“Chorei com cada mãe”, diz Déa Lúcia sobre mortes na pandemia
A mãe do humorista Paulo Gustavo fala pela primeira vez após a morte do filho
Em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, neste domingo (9), Déa Lúcia, mãe de Paulo Gustavo, que devido às complicações da Covid-19, morreu na última terça-feira (4), aos 42 anos, falou sobre a convivência com o filho.
Após 53 dias internado lutando contra o coronavírus, o ator não sobreviveu. “Ele detestava quando eu chorava. Tenho que ter força”, disse Déa. A mãe, que inspirou a criação de Dona Hermínia, principal personagem de Paulo Gustavo no sucesso de bilheteria Minha Mãe é uma Peça, agradeceu o Brasil pelo carinho.
Déa percebeu a força de Paulo ao redor do país com as orações e desejos de melhora de fãs e amigos durante o período em que ele estava doente. “Sou capaz de rir, quando falo dele, eu rio. Ele detestava quando eu chorava. Então, tenho que ter força“, comentou.
“Eu chorei com cada mãe, e choro e vou continuar chorando, mas essa luta vai ser minha. Eu vou lutar agora e vou falar o tempo todo. Na pandemia, cada morte de um filho, eu chorava por essa mãe sem saber que meu filho ia passar por isso”, desabafou Déa.
Com a morte de Paulo, notícias da negligência do Governo Federal em relação ao enfrentamento da pandemia ganharam ainda mais força, principalmente pela compra das doses do imunizante da Pfizer em 2020 não ter sido realizada. “Corrupção mata. E roubar na pandemia é assassinato”, afirmou a mãe do humorista.
Durante a entrevista, ela ainda mostrou força e coragem em meio à tristeza e à dor de perder o filho. “Eu vou falar. O meu filho merece que eu fale”, afirmou.
A morte de Paulo Gustavo fez com que a saúde principalmente ligado à Covid-19 fosse o tema mais discutido nas redes sociais durante a última semana.
De acordo com a consultoria .MAP, as manifestações sobre a pandemia corresponderam a 35% das discussões realizadas entre 1° e 7 de maio. Já as publicações exclusivamente sobre o humorista representaram 24% do total.
O levantamento aponta que críticas a Jair Bolsonaro (sem partido) e a gestão da pandemia no país estavam, em sua maioria, diretamente atreladas às homenagens.