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Rami Malek vive Freddie Mercury no cinema

Em entrevista a CLAUDIA, o ator conta como é interpretar o vocalista do Queen no drama biográfico que estreia em novembro

Por Texto: Mariane Morisawa
23 out 2018, 15h15
 (Emma McIntyre/AMA2018 / Colaborador/Getty Images)
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Rami Malek tem aquele ar de quem está sempre numa boa, mas seus grandes olhos verdes denunciam que não é bem assim. No encontro com CLAUDIA, o ator estava preocupado. Afinal, assumiu a responsabilidade de interpretar ninguém menos do que Freddie Mercury (1946-1991), líder da banda Queen, no filme Bohemian Rhapsody.

O ator de 37 anos, famoso pela série “Mr. Robot”, além de tudo é superfã da grupo. “Freddie é um dos artistas icônicos da história. O que me ajudou foi pensar que, em vez de tentar imitá-lo, eu tinha de homenageá-lo. Queria retratar sua essência para que as pessoas pudessem se conectar. Acho que é algo que ele gostaria de ver.”

Incorporar tamanho carisma não era o único desafio. Malek fez aulas de piano e canto e contratou um professor de dança para ajudá-lo a desenvolver os movimentos. Também ensaiou com seus companheiros de banda no filme.

Em alguns trechos, contou com a parceria do músico Marc Martel, que tem voz parecida com a de Freddie, e, em outros, dublou o próprio cantor. O pontapé das filmagens foi uma prova de fogo: a encenação do festival Live Aid, de 1985, que toma quase meia hora da trama. “Não dormi na noite anterior”, confessou Rami. “Mas me preparei tanto que mesmo agora, meses depois, conseguiria fazer aquela sequência inteirinha de novo.” Nas fotos de bastidores, é possível ver o piano ensanguentado após as cenas, entregando a intensidade de Rami. “Eu disse ao produtor Graham King que faria qualquer coisa pelo papel dos sonhos.”

Quando ficou sabendo que era o único candidato ao personagem, recorreu, como sempre, à mãe, a contadora Nelly, e ao irmão gêmeo, o professor Sami. “Ambos me olharam incrédulos. Até acharam que eu tinha inventado.”

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Filho de imigrantes egípcios da religião cristã copta, ele é bem próximo à família. Seu pai, já falecido, era guia turístico em seu país. Depois de se mudar para os Estados Unidos, passou a vender seguros para sustentar os três filhos – Rami tem ainda uma irmã mais velha, médica.

Mesmo tendo nascido em Los Angeles, ele não sonhava em ser ator desde a infância. Nada podia estar mais distante de sua realidade, já que fora criado do outro lado das montanhas de Hollywood, na região conhecida como Vale.

No bairro em que vivia, havia muitos americanos de primeira geração, como ele, mas ainda assim os almoços preparados por sua mãe causavam estranheza: pão com salame, queijo feta e azeitona. Se pedia um clássico americano, sanduíche de manteiga de amendoim com geleia, ela indagava: “E por que você iria querer comer isso?”. Só quando passou a frequentar o mesmo colégio da atriz Kirsten Dunst, um ano mais nova que ele, é que começou a pensar em atuar. Os pais queriam que ele fosse advogado ou médico, mas se renderam ao assistir a uma apresentação dele no teatro.

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No início foi difícil. Rami trabalhou em serviço de bufê e lanchonete de falafel para sobreviver, mesmo tendo formação universitária em artes dramáticas. Seu primeiro papel foi na série “Gilmore Girls”, em que fazia um rapaz religioso. Interpretou também um faraó egípcio em “Uma Noite no Museu” (2006), um terrorista em “24 Horas” (2008) e um vampiro na saga “Crepúsculo” (2008). Em 2010, entrou para o elenco da série “The Pacific”, sobre a Segunda Guerra Mundial, encabeçada por Steven Spielberg e Tom Hanks. Depois das duras filmagens, ele precisou de um tempo. Mudou-se para a Argentina, onde ficou fã de fernet (bebida amarga e alcoólica à base de ervas).

Ainda foi dirigido por Paul Thomas Anderson e Spike Lee antes de emplacar, em 2015, como o hacker Elliot Alderson em “Mr. Robot”, que terá sua última temporada lançada em 2019, uma das poucas ocasiões em que sua ascendência não foi levada em conta. O criador da série, Sam Esmail, também é de família egípcia. “Alguns anos atrás, meu agente me avisava que eu não tinha conseguido um papel ou porque não me achavam étnico o bastante ou porque eu era étnico demais”, disse Malek. “Mas Sam é progressista e não pensou duas vezes sobre o assunto. O mundo em que vivemos, incluindo os Estados Unidos, é um caldeirão de imigrantes.”

O sucesso em “Mr. Robot” lhe abriu muitas portas em Hollywood e rendeu amizades valiosas, como Robert Downey Jr. – fã do seu trabalho na série, o astro de “Homem de Ferro” mandou um e-mail para Rami, que a princípio acreditou ser trote. Hoje, passam fim de ano juntos e assistem a filmes.

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Para a família, a fama também foi uma oportunidade. A mãe se mostrou mais animada em encontrar Jon Hamm (astro da série “Mad Men”) do que em torcer pelo filho no Globo de Ouro de 2016, em que Jon levou a melhor. Mas Rami não é de se deslumbrar. O que sempre quis foi tocar o público. “Ser artista é dar às pessoas um pouco de paz ou fazer com que tenham vontade de mudar as coisas. Quero movê-las, incentivá-las a dançar, a pensar”, afirmou certa vez. Missão que, acredita, impulsionava Freddie Mercury também.

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