“Ele dizia que, se eu pedisse ajuda, me mataria e ninguém acharia o corpo”
A leitora Paula* foi estuprada pelo tio dos 9 aos 11 anos. Ela afirma que nunca mais foi a mesma e chegou a tentar o suicídio
*Essa matéria aborda conteúdo delicado sobre depressão e suicídio. Se você precisa de ajuda, ligue 188
“Quando eu era criança, morava com a minha avó em Oeiras, no Piauí. Aos 9, meu tio me levou para morar com a família dele em Palmas. Aí começa minha história de terror. Todo dia, quando a mulher dele saía para trabalhar e os filhos iam para a escola, ele me estuprava. Ele me segurava com força e se eu tentava correr, ele pegava uma corda e me batia.
Eu me lembro de uma vez quando a mulher dele viajou a trabalho. Eu fiquei desesperada. Chorava no banheiro, porque sabia que seria pior para mim. Ele me trancava no quarto dele e me estuprava sem parar. Ele dizia para os filhos que eu estava vendo gibis. Uma noite, ele pegou uma faca e cortou meu short inteiro.
Ele me ameaçava. Dizia que se eu contasse para alguém ele me mataria e me esconderia, ninguém mais me acharia. Depois, ele mataria minha mãe e meus irmãos. Ele falava que já tinha abusado de uma irmã dele e de uma sobrinha e que essa última gostava. Ainda dizia que se eu tivesse uma filha mulher, ele também a estupraria.
Fiquei naquele lugar, sendo humilhada, até os 11 anos. Um primo me levou de volta à minha cidade. Eu nunca mais fui a mesma. A tormenta foi tão grande que pensei em tirar a minha própria vida. Graças a Deus eu não fiz isso.”
A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.
*Nome trocado a pedido da personagem