Como é visitar uma vinícola? Da uva à taça, veja a experiência completa
Guaspari, no interior de São Paulo, oferece visitas com café da manhã, passeio pelos vinhedos e até almoço harmonizado

Quem gosta de vinho já deve ter se perguntado o caminho que a uva faz até ser transformada na bebida e levada à garrafa. É possível acompanhar parte desse processo na vinícola Guaspari, em Espírito Santo do Pinhal (a 190 km de São Paulo), que realiza visitas guiadas com café da manhã e passeio pelos vinhedos. CLAUDIA acompanhou a Visita da Vindima e conta tudo o que acontece.
Como é a experiência em um vinícola
A safra é colhida nos meses de julho e agosto, para aproveitar melhor a amplitude térmica, insolação e ausência de chuvas na região. Depois do café na manhã na fazenda – adquirida pela família em 2001 – você é levado de caminhão até os vinhedos.

No caminho, passamos por cafezais (a cidade é conhecida como a “capital estadual do café” e a safra da fazenda é vendida em microlotes). Chega-se então ao ponto mais alto, a 1.280 metros, conhecido como “Pista da Serra”, com vista 180ºC para a Serra da Mantiqueira.
Nos vinhedos, as uvas ficam protegidas por telas até o momento da colheita. Mesmo com o uso da tecnologia para detecção de pragas, roseiras também são plantadas à beira das fileiras de vinhedo. Adriano Rafael, sommelier da vinícola que acompanha o passeio, explica o motivo.

“Qualquer tipo de praga ou doença que atacar as videiras, primeiro pega na roseira, por ser uma planta mais sensível. A partir disso, o viticultor identifica se existe alguma praga ou doença se aproximando e consegue realizar um tratamento precoce no vinhedo. Nós plantamos rosas vermelhas para demarcar vinhedos de tintos, e rosas brancas e amarelas para demarcar vinhedos de branco”.
Colheita

Com as primeiras videiras plantadas em 2006, a Guaspari se destaca entre os 29 produtores de vinho da cidade e foi umas pioneiras no manejo de dupla poda, o que permite que as uvas sejam colhidas no inverno, diferente da maioria da produção de vinhos pelo mundo, cujas uvas são colhidas no Verão. Rafael conta como é o processo.
“Para garantir uma colheita de inverno, realizamos duas podas cruciais na videira. A primeira poda, de formação, acontece em setembro. É um processo drástico: literalmente removemos a parte vegetativa da planta com uma motosserra. Em dezembro, a videira começa a desenvolver os primeiros cachos, mas nós os descartamos. Assim, no início do ano, damos início à poda de produção. Essa segunda poda estimula a brotação em março e a floração em abril, permitindo que os cachos se desenvolvam plenamente para a colheita durante o inverno.”

Ele afirma que seria possível produzir de forma natural vinhos licorosos (com teor alcóolico acima de 17%), mas a opção é pelos vinhos tranquilos (abaixo de 16%). Para isso, há um cuidado com a fotossíntese da videira, limitando de 15 a 30 folhas por ramo, o que faz com que os cachos não fiquem tão doces.

E não é só isso: enquanto a colheita não acontece, o acompanhamento inclui recolher folhas das videiras entre 0h00 e 4h00 e colocá-las dentro de uma câmara, para verificar se há estresse hídrico.
A amplitude térmica do inverno na região ajuda no resultado final, revela o sommelier. “Isso é fantástico para a uva. Durante o dia, temos temperaturas de 30ºC, 35ºC, que ajudam no amadurecimento e concentração de açúcar, e, à noite, caem para 10ºC a 8ºC, chegando a 3ºC nas partes mais altas, o que faz engrossar a casca e torna os vinhos extremamente equilibrados”.
Como “nasce” o vinho

Depois de colhidas as uvas, elas passam pela desengaçadeira, que separa os cachos da baga, e são prensadas para obtenção do mosto (a parte líquida que dará origem ao vinho). “Todos os estilos de vinho que produzimos fermentam em tanques de inox e estagiam em barricas de carvalho francês por 6 a 30 meses. Após o quarto uso, vendemos as barricas para cervejarias, cachaçarias, fabricantes de destilados em geral. A Sauvignon Blanc estagia parte em tanques de inox, parte em ‘ovo de concreto'”.

No tanque, a levedura fica no fundo. Um agitador é conectado para movimenta-la. Após o período necessário de quatro dias, o vinho é retirado pelo registro superior enquanto a levedura é descartada. No concreto, não é necessária a agitação, e o processo leva de 8 a 9 dias. O vinho fica em contato com a levedura por um ano para dar mais cor e intensidade ao produto. Depois desse período, é filtrada a parte líquida da sólida para o tanque de inox e envasado nas garrafas, que ficam armazenadas na cave aguardando um ano para serem comercializadas.

Após essa verdadeira aula, os visitantes são levados para o almoço no restaurante com um cardápio criado pelo chef Tuca Mezzomo, do Charco Restaurante. Um amuse-bouche com charcutaria e panificação artesanais fica à disposição e, em seguida, é servido um menu em quatro tempos – cada um harmonizando com os vinhos da Guaspari – finalizando com picolé de coco. A experiência, que dura cerca de 6 horas e vai até 27 de julho, custa R$ 980 por pessoa e deve ser reservada no site.

Para agosto, é possível reservar a Degustação Vista, com duração de 2h30 e incluso café e pão de queijo, visita aos vinhedos e à parte da fabricação dos vinhos, além de degustação de quatro rótulos harmonizada com bruschettas, a R$ 348 por pessoa. Reservas aqui.
Vinícola Guaspari – Visita da Vindima 2025
Onde: Rua Pedro Ferrari, 300, Espírito Santo do Pinhal (SP)
Quando: aos sábados e domingos, até 27 de julho
Reservas: no site.
Informações: (19) 99885-9664 ou por e-mail.
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