacira. Acabo de saber de seu falecimento. Já não bastasse as agruras desse ano terrível, viveremos os próximos sem sua presença nessa terra, com a vida cada vez menos saborosa”, escreveu.

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O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), também prestou suas condolências. “A Bahia perde um patrimônio, um ser humano querido e amado por todos os baianos e por todas as pessoas que visitaram Salvador nos últimos anos. Ela herdou uma tradição, todo aquele conhecimento que vem de geração em geração, e soube acrescentar o seu toque especial, tornando o seu acarajé um dos preferidos da Bahia. Neste dia de Santa Bárbara e Iansã, nós sabemos que Cira será bem-recebida por Deus. Expresso aqui os meus sentimentos. Que Deus possa confortar a todos os seus familiares e amigos”.

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Em nota, Rita Santos, presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (Abam), elogiou Cira e afirmou que ela é um exemplo para as demais baianas. “Muita tristeza no coração com essa perda de hoje, justamente no dia de Oyá, dia de Santa Bárbara. Cira, uma baiana patrimônio da cultura brasileira e da cultura internacional. Porque quando a gente perde alguém ligado a cultura, é o mundo que perde, então não é só Salvador, não é só a Bahia. Cira era uma mulher de coração muito grande, muito generosa. A maioria das baianas se espelhavam nela. É muito difícil para todas nós”, disse.

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