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Jon Hamm: os novos rumos da carreira da estrela de ‘Mad Men’

Em entrevista a CLAUDIA, o ator fala do vazio após o fim da série que o tornou conhecido, e dos períodos difíceis, como a perda precoce da mãe

Por Mariane Morisawa
Atualizado em 23 ago 2017, 17h30 - Publicado em 23 ago 2017, 17h30

Nos últimos dois anos, com o fim da série Mad Men, Jon Hamm, 46 anos, procurou personagens distantes do sério e elegante publicitário Don Draper. O ator se arriscou em comédias como Vizinhos Nada Secretos, no cinema, e fez participações em séries cômicas, com destaque para o líder do culto que rapta a protagonista em Unbreakable Kimmy Schmidt. Seu mais novo papel é no filme de ação Em Ritmo de Fuga, de Edgar Wright – pense em roubos mirabolantes e fugas em alta velocidade, com muita música e uma dose de ironia –, que estreou no final de julho.

Hamm interpreta Buddy, um dos membros da quadrilha criminosa que contrata o jovem Baby (Ansel Elgort) como motorista. Buddy é uma espécie de vilão – um belo vilão, diga-se – que veste jaqueta de couro, deixa a barba por fazer e desfila um corte de cabelo raspado nas laterais. “É um cara aparentemente legal”, definiu o ator em março, durante o festival de inovação South by Southwest, no Texas, nos Estados Unidos.

“Foi divertido. E uma chance de fazer coisas proibidas – não tenho muita experiência em roubar carros nem em participar de perseguições”, contou Hamm a CLAUDIA em entrevista em Los Angeles, muito mais bem-humorado do que seu famoso Draper.

Embora o longa não seja um musical, a trilha é de extrema importância para a trama: as sequências de ação são sincronizadas com as músicas – definidas praticamente desde o script. “Adoro música, mas não tenho capacidade de fazer nada com a minha voz. Tento dançar – danço hip hop sozinho. É um bom exercício”, afirma ele.

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Hamm é considerado um dos caras mais simpáticos de Hollywood, do tipo que fica mais de uma hora conversando com jornalistas em festas nas quais a maioria dos atores não permanece nem 20 minutos. É daqueles que apertam a mão e olham no olho. Sinal de que a fama não interferiu em sua espontaneidade natural. “Para ser ator, é preciso ter uma carapaça dura. Só assim para não ligar tanto para o que vão falar de você”, diz.

Admite que às vezes evita circular a pé para não ser reconhecido, mas não raro é fotografado saindo do supermercado ou do cinema em Los Angeles. E confessa que aprendeu a ser cuidadoso com a mídia. Mas faz uma ressalva: “Gosto de ser sincero. Porque, se não for, qual o sentido? Podia ser um robô aqui no meu lugar”.

A fama, ele sabe, é passageira. A beleza também. Embora admita que um cara com sua aparência costuma ser visto de maneira diferente, prefere não se estender no assunto. Diz com frequência que não é nenhum Ryan Gosling. A verdade é que Jon Hamm sabe o que é ter perdas na vida.

Ele nasceu em St. Louis, Missouri, e viu seus pais se separarem quando ele tinha 2 anos. Aos 9, perdeu a mãe – que morreu de câncer. Foi então “adotado” pelas mães dos amigos, com quem tem contato até hoje. O pai, gerente de uma empresa de caminhões, morreu quando ele tinha 20 anos e cursava inglês na Universidade do Missouri. “Fiquei com traumas, não há como negar”, afirmou à revista americana In Style.

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(Trunk Achive/CLAUDIA)

Foi no colégio que começou a vida no palco, que ele continuaria na faculdade. Depois de formado, arrumou emprego como professor de teatro. Aos 24, decidiu tentar a vida em Hollywood. Estabeleceu cinco anos de prazo para fazer o plano dar certo – quase não conseguiu. Como tantos aspirantes em Los Angeles, foi garçom, mas também contrarregra de filmes pornô soft. Seu primeiro crédito apareceu num episódio da série Ally McBeal, em 1997 – ele era o “cara bonito no bar”.

