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Colete que simula fogacho mostra aos homens como mulheres se sentem

Médico ginecologista relata a experiência e ressalta que atenção aos sintomas devem ser redobrados

Por Prof. Dr. Marcelo Steiner
4 nov 2025, 14h38
Colete que simula fogacho mostra aos homens como mulheres se sentem
Médico testa um colete que simula fogachos e relata a experiência (Freepik/Reprodução)
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Sou ginecologista há muitos anos. Já ouvi incontáveis relatos de mulheres descrevendo as ondas de calor e os suores noturnos da menopausa – ou, como chamamos tecnicamente, sintomas vasomotores. Sempre procurei ouvir com atenção, compreender e oferecer tratamento. Mas, até pouco tempo atrás, essa compreensão era, inevitavelmente, teórica. Eu sabia o que eram os fogachos… Mas não sabia como era tê-los.

Recentemente, durante um simpósio sobre o tema, vivi algo inédito: experimentei, de forma simulada, as ondas de calor. Usei um colete desenvolvido especificamente para isso, para que homens pudessem sentir na pele e se conscientizar do que é ter um fogacho. E posso dizer, sem exagero, que essa vivência mudou a minha forma de enxergar o que tantas mulheres enfrentam diariamente.

A sensação começou de repente, no tronco, como se alguém tivesse acendido um aquecedor dentro de mim. Em segundos, o calor subiu para o rosto, invadindo a cabeça, acompanhado de um desconforto que não é apenas físico — é também mental. É como se o corpo dissesse: “Pare tudo, algo está acontecendo”. E, de fato, é impossível ignorar.

Quando senti, percebi o quanto isso pode interromper qualquer atividade. Imagine estar no meio de uma reunião, escrevendo um relatório, dando uma aula… E, sem aviso, ser tomado por um calor intenso, suor e desconcentração. Aconteceu comigo, perdi o raciocínio. É um incômodo que não pede licença. Ele simplesmente chega, e chega forte. Eu pude tirar o colete e o mal-estar passou. Mas as mulheres não têm essa opção.

Agora, multiplique essa experiência por várias vezes ao dia, todos os dias, durante semanas, meses ou até anos. Pense no impacto sobre o sono, quando a pessoa acorda suada e desconfortável, e depois não consegue voltar a dormir. Pense no humor, na paciência, na energia para enfrentar o dia.

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Eu, que sempre busquei valorizar o relato das minhas pacientes, hoje valorizo ainda mais. Porque não é apenas um sintoma: é algo que pode afetar profundamente a qualidade de vida, a produtividade no trabalho, a concentração, as relações pessoais e até a autoestima.

Essa vivência me fez refletir sobre duas coisas. Primeiro: nunca devemos banalizar o que as mulheres sentem. O que para quem está de fora pode parecer “só um calorzinho” é, na verdade, um evento que mexe com o corpo e a mente. Segundo: empatia é uma ferramenta clínica poderosa. Quando entendemos de verdade o que o outro vive, nossa abordagem muda. Passamos a tratar não apenas a condição, mas a pessoa.

Ondas de calor e suores noturnos, se não tratados, podem causar danos a longo prazo, como aumentar o risco cardiovascular e a perda cognitiva. Para lidar com esses sintomas, a terapia de reposição hormonal (TRH) é uma das abordagens mais adotadas. Porém, há uma crescente necessidade por tratamentos não hormonais – medicamentos que ainda aguardam autorização regulatória no Brasil.

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Saí dessa experiência com uma certeza: precisamos falar mais sobre menopausa, combater o estigma e oferecer tratamento adequado. E, para meus colegas médicos — especialmente os homens —, deixo um convite: escutem com atenção, perguntem mais, valorizem cada relato. Porque agora eu posso dizer: eu senti na pele uma pequena amostra do que elas sentem. E é desafiador. Muito desafiador.

* Marcelo Steiner é ginecologista especializado no Climatério e em Planejamento Familiar pela Faculdade de Medicina do ABC e Emory University (EUA).

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