Os melhores looks do Met Gala 2019: Lady Gaga, Katy Perry, Card B e +
O tema Camp tinha tudo para dar errado, mas acabou se convertendo em um dos tapetes vermelhos mais interessantes do Baile do Met. Veja quem acertou.
O Met Gala, um dos eventos mais importantes do ano no mundo das modas, aconteceu na última segunda-feira (06), em Nova York, e, como era de se esperar, colocou mais fogo na internet do que os rumos de Daenerys Targaryen, a Mãe dos Dragões, nessa última temporada de “Game of Thrones”. O motivo? O tema da exposição do Metropolitan Museum e do baile de 2019: “Notas Sobre Camp”.
Baseado no famoso ensaio homônimo de Susan Sontag, publicado em 1964, o dress code fez da web um tribunal (como se já não fosse diariamente) no qual os ~internautas~ eram os advogados de defesa, acusação, júri e juízes. As celebridades convidadas do circo evento, pobrezinhas, fizeram o papel dos réus. Nenhum problema nisso, afinal de contas, todo mundo que está lá, está lá para ser visto (e para angariar mais fundos para o museu, oras!). Mas, afinal, o que diabos é Camp?
Não é tão fácil assim de definir (e vale muito conferir o trabalho da autora para uma visão mais aprofundada!), mas, de forma simplificada, é um tipo de sensibilidade criadora – e sensibilidade nunca é uma coisa fácil de explicar – que não é natural, pelo contrário, ela é atraída para o artifício. É uma inclinação pelo exagerado, pelo lado teatral da vida e uma visão de mundo com mais bom humor. É o “bom” porque é, para o senso comum, horrível. O Camp tem por vocação destronar a seriedade tradicional. Ser extra. Não que ele não seja sério, ele é, mas é uma seriedade um tanto ingênua. Normalmente e idealmente o que ou quem é Camp não sabe que é Camp. Quando o Camp é feito justamente para ser Camp ele perde a ingenuidade e se transforma em pretensão.
Sabe quando a Kim Kardashian usou aquele vestido com estampa do sofá da avó no Met Gala de 2013? Aquilo era Camp! Não era sobre a roupa em si, mas o modo como ela foi apresentada, com toda aquela pompa e seriedade… Na cabeça dela, aquilo era sensacional – e, de certa forma, era mesmo -, mas, no fim do dia, era só mais um vestido bobo no qual a extravagância da performance fez o look, sabe?!
O que nos leva ao Baile deste ano: Anna Wintour, a chefona da p*rra toda, colocou nas mãos das personalidades convidadas um tarefa dificílima: como se vestir deliberadamente de forma Camp? Como fazer com que looks das grandes casas de luxo sejam Camp? E, principalmente, como pessoas (celebridades e profissionais do mundo fashion) que sempre usaram a moda para autopromoção e de uma forma mais conservadora (salvo algumas exceções!) iriam entregar momentos verdadeiramente Camp? Para surpresa geral, o resultado foi incrivelmente positivo e Camp. Até mesmo o implacável tribunal da internet (em partes) concordou!
Abaixo, nossas impressões de quem realmente “entregou” o tema proposto.
Lady Gaga
Se Lady Gaga, uma das Rainhas do Camp e a pessoa que já usou um vestido de carne (Camp!), não acertasse no look e não entendesse o tema, o futuro da humanidade certamente correria perigo. Teatral como nunca, ela proporcionou um espetáculo de 15 minutos no tapete vermelho – uma honra para poucas, já que tudo nesse evento é extremamente cronometrado. Primeira celebridade a chegar (depois da Anna Wintour) e uma das anfitriãs do evento, ela homenageou a arte das revelações de look, aprimorada pelas drag queens, e trocou de roupa por quatro vezes. Sendo a última, uma versão drag dela mesmo. Em resumo, deu aos gays e à internet tudo o que eles queriam: um show de exuberância, diversão e memes.
Veredito: Camp.
Billy Porter
Como Sontag diz no ensaio, Camp é uma sensibilidade “mais ou menos” inventada pelos gays – não que ele foi e seja exclusiva deles e do mundo LGBT, mas certamente eles estão na vanguarda. Então, também não é de se espantar que Billy Porter, ator da série “Pose” assumidamente homossexual, tenha entendido tão bem o tema deste ano. Sim, o look The Blonds era realmente incrível, as botas com glitter Giuseppe Zanotti também, e as asas com mais de três metros de altura um show à parte, mas não é somente de dourado e de uma horda de homens seminus carregando você em um dos eventos mais fashionistas do ano que fazem uma produção Camp. A seriedade da pose do ator, a ligação dele com a comunidade drag e, por deus, todo o absurdo e humor dessa situação fizeram dessa entrada um dos grandes momentos da noite e um dos looks mais Camp a pisar naquele tapete vermelho.
Veredito: MUITO Camp.
Celine Dion
Qualquer coisa usada por Celine Dion nos anos 1990 (exemplo 1, exemplo 2, exemplo 3), é mais Camp do que esse look inspirado nos figurinos das Ziegfeld Girls, grupo de coristas, dançarinas e atrizes do teatro Ziegfeld Follies. A questão, no entanto, é que Celine Dion é Camp e, se ela tivesse ido ao Met Gala deste ano de calça jeans e camiseta, entraria nesta lista.
