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Ato por Marielle e vítimas de genocídio

Multidão se reúne em São Paulo para protestar novamente contra o assassinato de Marielle e lembrar outras vítimas de genocídio

Por Lia Rizzo
Atualizado em 25 mar 2018, 21h08 - Publicado em 25 mar 2018, 20h52

Mais de dez dias após o assassinato da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes, seu motorista, ainda são muitas as perguntas e pouquíssimas as respostas. Para não deixar que o silêncio em torno das investigações faça com que o episódio seja cada vez menos lembrado, muitos movimentos se articulam em atos periódicos, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Na tarde deste domingo (25) aconteceu na capital paulista, no Largo do Payssandú, o Julgamento Poético: Quantos negros e negras terão que morrer?. Organizado por diversos movimentos, o evento teve grande apoio da classe artística, com shows ou intervenções que faziam alusão ao crime contra a parlamentar e também ao genocídio negro.

O ato teve início com a leitura de um texto da escritora Carolina Maria de Jesus. Em seguida, foi lembrado o assassinato de Cláudia Silva Ferreira, morta por policiais militares em 2014 em um crime bárbaro que chocou o país, mas cujos os autores ainda não foram julgados. O rapper Thaíde abriu a programação artística. Além de nomes anunciados previamente como Leci Brandão, Chico César e músicos do bloco Charanga do França, participaram também as atrizes Maria Casadevall e Natália Lage. Letícia Sabatella gravou um poema para ser exibido durante o evento.

Leci Brandão em ato que homenageou Marielle Franco e outras vítimas do genocídio negro. (Coletivo Então Eu Grito/Divulgação)

Por Marielle, Anderson e muitos outros

“Quanto mais negro, mais alvo”, disse Maria Casadevall, que subiu ao palco e, durante sua fala, lembrou de casos diversos e recentes de assassinatos ou desaparecimentos na periferia do Rio de Janeiro, em que ficou comprovado o envolvimento de policiais militares.

A atriz começou por Maria Eduarda, de 13 anos, morta em abril do ano passado ao ser baleada dentro da escola onde estudava. Mencionou ainda o pedreiro Amarildo Dias de Souza, morador da favela da Rocinha, que desapareceu em julho de 2013 após ser levado por policiais e o bailarino Douglas Rafael, mais conhecido como DG, morto pela polícia em março de 2015. Também não foi esquecido, Rafael Braga Vieira, morador de rua preso durante as manifestações de julho de 2013 e condenado a cinco anos e dez meses de prisão, por portar duas garrafas de desinfetante e água sanitária em sua mochila.

Liderado por Luka Franca,  jornalista e militante da Marcha das Mulheres Negras, um grupo de ativistas lembrou, em longo e contundente discurso, que a luta contra o genocídio da população negra é muito anterior ao assassinato de Marielle e que os territórios pobres acabam criminalizados em ações pouco ou nada efetivas de guerra às drogas – numa evidente crítica à intervenção militar no Rio de Janeiro. Lembraram ainda, que o Brasil é o quarto país onde mais se mata defensores dos direitos humanos no mundo e o quinto nos rankings de feminicídio.

Luka Franca, uma das principais lideranças nos atos realizados em São Paulo, lê discurso em repúdio ao genocídio da população negra. (Coletivo Então Eu Grito/Divulgação)

Ao longo da programação, outras doze mulheres negras ou indígenas foram homenageadas. Entre as quais, a escrava Esperança Garcia, considerada a primeira mulher advogada do Piauí, e Francisca Chagas, trabalhadora rural e sindicalista negra, violentada e assassinada em fevereiro de 2016 no Maranhão.

Segundo movimentos que organizaram o ato, cerca de duas mil pessoas estiveram presentes ao longo da programação, que correu pacificamente e se encerrou por volta de 20h30.  

Leia também: Protestos repudiam a morte de Marielle e Anderson

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