Alta-costura outono/inverno 2023: os destaques do último dia
Fendi, Ashi e Juana Martín trouxeram referências da arte para criar desfiles com maestria
A Semana de Alta-Costura de Paris chegou ao fim nesta quinta-feira (06). Mais de 30 marcas se apresentaram na capital francesa desde o dia 3 de julho, com uma moda que dá gosto de ver. Entre arte, questionamentos e muito talento, desdobram o mundo fashion e levaram as produções a outro patamar. Hoje, trouxemos as grifes que se destacaram no último dia do evento.
A moda apaixonante de Mohammed Ashi
Ashi Studio deu play no evento com uma coleção inspirada no romance O Perfume, do alemão Patrick Süskind. Paixão, obsessão e mistério permeiam silhuetas dramáticas, encarnando a busca visceral pela expressão máxima da arte.
Mais do que uma coleção de alta-costura, hoje o saudita Mohammed Ashi, que comanda a marca, fez história como primeiro estilista do Golfo Pérsico no calendário da alta-costura de Paris, depois de ser oficialmente aceito na estimada Fédération de la Haute Couture no início deste ano.
Porque moda também é arte
Juana Martín levou as criadoras do cubismo à passarela de Paris, apostando no cruzamento entre volume e raízes andaluzas, como referências à história recente de Espanha. A escolha desse movimento artístico aconteceu pela busca de interpretar a realidade a partir da máxima do que parece ser mas não é.
Intitulado Fauves, em homenagem aos primeiros artistas cubistas responsáveis por desconstruir as formas tradicionais de corpos e objetos com seu estilo, foca na abstração com volumes inusitados.
Além de claras referências a Pablo Picasso, trouxe a riqueza nos ornamentos de prata, nas máscaras volumosas e nos conjuntos em patamar conceitual. Também fez da moda uma ferramenta para resgatar o passado: “Cada vestido tem um nome e conta uma história do desespero à democracia, passando pela rebelião”, disse Martín.
Elementos como as flores que saem do corpo e a importância do artesanato se repetem, com abundância de bordados à mão ou olhos de cristal, que lembram os de Guernica.
Back to basics
Não é o exagero que faz a couture, mas sim a maestria. Fendi provou isso ao apostar em uma paleta de beges, pretos, marrons, verdes e vermelhos, cores mais sóbrias comparadas as que foram usadas nas temporadas anteriores.
Os looks foram apresentados junto a coleção de alta joalheria da casa. O luxo apareceu nos plissados, nas silhuetas acinturadas e no minimalismo, que, em conjunto, moldaram o corpo com sutileza. A apresentação terminou com visuais bordados e aplicações, que trouxeram brilho e textura para essa temporada da maison.
Drapeados que lembram esculturas gregas, fluidez das mangas que se juntam à barra dos vestidos nos ajuda a contar a história de que o corpo humano está interligado a arte e arquitetura que o cerca. Um belo final, né?