Câmera de UTI filma paciente sendo estuprada por técnico de enfermagem
A jovem faleceu dias depois do estupro e a Polícia agora investiga se a morte tem relação com o abuso
O circuito de câmeras de um hospital em Goiânia registrou o momento em que, no último dia 17, um técnico de enfermagem estupra uma paciente internada na Unidade de Tratamento Intensivo. Parado ao lado do leito, Ildson Custódio Bastos, de 41 anos, é filmado com uma das mãos por baixo do lençol, tocando as partes íntimas de Susy Nogueira, que havia sido internada após sofrer uma crise convulsiva durante a aula.
Segundo Paula Moetti, delegada responsável pelo caso, o abuso durou cerca de uma hora. No período, a vítima chegou a se debater. A jovem de apenas 21 anos estava entubada e com as mãos amarradas devido a seu quadro de saúde quando tudo ocorreu. Ela faleceu no último dia 26, mas não há confirmação de que a morte esteja relacionada ao abuso.
O estupro foi descoberto quando a própria Suzy contou para uma enfermeira que Ildson havia tocado em seus seios e genitália. Apesar de achar que o relato pudesse ser parte de um delírio, a funcionária levou a denúncia à direção, que solicitou as imagens da câmera de segurança. Ao ser questionado, o técnico não se opôs a verificação das imagens.
“Ele falou com tanta certeza que podia olhar, que levantou a suspeita que talvez possam ter ocorrido outros abusos que não foram registrados”, aponta a delegada.
Ildson foi preso nesta quarta-feira (29) após se apresentar a polícia. Segundo seu advogado, Leonardo Silva Araújo, ele é inocente e só não havia ido à polícia antes por temer pela vida. “Começaram a divulgar a foto dele e tinha um áudio em grupos de mensagem pedindo ajuda para achá-lo. Ele, então, se escondeu e decidiu se apresentar hoje até por questão de segurança”, disse. O técnico responderá por estupro de vulnerável.
Para concluir o inquérito, a delegada Moetti ainda ouvirá mais testemunhas. “A causa da morte ainda não está totalmente esclarecida, mas a gente acredita que o abuso não tenha causa direta com a morte. Mas não sabemos até que ponto, esse abalo emocional pode ter influenciado ou piorado o estado de saúde dela”, explica.
Por sua vez, o Hospital Goiânia Leste divulgou uma nota em que explica os procedimentos tomados para lidar com o caso. Leia a seguir:
“No dia 17 de maio de 2019, os responsáveis pela UTI do Hospital Goiânia Leste receberam a denúncia de abuso sexual da paciente de 21 anos por meio de uma das técnicas de enfermagem da equipe. No mesmo momento, a direção tomou as primeiras medidas com o objetivo de proteger a paciente e investigar o ocorrido.
O técnico de enfermagem acusado pela paciente foi imediatamente suspenso e afastado da sua função. Um boletim de ocorrência com a denúncia foi registrado pelos responsáveis da UTI na Delegacia da Mulher, no dia 21/05/2019 e o funcionário foi demitido por justa causa nesse mesmo no dia. Posteriormente, também por iniciativa da empresa de UTI, o vídeo que mostra o suposto assédio do ex-funcionário, consistente num possível toque nas partes íntimas da paciente, também foi entregue à delegada responsável pelo caso. Cada um dos 20 leitos geridos pela UTI possui câmera individualizada, que funciona e grava toda a movimentação da UTI, 24 horas por dia. Ao ex-funcionário foi dada a oportunidade de ver as imagens, o que foi recusado por ele.
Além de ter tomado as medidas necessárias sobre a denúncia, coube aos diretores da empresa de UTI comunicar aos pais da paciente sobre o fato e sobre as medidas já tomadas. Esclarece, por fim, que a causa da morte da paciente, em 26/05/2019, não possui qualquer relação com os tristes fatos ocorridos. A empresa está à disposição das autoridades para fornecer qualquer informação adicional que possa ajudar na investigação da denúncia”.
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