Star Wars: Mark Hamill fala sobre Luke Skywalker e novo filme da saga
Na Cidade do México, conversamos com um dos maiores ídolos da cultura pop e da ficção científica
Mais de três décadas depois da última vez em que empunhou um sabre de luz, a ansiedade deixou um gosto estranho na boca dos fãs quando Luke Skywalker apareceu, sombrio e envelhecido, de pé no alto de um penhasco. Prestes a receber Rey, uma orfã guerreira e promissora, os créditos subiram antes que ele pronunciasse qualquer palavra. Era O Despertar da Força (2015), episódio VII e primeiro capítulo de uma nova trilogia de Guerra nas Estrelas, que segue agora com Os Últimos Jedi, nos cinemas.
Desde 1977, Mark Hamill é o rosto do herói rebelde que destruiu a Estrela da Morte, tornou-se um cavaleiro Jedi e reconciliou-se com o seu pai-vilão, Darth Vader. Não emplacou nenhum outro personagem forte – ao contrário de Harrison Ford, o Han Solo, que ainda viveu Indiana Jones e tantos outros. Mas o ator não parece se incomodar com isso. Inclusive, trata do assunto com bom humor. “Ninguém deveria acreditar em mim, até dublei o Coringa!”, diz, aos risos.
A olhos vistos, o intenso treinamento físico para voltar às telonas também o ajuda a dar conta dos milhares de fãs que continuam a se amontoar onde quer que vá. Na maratona de eventos na Cidade do México, onde nos encontramos com ele, Hamill encarou um shopping repleto de fanáticos para divulgar o novo longa. Nem Daisy Ridley, a nova protagonista, gerou tanta comoção.
Pudera! Não é todo o dia que se está diante de um Jedi. Coloque ainda o carisma de Hamill na equação: ele faz poses, entoa frases de efeito e autografa atenciosamente os robôs BB8s carregados pelos apaixonados. Para a nossa repórter, que se apresentou como brasileira, logo soltou uma anedota para quebrar o gelo. “Tenho um sobrinho que fala palavrões em português, porque sabe que não entendo!”, divertiu-se. Nós também.
CLAUDIA: Como se sente de volta a Star Wars após tanto tempo?
MARK HAMILL: Ainda me sinto em choque, nunca imaginei que aconteceria. A história havia acabado e pensei que viveríamos “felizes para sempre”. Então, me contaram que haveria uma nova trilogia. Não soube como reagir. Carrie [Fisher] disse: “Estou dentro!” imediatamente. Comentei com ela que estava assustado, questionei se ela não estava. “Mark, que tipo de papel em Hollywood vão oferecer para uma mulher com mais de 60 anos, como eu?”, ela me respondeu. Percebi que Carrie tinha um ponto. Essa história é nossa. Então, aceitei. E foi um grande presente me reencontrar com a família de Guerra nas Estrelas. Tem sido incrível.
É verdade que você só aceitou voltar ao papel porque Harrison Ford aceitou primeiro?
Eu estava muito intimidado. Disse para minha esposa: “Harrison não vai fazer isso. Ele já tem uma carreira sólida, estável”. E sabia que era todo mundo ou ninguém. É como o retorno de uma banda, em que não vale a pena se algum dos integrantes estiver faltando, porque esse buraco será sentido e tudo parecerá triste. Até que li no jornal: “Harrison Ford assina para voltar a Star Wars“. Pensei: “Fui enganado!” (risos). Então cheguei à conclusão de que precisaria topar ou seria o único a ficar de fora e os fãs não me perdoariam. Não estou dizendo que negaria caso ele negasse, afinal, eu adoro ser desafiado; mas eu estava com medo de, de alguma forma, desapontar aqueles que têm boas lembranças da saga e do elenco.
Você se preparou muito para voltar em O Despertar da Força. Em algum momento, se sentiu decepcionado por ter apenas uma cena?
Foi uma surpresa, na verdade. Acho até que poderiam ter dito: “olha, será uma cena no final, porque temos muito o que contar antes”, mas não falaram nada. Então, por um ano e meio, o diretor J.J. Abrams e o roteirista Michael Ardnt me mostraram os conceitos; o que havia da história de Luke no episódio VII e, sob este ponto de vista, ele está muito ativo. Mas é fato que, durante este tempo, também fui treinado e pensei que esperavam de mim algo com mais exigência física. Acabei entendendo onde se queria chegar e tudo fez sentido.
Já por outro lado… Pensando em cenas de ação, seria até ridículo me ver saltando de pedras ou tentando fazer o que fiz no passado (risos).
Você toparia entrar em um spin off de Luke Skywalker? Podemos ter esperança?
Se dependesse de mim, eu produziria spin off de todos os personagens! No caso de Luke Skywalker, seria maravilhoso mostrar o que aconteceu neste intervalo de 30 anos desde o último episódio até agora, na nova trilogia. Mas tenho certeza que algum jovem ator desempenharia o papel brilhantemente em meu lugar.
A compra de Guerra nas Estrelas pela Disney deu essa nova força à franquia?
Eu acho que foi a escolha certa. Uma franquia como esta precisa de marketing, de energia; e a Disney é capaz disso. É maravilhoso poder ter parques que se atualizam e que reproduzem o que se passa em Star Wars, por exemplo.
Qual seu legado para os atores que chegam agora?
Os novos atores são muito bons e, definitivamente, não precisam dos meus conselhos. Daisy Ridley, que intrepreta Rey, é perfeita para o papel. É maravilhoso vê-la se preparar e atuar. Sem dúvidas, tem sido muito mais enriquecedor para mim do que para eles.
Como seria se Carrie Fisher estivesse aqui hoje?
Carrie era minha irmã. Sinto falta dela todos os dias, porque é um vazio que não pode ser preenchido. Gostaria de poder brigar com ela por não estar aqui. Então, com certeza, ela me responderia com alguma ofensa bem-humorada e nos abraçaríamos em seguida. Estaríamos nos divertindo para valer, como sempre fizemos.