Veredito: Camp honorária.
Janelle Monáe
Tecnicamente, Janelle Monáe apresentou um look surrealista no tapete vermelho. Sem dúvida, um incrível look surrealista feito com perfeição e exclusividade por Christian Siriano. No entanto, um pequeno detalhe fez a coisa toda ser Camp (não, não foi o maravilhoso chapéu feito de chapéus que se tinha uma pessoa perfeita para usar, essa pessoa seria ela): o peito-olho dela simplesmente PISCAVA. E isso, minha gente, é MUITO Camp!
Veredito: Camp, mas quase não-Camp.
Elle Fanning
É retrô, é Camp-cafona, é sobre usar roupas e bijuterias baratas (mesmo que não seja o caso dela aqui), mas fingir (sem saber) que são o último grito (não são). Elle personificou de forma surpreendentemente perfeita alguma garota ~má~ estrela de algum filme do John Walters, conhecido pelo cinema Camp. O melhor? Ela vendeu isso muito bem no tapete vermelho.
Veredito: Camp.
Lupita Nyong’o
“Próxima participante do reality show Rupaul’s Drag Race, Lupita Nyong’o costuma definir a drag dela como uma mistura irreverente de Maria Antonieta e Divine. Ela gosta de misturar peças de grandes estilistas com coisinhas que elan acha nos brechós da vida. Se define como uma garota fashion e se pudesse ser algo, definitivamente seria um arco-íris”.
Veredito: Camp.
Kacey Musgraves
É divertido, é a versão drag da Barbie, é ingênuo, é o Camp na sua forma mais pura e simples. E, claro, o fato dela ter chegado em uma versão do carro da boneca, de usar uma bolsa-secador como acessório e posar como se ela fosse mesmo de plástico, ajudaram bastante.
Veredito: Camp.
Katy Perry
A linha entre fantasia e Camp é bastante tênue e, dependendo do viés da pessoa que julga, pode pender para um lado ou para o outro. Ela parecia saída de uma versão teatral de “A Bela e a Fera”? Sim. Mas o comprometimento em levar esse (pesado) look para o tapete vermelho, o espetáculo absurdo proporcionado (não teve como não rir quando ela apareceu na TV) e todo o histórico (Camp!) dela acenderam (ops!) uma luz (ops!) de complacência por aqui.
Veredito: Camp pelo conjunto da obra.
Florence Welch
É como se ela tivesse sido convidada para um live-action de “She-Ra e as Princesas do Poder” ou estivesse pronta para fazer uma ponta como feiticeira misteriosa no episódio final (que nunca foi ao ar) de “Caverna do Dragão”. É não-intencionalmente divertido e isso é Camp!
Veredito: Camp.
Ezra Miller
Assim como Janelle, é um look um tanto surrealista, mas a brincadeira com a androginia e a estupenda maquiagem com ilusão de ótica (ops!) fizeram dessa produção uma das mais Camp e antenadas na noite. Uau.
Veredito: Camp.
Lizzo
O flamingo mais Camp do evento – e isso é um elogio.
Veredito: Camp.
Cardi B
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA. Por favor, ela apareceu com mamilos e uma vulva de lantejoula! Lembra que o Camp também é o antinatural? O exagero das formas da natureza? Se isso não for Camp (e todo o espetáculo que foi a aparição dela no tapete vermelho), todas as luzes do candelabro-Perry deveriam apagar nesse momento!
Veredito: Totalmente Camp.
Kristen Stewart
Segundo Sontag, Camp também é sobre androginia, sobre ver beleza do feminino no masculino e do masculino no feminino. Kristen foi uma das poucas convidadas do evento que lembrou disso. Além disso, ela parece ter saído de algum anime sci-fi japonês. Arrasou!
Veredito: Camp
Hailee Steinfeld
É uma ironia genial usar o vestido Viktor & Rolf com a mensagem “sem fotos, por favor” em um dos eventos com mais cobertura midiática (e fotógrafos!) do ano. Mas somente isso não seria suficiente para um look ser considerado Camp. Acrescente aí, porém, as poses absurdas dela no tapete vermelho e você tem uma performance divertida, exagerada, teatral e Camp!
Veredito: Camp graças ao comprometimento com a performance.
Zendaya
Zendaya usou um vestido de Cinderella com luzes de LED que se acendiam após a fada-madrinha dela (o stylist Law Roach) usar a varinha de condão e ainda perdeu o sapatinho de cristal nas escadarias do Met. Um momento Camp e mais uma performance inesquecível da atriz no evento. Essa garota sabe mesmo das coisas.
Veredito: Camp.
Jared Leto
Um pouco egocêntrico demais? Com absoluta certeza. Camp? Definitivamente.
Veredito: Camp.
Joan Collins
Você não faz uma festinha Camp e simplesmente não chama uma das maiores musas do Camp de todos os tempos! Estrela da novela “Dinasty”, sucesso Camp dos anos 1980 , Joan Collins é uma lenda viva e se vestiu como Alexis Carrington, a personagem dela na trama, para ganhar a internet. Perfeita.
Veredito: Camp com louvor.