Mateus Solano: “Quem faz um vilão tem que estar preparado para tudo”
Mateus Solano revela o que fez para compor Félix, de Amor à Vida, que caiu nas graças do público
Mateus Solano e seu belo sorriso
Foto: Divulgação
Logo na primeira aparição de Félix em Amor à Vida , Mateus Solano conquistou o público. Os elogios ao trabalho do ator pipocaram nas redes sociais. Nas ruas, é comum Solano escutar: Estou adorando te odiar. E ele está adorando ser odiado pelo público, apesar de estar trabalhando à beça – ele grava a novela de segunda a quinta e, de sexta a domingo, sobe ao palco com a peça Do Tamanho do Mundo (em cartaz no Teatro Espaço Tom Jobim, no Rio), escrita por sua esposa, Paula Braun, que também faz parte do elenco de Amor à Vida.
Félix é um vilão adorado pelo público.
Ele é um parque de diversão. Desde o início acreditei que as pessoas iam se divertir, porque ele tem umas tiradas muito boas. Meus amigos agora só me chamam de Félixciano, tenho me divertido com o trocadilho e é um sinal de que o personagem, de certa forma, incomoda. Quem faz um vilão tem que estar preparado para tudo.
Como foi fazer a cena em que Félix joga a sobrinha na caçamba de lixo?
Costumo ter uma certa facilidade em me desconcentrar das emoções das cenas, mas admito que nesse dia foi difícil. Fiquei um dia inteiro fazendo cenas de muita emoção. Voltei para casa e continuava com vontade de chorar. E olha que gravei com um boneco. Não conseguiria se fosse um bebê de verdade.
Fale da preparação para ser tão mau.
Até hoje tenho lido muito sobre a maldade, e um dos livros que devorei foi O Efeito Lúcifer. Pesquisei também sobre Nazismo e a sedução pelo poder. Não só para quem tem sede de poder, mas para aqueles que são influenciados pelo poderoso. Quanto ao Nazismo, acho que é um fenômeno que me aprimora na hora de interpretar o Félix, porque, afinal, um povo se deixou levar por um lunático devido às circunstâncias à sua volta.
A direção o ajudou na composição do personagem?
O Walcyr (Carrasco, o autor) escreveu, o Mauro (Mendonça Filho, o diretor) definiu os trejeitos junto comigo, o Sergio (Pena, preparador de elenco) me ajudou a entender o lado humano dele e o Wolf (Maia, diretor) entrou para tirá-lo do armário.
Mateus na pele de Félix em Amor à Vida
Foto: Divulgação/TV Globo
Félix é o seu maior desafio?
O meu maior desafio sempre será o trabalho em que estou no momento. Hoje é o Félix, depois o próximo personagem, e assim por diante.
E a questão sexual, como será tratada daqui para a frente?
Ainda será um suspense. A produção da novela e eu queremos que o público primeiro sinta mais o Félix para depois apimentar mais esse lado dele. Até porque hipocrisia tem muito por aí, ainda mais quando o assunto é o mundo gay. E o que melhor definiu isso foi a cena em que o César (Antonio Fagundes) conversa com Dr. Lutero (Ary Fontoura) e diz que Félix não é gay porque ele já deu um jeito nisso. Tem maior hipocrisia do que isso?
Como você o define?
É um personagem cheio de desafios que não tem vergonha de ser do jeito que é. O amor dele é pelo poder. Ele não mede esforços e passa por cima de tudo e de todos para conseguir o que quer. Ao mesmo tempo, tem uma família convencional e maravilhosa, o que o faz esconder sua sexualidade.
Essa família é cheia de segredos, né?
Uma típica família, que tem problemas e não gosta de falar deles. Há vários pactos velados nos personagens.
Sua mulher também está na trama.
Estou muito feliz por ter a Paula (Braun) como colega de trabalho. A princípio, não temos cenas juntos, mas espero contracenar com ela. Será um grande privilégio!