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Estilista Fábio Costa ousa ao criar coleção a partir de máscaras

Fundador da NotEqual e integrante do coletivo Célula Preta, o profissional fala sobre inspirações e impactos do racismo no mundo da moda

Por Ana Carolina Pinheiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 nov 2020, 21h41 - Publicado em 25 nov 2020, 21h07

Mineiro, filho único e criado pela avó. Para o estilista Fábio Costa, formado em Design de Moda pela Universidade FUMEC, estar só não é sinônimo de desconforto, tanto que o seu trabalho no período pré-pandemia já era dentro de casa com a sua própria companhia. “Tenho medo de, quando a coisa realmente voltar, ter pedido o tato pessoal”, confessa o profissional, que apresentou a coleção Totem, da sua plataforma NotEqual, nesta terça-feira (24) na Casa de Criadores.

Se o isolamento não modificou tanto sua rotina, a produção criativa por sua vez foi totalmente afetada. Afinal, ele lembra que a moda é um grande reflexo social. “Comecei a produzir máscaras para pessoas próximas, porque pensava: ‘como vou fazer uma blusa ou quem tá precisando de roupa agora?’”, questionou-se. Longe das tendência, para Fábio, o estudo de medidas é a sua principal busca na moda. No estilo do seu trabalho, o corpo é que deve dar forma para a roupa.

O envolvimento com o item que mais ganhou importância nos últimos oito meses ganhou um ar lúdico despretensiosamente. Na desconexão de tecidos jogados em seu ateliê, a imagem de rostos saltou em seu imaginário. A partir dessa abstração, veio desejo de materializar essas imagens, gerando um material que foi divulgado em seu perfil no Instagram e serviu de ponto de partida para a criação da coleção.

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Com o convite para compor o line up da Casa de Criadores, Fábio voltou a se questionar qual relevância gostaria de transmitir como marca e, mais do que isso, o que ele mesmo estava sentindo. “Pensei em trazer a máscara como vestimenta e não acessório e entender o personagem que se cria com esse micro espaço entre a pele e o tecido”, elabora sobre a construção do que chama de “folclore imaginário”.

No filme divulgado ontem, é possível ver a evolução dessas máscaras, que foram associadas com os quatro elementos fundamentais e representados por animais. “As máscaras são feitas por meio de moulage [técnica de modelagem tridimensional], com proporções extrapoladas para se distanciar da figura humana. Há também renda dos anos 20, técnicas artesanais com barbante e metal de colar beduíno”, descreve.

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Assim como o recado que deixa com a coleção, de que esse retorno dos elementares poderia ser um sinal de reset do mundo, o estilista também passa por um momento pessoal de revisão. Integrante do coletivo de designers negros da Casa de Criadores, a Célula Preta, ele conta que a sua existência negra na moda, muitas vezes solitária, pode ter sido naturalizada em uma tentativa de frear gatilhos.

“Eu acho que internalizei essa dor para não fazer disso uma depressão por ver tantas potências sendo deixadas de lado”

Fábio Costa

“Revejo parâmetros pessoais, como criador e repenso reparação para profissionais como o Weider Silveiro, que já está na Casa há 15 anos, ou como eu, que, mesmo participando de reality show do segmento e sendo o único a ter uma coleção sobre candomblé e barroco em acervo de museu americano, já vi editor de moda sem nunca ter ouvido falar do meu trabalho. Se essas vivências fossem de pessoas brancas, elas teriam outros lugares e mais visibilidade”, afirma. Fábio participou de três edições do programa de moda Project Runway.

Para ele, a célula é aconchego e recepção para falar e ouvir sem julgamentos. “Olhando para os integrantes, todos nós costuramos, modelamos e fazemos a parte gráfica. Não que na Casa de Criadores não seja assim, mas é uma realidade que os independentes brancos não têm. É a união pela força das diferenças, não por semelhanças”.

Assista ao filme da coleção Totem, apresentada na segunda noite da Casa de Criadores:

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