Foi nessa época também que, andando com a turma da comédia – Jack Black e Patton Oswalt entre eles –, conheceu a atriz, roteirista e diretora Jennifer Westfeldt, com quem teve um relacionamento de 18 anos. Hamm ainda levaria três anos para conseguir um emprego fixo, na série Providence, e se sustentar como ator. Foram várias participações, principalmente em séries, de Gilmore Girls a The Unit, até ser visto por Matthew Weiner, o criador de Mad Men.

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“Tive sorte, pois ele lutou para que eu fizesse Don Draper. O canal não queria e acho que nem minha agência!”, diz. Mad Men, considerada uma das melhores séries de todos os tempos, causou uma pequena revolução na televisão, colocando no mapa o canal AMC, que depois faria Breaking Bad e The Walking Dead. “Poder interpretar esse personagem tão rico, apetitoso, estranho, triste e horrível e ver que as pessoas responderam bem foi como ganhar na loteria. Sempre quis fazer algo marcante.

Foi uma época feliz, mas intensa. “Atuar não é um trabalho tão físico quanto o de jogador de futebol ou o do operário que quebra pedras grandes até que fiquem pequenas. Mas demanda muito foco e acuidade mental”, afirma.

“Em geral, o papel não me contaminou, mas há um preço a pagar quando se interpreta um personagem com tantas emoções. Aí alguns dias ficam tristes. Mas o bom do trabalho é que ele termina ao final da diária e você vai para casa.” Gravando 16 horas por dia, ele quase não tinha vida fora do set. “Nos fins de semana, só queria dormir.”

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Apesar disso, a despedida após nove anos de Mad Men foi “difícil e estranha”. “Não é muito divertido ficar olhando para o telefone, que não está tocando, e se perguntar se você vai trabalhar novamente um dia. A fase foi ainda mais complicada por incluir uma internação em uma clínica de reabilitação por abuso de álcool.

“Isso tem muitas conotações, mas é só um longo período em que você fala sobre si mesmo. As pessoas se internam por todo tipo de razão, nem sempre por dependência”, contou ao site Mr Porter.

Poucos meses depois da saída da clínica, ele se separou de Jennifer Westfeldt. E preferiu não discutir o rompimento em público. Especulou-se muito: que ele queria ter filhos; e ela, não; que Jennifer estava cansada de ser mais mãe dele do que namorada. Hamm só disse que passar por uma separação era “um saco” e que não queria somar-se à boataria.

Desde então, houve rumores de que os dois tinham voltado, mas também de que ele estava com January Jones (que interpretou Betty, a mulher de Don Draper) e com a atriz Jenny Slate. A sequência de problemas não aponta para alguém entrando em parafuso ou em crise de meia-idade, garante o ator.

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“Até consigo perceber por que as pessoas achariam isso”, disse ao jornal inglês The Guardian. “Mas era apenas um capítulo sendo concluído e outro sendo iniciado e, embora tenha sido muito difícil, foi necessário.”

Com a ajuda de terapia, de que fala sem muitos pudores, ele tentou estruturar um pouco a rotina para não ficar à deriva, sem o dia a dia pesado de gravação por meses a fio. Também procura deixar a ansiedade de lado preocupando-se com o agora, sem olhar para trás nem buscar adivinhar o que vem pela frente.

Se aparecerem episódios em séries de amigos, ótimo. Se surge um papel de um androide em um filme independente como Marjorie Prime, exibido em Sundance neste ano, beleza. Não que não tenha vontade de viver um personagem grande em um blockbuster. Mas gosta de afirmar que nunca quis ser Tom Cruise e, sim, Jeff Bridges – vencedor do Oscar por Coração Louco, indicado outras seis vezes à estatueta e, aliás, outro entre os caras mais queridos de Hollywood.

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