SPFW55: Highlights da edição de outono/inverno 2024
Um resumo com os principais destaques do São Paulo Fashion Week
O SPFW, edição 55, de outono/inverno 2024 começou na segunda-feira (23), com a abertura de João Pimenta. A partir da quinta-feira (25), tivemos a continuação dos desfiles que vão até domingo (28), apresentando as maiores tendências para moda. Quer ficar por dentro de tudo? Aqui temos highlights do evento, com imagens e detalhes das coleções lançadas até o momento:
Lino Villaventura
Lino Villaventura fechou a edição 55 da São Paulo Fashion Week com uma coleção futurista, com possíveis referências ao Frank Herbert e Philip K. Dick. Tecidos estruturados, recortes belíssimos e muito volume, em casacos, vestidos e saias.
A geometria e todo o trabalho de cor conversava com uma estética apocalíptica, árida e humana, como as sinapses brilhantes dos neurônios. O desfile foi uma digna apresentação teatral, bem dramática.
Walério Araújo
O estilista pernambucano Walério Araújo homenageou Elke Maravilha (1945-2016) em sua coleção, apresentando peças com elementos que marcaram a vida da artista, que também era sua musa e amiga pessoal. Entre chapéus exuberantes, botas de cano alto e roupas primorosas, ele trouxe subversão, sensualidade e extravagância ‒ características bem conhecidas por quem acompanha seus mais de 30 anos de carreira.
Na passarela, não faltou cor! Embora a tendência do momento seja o minimalismo, com peças que referenciam o tradicional, inclusive na alta-costura, o estilista preferiu apostar na própria história: Walério inovou nos visuais sem perder de vista o que construiu até aqui, com uma estética cheia de fervo, carnaval e cultura brasileira.
David Lee
Quem embarcou no tema Origens foi David Lee, estilista estreante no maior evento de moda da América Latina , que apresentou peças inspiradas em Parangaba, bairro de Fortaleza conhecido pela feira popular, e ainda contou com a trilha sonora criada pelo jornalista Zeca Camargo. Com crochês, bordados e cores, ele transferiu o espaço do nordeste para quem assistia ao desfile.
Nos telões da passarela, apareciam frases como” “moça bonita não paga”, “não vendo fiado”, “vai pro terminal?”, “3 por 10 reais”, também responsáveis por criar o imaginário da feira. Também chamaram atenção blazers com bordados e acessórios inspirados no artesanato.
Greg Joey
O estilista Greg Joey retorna pela segunda vez à SFPW, apresentando sua coleção no último dia do evento. A linha é repleta de peças minimalistas, em tons pastel e flúor, e tecelagem leve, garantindo muita fluidez, com críticas à sociedade do consumo. Parte dos modelos usaram um chapéu, algo meio The Handmaid’s Tale, cobrindo os olhos, o foco ficava nos lábios metalizados.
Todo o conceito trouxe uma energia muito confortável, que remetia com à praticidade, com alfaiatarias largas e soltinhas. As roupas traziam recortes, drapeados e estampas cirúrgicas, que se relacionam as redes sociais e ao excessos.
Weider Silveiro
Weider Silveira, designer piauiense, voltou às raízes de sua infância no desfile de encerramento do penúltimo dia do SPFW. A coleção trouxe shape estruturados e sofisticados, um minimalismo colorido e alegre. As peças, nas cores verde, laranja e preto, tinham coesão entre si e contavam uma história única com o artesanato do Piauí. Esses elementos tiveram o trabalho da artesã cearense Patrícia Gomes.
O fuxico e a malha esticada, aquelas presentes em tapetes, vinham em casacos refinados e em calças com muito movimento. Uma alfaiataria confortável, que fugia do convencional, moletons oversized, com franjas e amarrações, e tops de fuxico.
Santa Resistência
Mônica Sampaio, diretora criativa da Santa Resistência, trouxe o melhor da cultura flamenca com a umbanda e o candomblé em sua mais recente coleção. Explorando cores intensas como o vermelho e o preto, tons presentes também no espírito da Pombagira, na Umbanda. Com vestidos, saias, plumas e transparências, a marca faz um releitura sensual das referências espanholas e das religiões citadas.
A coleção é vibrante, com muito floral, bordados, plumas, babados e rendas, as saias rodadas garantiam o movimento perfeito para dança flamenca ou para gira da umbanda. A maquiagem dos modelos, assinada pela equipe do beauty artist Wilson Eliodorio, foi trabalhada no calor. Olhos borradinhos com lápis escuro, pele brilhante, parece dar a impressão de suor, e boca esfumada em tons de vermelho ou preto.
Forca Studio
Forca Studio, de Vivi Rivaben e Silvio de March, fez sua estreia no São Paulo Fashion Week com desfile que foge do padrão, uma vibe de obras, urbana, meio Flashdance na usina de aço. A coleção Forca 003 – Substructure foi apresentada ao ar livre, em meio à itens de construção civil, ao som de metal sendo cortado e música eletrônica.
As roupas se mesclavam neste cenário, modelagens em borracha, látex e couro, tudo com movimento, nada estático e pesado. Com uma identidade que flerta com o sportwear e o cyberpunk, a marca também traz alfaiatarias, tanto em couro como veludo, entre ternos, camisas e shorts. A peças vem recortadas, com transparência, drapeados e muita estrutura, das mais ajustadas até as oversized.
Os modelos desfilaram com elementos mecânicos também, ferramentas, peças de metal, luvas de obras.
LED
A marca de Célio Dias celebrou o aniversário de 10 anos com a coleção Exodos na N55 do SPFW. A linha veio recheada de referências sadomasoquistas, com muito vinil, rebites e arrastão. Os bodies vinham com recortes e muita sensualidade.
