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“Meus irmãos e meu pai me apoiaram após o abuso, mas minha mãe não”

A leitora Otávia* foi abusada, aos 4 anos, por um primo que continua falando com a mãe dela como se nada nunca tivesse acontecido

Por Da Redação
Atualizado em 25 set 2020, 09h12 - Publicado em 25 set 2020, 09h00
violencia
 (Palmiro Domingues/Getty Images)
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“Estou dando esse relato porque quero ajudar outras meninas e mulheres que estejam lendo.

Eu sou a caçula de 12 irmãos. Sempre fui uma criança muito feliz. Eu nunca me dei muito bem com a minha mãe, ela trabalhava muito e não tenho nenhuma lembrança dela fazendo carinho quando chegava em casa. Eu era criada por minhas irmãs mais velhas.

Quando tinha 4 anos, um primo do Nordeste se mudou para nossa casa enquanto procurava emprego. Não se deve confiar em parente, porque muitos são doentes disfarçados de boas pessoas. Ele abusou de mim.

Quando já era mais crescida, contei aos meus irmãos sobre esse episódio e também para meu pai. Eles acreditaram em mim e me apoiaram muito. Só minha mãe que preferiu ficar do lado desse primo dela, que ainda ligava lá em casa para conversar. Por que as pessoas não acreditam em crianças?

Foram muitas noites de choro, medo, mas eu não desisti. Nunca precisei ficar do lado dos que têm dinheiro e nem desmerecer minha família. Tenho muito orgulho de mim mesma. 

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Minha mãe hoje tem 90 anos e está com Alzheimer. Meu pai tem 95 anos. Ele é tudo para mim.  Consegui fazer terapias e dividi com meu marido o meu trauma também. Hoje sou professora de inglês e ajudo crianças carentes. Retribuo com o que não tive da minha mãe: cuidado. Ensino as crianças a se valorizarem e serem muito amigas delas mesmas.

Eu queria deixar um recado para quem se sentiu ou se sente sozinho no mundo, como eu me senti tantas vezes: nunca desanime e acredite nas pessoas. Meus irmãos e meu pai acreditaram em mim e me apoiaram.

Um dia, você vai ser uma mulher adulta e vencerá o trauma. Perdoei minha mãe porque acho que ela sempre foi triste por não ter alcançado seus objetivos. Além disso, dei a volta por cima e mostrei que isso é possível.”

A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.

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*Nome trocado a pedido da personagem

O que falta para termos mais mulheres eleitas na política

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