Micael Borges se orgulha de morar no Vidigal: “Glamour não faz parte da minha vida”
Micael Borges, de Rebelde, não se envergonha de suas origens e fala sobre o projeto Nós do Morro, que leva arte para comunidades carentes
Micael Borges fala sobre o desafio de encarar um dos protagonsitas de Rebelde
Foto: Rafael França
Micael Borges lembra que quando a versão mexicana de Rebelde estourou, suas primas só falavam disso. “Elas curtiam demais e eu não entendia por que elas ficavam loucas com aquilo… Só falavam do tal do Poncho!”, conta. Ironicamente, Micael agora encara o papel que foi de, veja só, Poncho Herrera. “Quando souberam, minhas primas surtaram!”, diverte-se o ator de 22 anos, que fará Pedro.
Pé no chão, Micael não se importa com o assédio que o persegue desde Malhação (2009) e que agora promete ser ainda maior. “Essa coisa do glamour não faz parte da minha vida. Está todo mundo me entrevistando, fotografando… Mas daqui a pouco eu estou ali no Vidigal, andando de moto, sem camisa, de chinelo, entende? Tem gente que pensa que não sou humano, que não boto lixo na rua”, conta e ri: “Quero ver paparazzi ir lá me fotografar na laje empinando pipa!”
Apesar do jeito desencanado, Micael carrega uma consciência social que vem de berço. “Faço parte do Nós do Morro (projeto social de cunho artístico) e temos uma ideologia: somos multiplicadores. Aprendemos, amadurecemos e passamos adiante”, diz ele, que dá aula de teatro para crianças de 7 a 9 anos. “A gente leva arte para quem não tem acesso. Eles nos veem e tem esperança: ‘ei, tem uma outra opção para mim!’ Damos chance para que aquela criança não seja só mais uma encantada pela arma, pelo tráfico, como aconteceu com muitos amigos.”
Você é perseverante como o Pedro?
Muito: temos atitude, não ligamos pra futilidades… Sou só mais brincalhão. Pedro se fecha no mundo dele para tentar descobrir o que aconteceu com o pai, que se suicidou. Ele era rico e, de uma hora para outra, perdeu tudo, mudou para o subúrbio, é bolsista na escola que antes podia pagar… Ele não entende o que aconteceu com a vida dele.
Micael em dois momentos: como Pedro, em Rebelde, e ao lado de Bianca Bin em Malhação
Foto: Divulgação – Rede Record / Divulgação – Rede Globo
Você tinha um plano B, caso não desse certo como ator?
Poderia estar estudando ou trabalhando como entregador… Comecei no Nós do Morro com 6 anos e me apaixonei assim que pisei no palco. Meu primeiro filme foi Cidade de Deus, aos 8. Vi que era isso que queria, mas como tudo é muito difícil, eu tinha na cabeça que precisava de uma segunda opção e me encontrei na música. Agora uniu tudo.
Para você é muito importante continuar vivendo no Vidigal?
Sou feliz lá e não pretendo sair. Tenho uma ligação muito forte com a comunidade.
Você mora sozinho há muito tempo?
Desde os 18 anos. Sempre fui independente. Desde o meu primeiro trabalho (na peça infantil É Proibido Brincar), quando ganhei R$ 200, dei uma parte pra minha mãe e gastei o resto. Comecei a ter o gosto de poder comprar as minhas coisas. Saí de casa também por causa de namorada. Namoro há seis anos, quero casar, ser pai… Sou novo, mas tenho vontade de criar uma família. Vejo meus pais juntos e prezo muito.
Se Rebelde estourar, acha que alguém vai pirar pelo caminho?
Não me preocupo com nosso grupo. Posso me enganar, mas somos pé no chão. Tem gente que pensa que não sou humano, que não boto lixo na rua! Eu varro a casa, cozinho… tudo normal!
Lida bem com os fãs?
Acho burro quem trata mal o fã ou o colega de trabalho. Já aconteceu comigo. Nas raras vezes em que fui falar com dois dos meus ídolos, fui maltratado. Depois, trabalhei com essas pessoas. Está vendo? É burrice! Amanhã, podemos estar lado a lado.