Dicionário feminista: gaslighting, mansplaining e mais termos relevantes
Explicamos o significado das principais palavras utilizadas para identificar o machismo no dia a dia
O que é Gaslighting? E o famoso Mansplaining? É muito provável que você já tenha ouvido estes e outros termos relacionados ao machismo por aí, mas nem sempre conhecemos ao certo os seus significados. Para acabar com as dúvidas e aprender a identificar melhor as situações que vivemos no cotidiano, preparamos um pequeno dicionário feminista com este e outros termos que você precisa conhecer.
Gaslighting
Gaslighting ou manipulação psicológica, em português, designa a violência psicológica e emocional que ocorre dentro de relacionamentos, amorosos ou não. O filme norte-americano Gaslight de 1944 foi responsável pelo surgimento do termo, já que o personagem manipula sua esposa até ela acreditar que está ficando louca, por meio de pequenas manipulações na casa e no dia a dia do casal.
O gaslighting acontece quando um homem leva uma mulher a desacreditar em si mesma e cogitar se ela não está realmente exagerando ou “ficando louca”. Mesmo que entenda que algo está errado na relação, ela não consegue sair da situação, o que causa grande sofrimento emocional na vítima, que fica vulnerável perante o manipulador.
Mansplaining
O mansplaining foi criado pela autora Rebecca Solnit no livro Os Homens Explicam Tudo para Mim, publicado em 2008. A palavra é a união de “man” (homem) e “explaining” (explicação) em inglês. Ele acontece quando um homem tenta constantemente explicar algo para uma mulher quando ela já sabe e até domina acima dele o assunto. A Neurologista Tasha Stanton passou por isso durante uma palestra, quando um homem na plateia a interrompeu sugerindo que ela lesse um artigo que ela mesma havia escrito sobre o tema.
Manspreading
Manspreading, ou man-sitting, é aquela prática masculina de sentar no transporte público com as pernas abertas, ocupando mais de um assento sem necessidade.
Manterrupting
Parecido com o mansplaining, o manterrupting surge a partir da junção das palavras inglesas “man” (homem) e “interrupting” (interrompendo). O termo foi criado pela jornalista Jessica Bennet em janeiro de 2015 para um artigo na Time, e diz respeito ao hábito de interromper mulheres sempre que elas estão falando – o que o responsável pela interrupção não faz com outros homens.
Bropriating
O termo surgiu da junção de palavras em inglês, a gíria “bro”, que vem da palavra “brother” (irmão ou amigo, em tradução livre) e “appropriating” (apropriação, em português). Ele se refere a quando um homem, principalmente em situações profissionais, se apropria de uma ideia originalmente sugerida por uma mulher e leva os créditos por ela.
Slutshaming
A palavra nasceu da união de “slut”, termo em inglês utilizado para se referir a mulheres com comportamentos considerados promíscuos pelo machismo, algo equivalente às palavras “vadia” ou “vagabunda” em português. Já “shaming” vem da palavra “shame”, que significa “vergonha”. Slutshaming, então, é utilizada para identificar discriminações sobre mulheres a partir de estigmas sexuais. Por exemplo, quando alguém discorda de uma mulher e usa palavras de baixo calão e de cunho sexual para ofendê-la, ou usa sua vida pessoal e sexual para desmoralizá-la.
Cultura do Estupro
O termo identifica uma sociedade que diminui, banaliza e tolera as agressões sexuais contra as mulheres, muitas vezes de maneira inconsciente. Isso está diretamente ligado ao machismo estrutural e a objetificação do corpo da mulher que acontece como consequência. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em 2021 o Brasil registrou um estupro a cada 10 minutos. Um exemplo de como a cultura do estupro nos afeta é a falta de credibilidade do relato das vítimas quando denunciam a violência sexual.
Feminicídio
O feminicídio é caracterizado por todo homicídio praticado contra a mulher por razões de gênero, em decorrência da violência doméstica e familiar, misoginia, por menosprezo ou discriminação à condição de mulher. A lei 13.104/15, conhecida como a Lei do Feminicídio, incluiu no código penal brasileiro o crime como qualificador de homicídio. A reclusão vai de doze a trinta anos de pena.
No último ano, de acordo com dados divulgados pelo FBSP, a cada 7 horas um feminicídio foi registrado no país.