Curvas na decoração são tendência e refletem necessidade de aconchego
Seriam as curvas o novo pretinho básico da decoração? As linhas sinuosas estão por todos os lados e trazemos belos projetos para se inspirar
Elas trazem suavidade, movimento e foram as musas de Oscar Niemeyer por toda a sua carreira. “Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro no curso sinuoso dos nossos rios, nas nuvens do céu… De curvas é feito todo o universo”, declarou ele.
Na arquitetura, a sinuosidade sempre cumpriu esse papel atemporal de contrapor a rigidez de estruturas. Entretanto, de uns tempos para cá, tem se feito mais presente ao passo que a sociedade reivindica a necessidade de ver o lar como um refúgio acolhedor. As linhas retas, inspiradas no modernismo do século XX, dão lugar a arcos, bordas, móveis curvilíneos e tudo aquilo que ajude a propiciar um lar suave.
Conforme define a arquiteta Carina Korman (@kormanarquitetos), “as formas orgânicas deixam a decoração mais dinâmica e vibrante e, atualmente, tudo o que queremos é uma casa viva, com as curvas na função de quebrar a monotonia”.
Ao tomar a decisão de manter as estruturas originais e suas formas retas, os arquitetos Gustavo Figueiredo e Lívia Fischer (@figueiredo_fischer) optaram por acrescentar as curvas por meio do mobiliário. Acima, o sofá em linho branco, da Dpot, e a mesa de canto, do Estúdio Orth, traduzem a atmosfera desejada pelos moradores: equilibrar o uso da madeira com texturas e materiais claros, mantendo o espaço iluminado.
O mesmo foi feito no projeto da dupla anterior, de Márcia Jabur (@sambaporter.arquitetura), onde as linhas arredondadas dão movimento ao living deste apartamento antigo e amplo. À exemplo do vaso, luminária e das poltronas vazadas.
Já a paixão pelas plantas garantiu movimento ao apartamento da arquiteta Marina Mello (@tercaarquitetura), que trouxe para a sala (na dupla anterior) vasos de tons terrosos em material reciclado, da Vasap, e as delicadas luminárias Kiyoshi, da designer Mel Kawahara.
Mas as curvas não se limitam ao espaço verde, a mesa de centro e de jantar foram especialmente desenhadas por Gustavo (@mobu_atelier), marido da arquiteta e também morador deste apartamento dos anos 1960. Ao lado, detalhes da mesa de centro Ita, que mescla mármore Roma Imperiale e madeira Wengé, o centro da peça esconde uma tábua removível para aperitivos.
“Expusemos os pilares do prédio e depois fizemos uma concretagem deles: transformamos pilares quadrados em circulares, bem imponentes”, detalha Marina. Inclusive, é esse pilar também que serve de suporte para a mesa de jantar, abaixo, que fica escorada por uma viga metálica engastada, totalmente suspensa.
Quando apresentadas nas estruturas, as curvas são ainda mais cativantes. De beleza imponente, a escada em espiral na página anterior foi mantida da construção original desta casa de 623m², no Leblon. Para isso, as arquitetas Adriana Valle e Patricia Carvalho (@migsarquitetura) recuperaram o piso revestido com lâminas de peroba do campo.
“Adoramos a escada, mas o corrimão apresentava uma pintura antiga. Então, o desgastamos até chegar nessa linda madeira”, relatam as profissionais, que ainda acrescentaram a luminária assinada por Guilherme Wentz em diferentes alturas, valorizando o pé-direito alto.
De acordo com o designer, a peça pendente levanta conceitos abstratos, como a sensação da gravidade presente na composição do objeto. Assim como a iluminação, a preferência por itens nacionais também está nas escolhas dos móveis, com peças de Maria Cândida Machado, Claudia Moreira Salles, entre outros nomes. Da sofisticação à referência ao trabalho de Niemeyer, uma coisa é certa: as curvas sempre têm um toque de leveza para agregar ao lar.