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Um simples xis desenhado na mão vai denunciar a violência doméstica

A campanha foi criada para incentivar cada vez mais mulheres a buscar ajuda em meio à pandemia do novo coronavírus

Por Colaborou: Esmeralda Santos
Atualizado em 16 jun 2020, 21h31 - Publicado em 16 jun 2020, 20h00

O “Red Dot” é um ponto vermelho que as mulheres na Índia usam na palma da mão para indicar que estão sofrendo violência doméstica. A campanha surgiu depois do aumento recorrente de casos em função do isolamento social causado pelo novo coronavírus.

No Brasil não foi muito diferente. Com implementação da quarentena em todo o país, os casos tiveram um aumento de 22,2% em cerca de 12 cidades.

Inspirado na Red Dot e pensando principalmente na segurança das mulheres, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) criaram a campanha Sinal Vermelho contra a violência doméstica.

A forma de denunciar é simples e consiste em um gesto bem parecido com o red dot – a vítima precisa apenas mostrar a algum funcionário de uma farmácia um X vermelho em uma das mãos, indicando que está sendo vitima de violência doméstica.

“Sinal vermelho significa ‘pare’. O xis feito com batom que é inequívoco, pode ser facilmente apagado da mão, logo a vítima poderá voltar pra casa e o agressor não saberá da denúncia”, explica Renata Gil, presidente da AMB.

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Depois que a denúncia for acolhida pela farmácia, o 190 será acionado e uma viatura da Polícia Militar será encaminhada até o estabelecimento e levará a vítima para o registro da ocorrência e aplicação da medida protetiva. “É um grito de socorro para quem não consegue usar os canais tradicionais e ordinários de denúncia, pessoas que estão sob domínio do agressor”, diz Renata.

Apesar de existir muitos canais de denúncia, os profissionais que acompanham os dados sobre a violência domesticam sentiram que ainda era ineficiente. Era preciso pensar em algo que as mulheres se sentissem seguras e não com medo ou vergonha de denunciar os agressores.

“A AMB juntou todas as partes necessárias e pensamos em um estabelecimento com melhor perfil para que essa denúncia fosse viabilizada”, explica Renata. As farmácias foram escolhidas porque estão sempre abertas durante o isolamento social, são ambientes neutros – são facilitadores e a mulher vítima não se sentirá intimidada ao entrar, e existem farmácias em todos os lugares e bairros.

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Os funcionários das farmácias são facilitadores das denúncias

Por medo das retaliações, muitas pessoas sentem medo de ajudar a vítima a realizar a denuncia. Essa é uma das dificuldades que muitas mulheres enfrentam, não se sentindo apoiadas a dar um fim na situação. No caso dos funcionários das farmácias eles não são testemunhas das ocorrências, logo, eles não precisam ser encaminhados até a delegacia.

“Explicamos a eles que não é preciso ter receio, porque o agressor de violência doméstica atua na clandestinidade, dentro da casa. Ele não tem o perfil de retaliação, não temos dados fortes que indicam isso. Como não há alarde e é tudo mais silencioso, o agressor nem saberá qual farmácia foi acionada”, alega a presidente da AMB.

Segundo Renata Gil, as farmácias foram bem treinadas através de vídeos, tutoriais e cartilhas eletrônicas. Mas o principal desafio nesse momento é acionar a Polícia Militar e garantir um atendimento preferencial para essas mulheres. “Queremos esse tipo de atendimento para todos os casos de violência contra a mulher. Essa é uma questão de responsabilidade social nossa, precisamos salvar as vidas dessas mulheres”, expõe Renata.

Já são 10 mil estabelecimentos que aderiram à campanha, e a intenção é que essa rede de apoio e denúncia se expanda para outros estabelecimentos e se torne perene. “Queremos que haja engajamento de toda a sociedade. Pensamos em mercados, bares, restaurantes, locais de fácil acesso que as pessoas entrem sem se notar que estejam indo fazer uma denúncia”, argumenta Renata.

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