SPFW N60: os looks e surpresas que marcaram o quarto dia do evento
À La Garçonne a Meninos Rei, Marina Bitu, Leandro Castro, Catarina Mina, Dario Mittmann e Handred desfilaram na São Paulo Fashion Week

Sete marcas desfilaram na SPFW nesta quinta-feira (16). De À La Garçonne a Meninos Rei, passando por Marina Bitu, Leandro Castro, Catarina Mina, Dario Mittmann e Handred, o evento reafirma seu lugar como o mais importante do calendário da moda brasileira. Mas vamos ao que interessa: o que de melhor aconteceu?
À La Garçonne

A À La Garçonne deu play no evento com uma coleção voltada ao streetwear. Renovando seus elementos mais emblemáticos, a alfaiataria e o underwear, a marca desperta (e mantém) o interesse por suas peças. Destaque para o uso de tecidos de estoque morto ‒ sobras de coleções anteriores de diferentes marcas ‒, um jeito mais sustentável de produzir.

A passarela apresentou looks para o dia, com camisas e camisetas brancas combinadas a cuecas aparentes, e evoluiu para produções noturnas mais estruturadas, mas que mantêm o lado irreverente do underwear à mostra.

A coleção ainda abre espaço para visuais de festa, bermudas de alfaiataria em tecidos fluidos, trench coats com franjas, mistura de estampas e cores vibrantes, além da combinação de meias com saltos.
Marina Bitu

Tudo aqui é feminino. Da inspiração à produção, passando pelo público-alvo, não falta espaço para as mulheres no universo de Marina Bitu. Nesta temporada, a etiqueta volta seu olhar à obra e à vida da artista modernista Djanira da Motta e Silva (1914–1979).
Reconhecida por retratar temas ligados à religiosidade, ao trabalho e ao cotidiano brasileiro, Djanira conquistou Marina por meio de Cecília, sua sócia e cofundadora da marca, que conheceu a obra da artista em uma exposição no MASP. “Lembro que ela me mandou uma foto e disse: ‘Olha que lindo, olha que sensível!’”, recorda Marina.

“Djanira foi uma verdadeira cronista do seu tempo. Ela registrou com sensibilidade essas pessoas e coletivos, retratando o cotidiano com verdade e afeto, e, muitas vezes, foi lida como ingênua”, adiciona a estilista.
A coleção faz referência às obras de Djnaria a partir dos ofícios manuais realizados por mulheres, tema recorrente em pinturas como Tecelã, Costureira e Colheita de Café. Nos visuais, as estampas foram reproduzidas de forma fiel, sem descaracterizar o trabalho original, e as cores escolhidas dialogam diretamente com a paleta da artista.

A beleza também reflete essa delicadeza: pele natural, sombras voltada para a paleta da coleção, delineado gráfico e batom com brilho nos lábios. “O que mais une as nossas histórias é essa relação com as mulheres e com os ofícios manuais. Na marca, nós sempre buscamos estabelecer um trabalho próximo de grupos de artesãs. Hoje, nossa empresa é composta por cerca de 95% de mulheres”, conclui Marina.
Meninos Rei

A trilha sonora vibrante da Meninos Rei contagiou o espaço, um prenúncio de que a marca estava pronta para celebrar. No momento em que a SPFW completa 30 anos de história, a marca baiana comemora sua primeira década de existência. Homenagear a cultura popular da Bahia pareceu uma forma de festejar também sua própria trajetória.

Conhecida por vestir nomes como Gilberto Gil, Carlinhos Brown e Taís Araújo, Meninos Rei levou à passarela personalidades como Rita Batista, Majur e Luedji Luna. O desfile foi marcado por um mix de estampas, cores vibrantes e materiais naturais como a palha presente nas bolsas, reafirmando o conceito de ancestralidade que sempre permeia o trabalho da grife.

Catarina Mina

Catarina Mina sabe como encantar. Na última participação no evento, em outubro de 2024, a marca apresentou o conceito de “Herdeiras do Amanhã” através de sua moda artesanal. Desta vez, retorna com uma coleção em homenagem à carnaúba, palmeira importante para a economia e a cultura do Ceará.

A carnaúba tem quase todas as suas partes aproveitadas para geração de renda e, consequentemente, ganhou o apelido “árvore da vida”. Na nova coleção, ela surge em bordados manuais aplicados sobre tecidos como seda, linho, cambraia de rami e algodão.
“A decisão de homenagear a carnaúba nesta coleção não é gratuita: o Ceará não existe sem a carnaúba e sua cultura”, explica a marca.

O destaque também vai para os pés das modelos, que usaram tênis da marca Veja, reconhecida por sua cadeia de produção ética. Em tons de verde e branco, os modelos reforçam o ar delicado da coleção, ao mesmo tempo em que trazem um contraponto contemporâneo aos looks.
Leandro Castro

Leandro Castro marcou presença na SPFW com sua coleção Gaiafilia, termo que simboliza o amor à Terra. Inspirada na diversidade amazônica e nas reflexões da conferência Os Mil Nomes da Gaia, a coleção destacou a importância da sustentabilidade e da preservação ambiental.

As peças apresentadas nasceram da experiência de Leandro no projeto Biomas, do Sebrae Nacional, em Santarém, Pará, onde ele explorou os saberes de comunidades ribeirinhas. Materiais como látex, madeira de manejo sustentável, cuias e biojoias foram incorporados à coleção, ganhando forma em bordados, sementes e cores inspiradas na flora amazônica.
Dario Mittmann

A coleção MONOPOLY: YOUNG MONEY! reafirma seu lugar como um dos designers mais provocadores da moda nacional contemporânea. Inspirado pelo universo simbólico do clássico jogo de tabuleiro Monopoly, Dario Mittmann dialogou sobre poder, autonomia e reinvenção.

A coleção questionou quem dita as regras no “jogo da vida”, ao mesmo tempo em que combinou a crítica social com estética urbana. A apresentação contou com 30 looks que mesclaram streetwear e uma releitura do old money, incorporando técnicas como impressão 3D, estamparia digital, bordados manuais e elementos robóticos.
Handred

A Handred encerrou o dia com a coleção Baila. A inspiração principal vem da Era de Aquário, associada à mudança, expansão de consciência e liberdade, e do próprio entardecer e início da noite.
“O sonho dessa coleção é um sonho acordado, ele não desperta pela manhã, é um sonho que começa ao entardecer ”, afirma André. “É uma coleção que imagino sendo vestida antes do crepúsculo, quando o céu ainda está aberto e ela vai entrando na noite. E então mergulha.”

O desfile trouxe experimentações que mesclam fluidez e peso, com sedas leves contrastando com couros bordados em alto-relevo, criando uma tensão entre vulnerabilidade e força. Bordados manuais, canutilhos e detalhes matelassados enriqueceram as peças, enquanto a cartela de cores transitou entre tons profundos e mais claros.
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