Entre os tecidos explorados, as pelúcias e os acolchoados reinaram, em casacos e calças. Já os paetês também se destacaram em capas, ternos, calças, tudo com uma plástica bem moderna e sensual, assim como os crochês.
A coleção tem um DNA agênero e essa bandeira foi muito bem representada pelos modelos. Erika Hilton voltou a desfile pela LED, junto a Mulher Pepita, Urias e outras celebridades como Thelma Assis, vencedora do BBB.
The Paradise
A The Paradise trouxe o calor e as cores do Rio de Janeiro para a passarela do SPFW. A marca comandada por Thomaz Azulay e Patrick Doering, trouxe o Brechó Paradise, em uma viagem pelas décadas de 1950 até 1980, explorando o melhor da moda em cada uma.
A estampas brilharam mais que tudo, em shapes fluídos e estruturados, com direito a blazer coloridos, vestidos esvoaçantes, shorts de cintura alta, tops e mais. Modelos como Monique Evans, Betty Prado, Sílvia Pfeifer voltaram às passarelas e marca fez uma baita estreia na São Paulo Fashion Week, o desfile foi uma bela celebração de diversidade e beleza.
Meninos Rei
O desfile da Meninos Rei, marca baiana assinada pelos irmãos Junior e Céu Rocha, trouxe muito empoderamento mesclando o pop com ancestralidade. Não é por acaso que a linha leva o nome de Pop Ancestral, que reforça a força do passado com o afrofuturismo.
Tecidos leves com estamparia vibrante, com referências africanas, muita cor, animal print, e geometria. As peças são versáteis com recortes assimétricos em uma alfaiataria moderna. O desfile marcou também pela inclusão e diversidade, com modelos mais velhas, com deficiência tomaram conta da passarela. Mostrando que há espaço para todos.
A beleza do desfile, assinada por Ju Coelho, casa muitíssimo bem com a proposta da marca. Um delineado gráfico inferior prateado, bem poderoso.
Igor Dadona
Igor Dadona celebra 10 anos de sua marca homônima na passarela do São Paulo Fashion Week Origens com a coleção Colosso. A alfaiataria contemporânea masculina do designer contou com a colaboração da Swarovski, que adornou diversas peças com muito brilho e cristais. Os modelos, inclusive, estavam com partículas de glitter no rosto e gloss na boca, casamento perfeitamente com a collab, primeira internacional na carreira de Igor.
Dadona trabalha o oversized em casacos, camisas e coletes com muito couro e lã. O brilho e as estampas florais trazem leveza para os tecidos pesados. Além dos cristais, têm peças com recortes geométricos
As calças de alfaiataria vem em cintura baixa e as camisas com uma gola de laço, referência à monarquia francesa do séculos XIX e XX. Esse tipo de “gravata” tem o nome de lavallière, por conta de Louise de La Vallière, a duquesa de La Vallière, que a usava.
Os acessórios são da Swarovski e os sapatos da Ellus.
Gefferson Vila Nova
Gefferson Vila Nova já é um nome conhecido no mercado e fez sua estreia na SPFW com a coleção Abstrato, inspirada no artista plástico e paisagista Roberto Burle Marx. Essa referência vem tímida, com ilustrações e bordados botânicos.
As roupas, predominantemente, possuem uma identidade agênero, e uma pegada athleisure. As calças têm uma pegada de alfaiataria com sportwear, com direito a muitos bolsos. A cartela de cores conta com azul marinho, branco e cru, um mix do navy com botânica.
Os tecidos são de upcycling com malhas piquet, algodão modal e algodão 100%. Os acessórios ficaram a cargo da parceria com a Havaianas, com direito a chinelos, óculos e a Clutch Havaianas, trazendo um visual que une o despojado com sofisticado.
Isaac Silva
A Isaac Silva, da estilista Isa Isaac Silva, fez um desfile manifesto na Ocupação 9 de Julho, no Centro de São Paulo. A coleção, intitulada Banho de Axé, inspirada na música Banho de Folhas, da cantora Luedji Luna, estava presente na passarela.
Além dela, outras celebridades como Jojo Todynho, Fred Nicácio e Gabriel Santana desfilaram. A linha de Isa foi marcada por inclusão e muita diversidade. A ideia do desfile era honrar o trabalho de Carmem Silva, líder do MSTC (Movimento Sem Teto Do Centro).
Com modelagens amplas e leves, com muito cropped, capas e calças soltinhas, a coleção abrange todos. As cores não poderiam ser mais bonitas e vibrantes, oferecendo o melhor da efervescência do Axé na Bahia na década de 1980.
A beleza da passarela foi criada por Maxi Weber e tinha muitas referências da natureza, com muito verde, brilho e efeito metalizado.
Apartamento 03
Com convidadas como Bianca Andrade, Gkay, Liniker, Juliana Alves, Alexandra Loras, Dudu Bertholini e Mariana Sampaio, o desfile da Apartamento 03 entregou uma homenagem ao artista Estevão Silva, considerado o primeiro pintor negro de destaque do século XIX.
Contando com uma paleta de cores corajosa e vibrante, tons clássicos como preto, off-white e vinho, complementados por tons de azul e verde metalizado, a marca evocou a ancestralidade e a fertilidade da terra brasileira.
Mnisis
A coleção VAZIO da Mnisis foi inspirada no livro infantil homônimo de Anna Llenas. Com peças majoritariamente pretas e marcantes, o desfile conseguiu evocar uma atmosfera tanto lúdica quanto autêntica à essência da marca.