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‘Não sentia nada’: A doença que atinge 500 milhões e muda vidas sem avisar

A médica Adriana Orcesi alerta: o fim da vida reprodutiva vem acompanhado de fortes transformações invisíveis, como a osteoporose

Por Lorraine Moreira
18 nov 2025, 09h00
Colagem com foto de Adriana Orcesi. A foto dela está preta e branca e ela olha para o lado
Adriana Orcesi é presidente da Comissão Especializada em Osteoporose da FEBRASGO  (Colagem/ Mika Nanba/CLAUDIA)
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Andava pelos corredores do hospital com pressa. Não procurava pacientes, objetos, nem mesmo queria ser atendida. Adriana Orcesi escapava do conforto da sala médica, onde deveria ficar, apenas para acompanhar as visitas que seu pai fazia aos pacientes.

Cirurgião de profissão, ele cedia aos pedidos da filha para conhecer o ambiente hospitalar. “Uma hora meu pai disse: ‘Não tem jeito, né?’”, lembra. “Todo mundo no hospital passou a me conhecer.”

Não foi surpresa quando, anos mais tarde, a jovem decidiu-se pela medicina. “Era a única profissão em que pensava”, lembra Adriana. Entrou para a residência em ginecologia na Unicamp e, por lá, também voltou seus olhos a uma parte do corpo por vezes esquecida: os ossos. Essas áreas de interesse podem parecer distantes na medicina, mas estão intimamente ligadas.

Prova disso é que, quando a menopausa dá as caras, os ovários diminuem a produção de estrogênio, principal hormônio responsável pela saúde óssea feminina. A partir daí, a osteoporose tem mais chance de aparecer.

“Sem a produção de estrogênio, até 30% do conteúdo mineral pode ser perdido por ossos trabeculares (esponjosos) — nas extremidades de ossos longos, vértebras, costelas, pelve, punho, tornozelo e crânio. Isso torna a mulher vulnerável”, explica Adriana. A condição enfraquece o esqueleto e aumenta o risco de fraturas espontâneas ou por mínimo trauma”.

Nem todo mundo sabe, mas a doença é subestimada. “Até os 90 anos, uma mulher tem 10% de chance de desenvolver câncer de mama e 50% de chance de sofrer uma fratura decorrente da osteoporose”, compara a médica. Queixas como “mas eu não sentia nada” e “não sabia que era tão comum” são frequentes nos consultórios, segundo Adriana, por ser uma doença silenciosa.

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Como a osteoporose impacta a vida das mulheres depois da menopausa

A estimativa é que cerca de 500 milhões de pessoas vivam com osteoporose no mundo. Ainda assim, 80% dos pacientes não são diagnosticados ou tratados. Os dados são da International Osteoporosis Foundation. “Entre os que iniciam o tratamento, metade o abandonam no primeiro ano”, revela a ginecologista.

Mas basta uma fratura para a história de alguém ser transformada para sempre. A paciente, em geral, perde a autonomia em tarefas básicas como se alimentar, tomar banho ou se vestir, passa a conviver com dor crônica, danos à autoestima e uma qualidade de vida pior.

E os impactos vão além dos prejuízos individuais. “Após uma fratura, cerca de 80% das mulheres não retomam uma vida ativa. Muitas estão em plena atividade quando são interrompidas por algo que poderia ser evitado, e isso também impacta a economia da sociedade, de um país”, alerta Adriana.

O cenário preocupa diante das projeções. Até 2050, o Brasil poderá registrar cerca de 500 fraturas de quadril por dia, segundo dados do Journal of Bone and Mineral Research. “Imagine a demanda por cirurgiões ortopédicos, centros cirúrgicos, internações, UTIs, clínicas de reabilitação”, pondera a médica.

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A importância da prevenção precoce

Parte da solução está na prevenção, que pode — e deve — começar anos antes da menopausa. Durante a gestação, a suplementação de cálcio e vitamina D contribui para a formação de ossos mais fortes no bebê.

Já na adolescência, quando ocorre o pico da massa óssea (cerca de 95% da mineralização acontece até os 18 anos), recomenda-se alimentação equilibrada, prática regular de exercícios e evitar tabagismo e consumo de álcool.

Ainda que o ideal seja se prevenir da osteoporose desde cedo, nunca é tarde para cuidar da saúde dos ossos. Manter uma dieta rica em cálcio, níveis adequados de vitamina D, ingestão suficiente de proteínas, evitar hábitos prejudiciais e praticar atividade física regularmente são medidas obrigatórias — e se você já está na menopausa e ainda não segue esses passos, chegou a hora.

Além disso, é preciso quebrar o silêncio sobre a doença, como Adriana tem feito. Há mais de uma década, ela está à frente da Comissão Especializada em Osteoporose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

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A menina que andava pelos corredores do hospital atrás do pai segue caminhando com passos firmes, trabalhando para que a osteoporose deixe de ser uma doença invisível.

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