O jantar de Dia dos Namorados do chef Henrique Fogaça para a sua esposa
Ele é durão quando pega no batente, na cozinha ou na TV. Mas, em casa, o chef transborda carinho e afeto por Carine, sua mulher, como neste jantar
“Hoje eu tô azedo”, diz Henrique Fogaça, 44 anos, ao entrar no seu apartamento, no centro de São Paulo, depois de uma manhã agitada de trabalho. Ele tem cara de bravo e olhar intimidador. É de poucas palavras, fala grosso, tem papo reto. Mas, ao passar horas ao seu lado, percebe-se um coração em ebulição. Especialmente quando o assunto é amor.
O chef, que recentemente trocou alianças com a engenheira química Carine Ludvic Fogaça, 26 anos, conta que o romance o pegou de surpresa. E de jeito. Era julho de 2015 quando os dois se conheceram, seis meses depois de o chef se separar da psicanalista Fernanda Corvo, com quem viveu 18 anos e teve dois filhos – Olivia, 11 anos, e João, 9.
A convite de um amigo em comum, Carine foi ao motoclube que Fogaça frequenta. Estava acompanhada de amigas fanáticas por MasterChef, o reality culinário da Band, do qual ele é jurado. “Não tinha pretensão alguma”, relembra a paulistana. A primeira impressão não arrancou suspiros. “Achei-o mais baixo do que aparentava na TV”, afirma, rindo. No dia seguinte, combinaram de ir a uma festa. “Dei um beijo nela”, lembra o chef.
Dali em diante, a conversa rolou solta. Tiveram encontros às escondidas. “Sou cauteloso. Não queria constranger a minha ex”, explica. “Mas comecei a sentir a mão gelada, coisa de adolescente, sabe?”, confessa o durão, já amolecido. Carine revela que a intensidade com que o parceiro vive chamou sua atenção.
O paulista de Piracicaba anda a mil por hora. Comanda quatro casas na capital – o restaurante Sal Gastronomia, com duas unidades, o Jamile e o bar Cão Véio. É vocalista de uma banda hardcore e embaixador de uma marca inglesa de moto. Ainda cumpre a rotina de gravações na TV. Foi por causa da exposição, aliás, que virou uma marca forte.
“Recebo muitas propostas de parcerias, mas só faço o que acredito. Não quero virar carne de vaca.” No tempo livre, anda de skate, luta muay thai e se dedica, em fins de semana, aos três filhos. Ele também é pai de Maria Leticia, 2 anos e meio, fruto de uma breve relação mantida antes de encontrar Carine. As necessidades especiais da primogênita levaram Fogaça ao voluntariado.
Entre as várias ações, dá aulas de culinária a pessoas com síndrome de Down. “Uma das minhas tatuagens é o 1%. Representa a população que faz coisas por uma sociedade melhor”, diz em tom contestador. “Vem do movimento punk”, justifica. Carine o incentiva, mas puxa o freio de vez em quando. “Equilíbrio é tudo. Cobro o autocuidado, a presença na vida dos filhos, as nossas viagens a sós.”
Em casa, o chef vive descalço, sem camisa e desliga o celular na hora do jantar. Ainda offline, os dois assistem a séries juntos. Com perfil “meio ogro, meio romântico”, como define, dá palpite em tudo – até no visual de Carine. “Ele quer me ver sempre alinhada, mas sabe que sou desleixada”, explica a mulher de gênio forte que encontrou seu meio- -termo.
Agora investe mais em roupas, mas não abre mão do conforto. Fogaça sorri, satisfeito. Na seara das panelas, ela prefere não se atrever. “Ele se mete tanto que acabo desistindo”, conta. Mas não deixa que isso vire uma questão na relação. “Ajudo lavando os vegetais, além de pôr a mesa. Na verdade, sou um tanto preguiçosa. O Henrique é meu gás”, revela.
CLAUDIA invadiu a intimidade do casal e viu o jantar de Dia dos Namorados que ele elaborou sem frescuras, com o som nas alturas. Entre rock pesado e New York, New York, de Frank Sinatra, Fogaça cozinhou para a amada um cardápio eclético como eles.
Quando começaram a namorar, em 2015, o restaurante Jamile tinha acabado de ser inaugurado. Toda vez que ia lá, Carine pedia a burrata, que também integra o cardápio do Sal. “Cremosa, é daquelas que derretem na boca”, diz ela. No fundo do prato, vai tomate picadinho, marinado no suco de limão e assado. “Preparo pensando nela”, diz Fogaça. Para aconchegar, um creme de abóbora finalizado com ovo de codorna frito. “É uma receita que aproxima, perfeita para o dia”, opina o chef. Outra ideia é fazer com batata e queijo gratinado por cima.
Antigourmet assumido, Fogaça gosta mesmo é do bom e simples arroz com bife, farofa e ovo frito. E não faz questão de frequentar lugares famosos – ainda que, no início da carreira, tenha estagiado no estrelado D.O.M., de Alex Atala. No dia a dia, leva algo pronto dos seus restaurantes para jantar em casa. “Ou pedimos comida japonesa”, conta.
Mas, quando a ocasião é especial, arranja tempo para cozinhar e faz, com esmero, o saboroso polvo com creme azedo – o mesmo usado na receita da vieira – , arroz sete grãos e a suculenta costela, acompanhada de tomate recheado com farofa de shimeji. “Testei um dia a receita e Carine aprovou. Deve entrar para o cardápio do Sal em breve”, adianta.
“Pensei numa opção calorosa para os dias frios”, afirma Fogaça sobre a sopa de frutas vermelhas com praliné e sorvete de zabaione. Outra opção de sobremesa, mais adocicada, é a banana com doce de leite caseiro e sorvete de creme (na página ao lado). “Criamos durante um momento de gula em casa. Daí o Henrique incrementou com o biscotti (biscoito italiano de amêndoa) para poder servir no Sal”, conta ela. Ao se mudar para o apê do chef, Carine deu seu toque no décor. Concentrou os objetos de caveira em um só canto – um deles abriga até suculentas – e espalhou plantas e arranjos por todo lado.
Confira as receitas:
Bloody Mary (sem álcool)
Burrata com pesto
Vieira com creme azedo
Creme de abóbora com ovo de codorna
Polvo com arroz sete grãos
Costela com tomate recheado
Doce de leite com banana e biscotti
Sopa de frutas vermelhas com praliné
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