Acusada de romantizar violência doméstica em clipe, cantora se pronuncia
Clipe da música 'A Voz', da cantora gospel Cassiane, recebeu mais de 60 mil curtidas negativas

A cantora gospel Cassiane virou assunto nos Trending Topics do Twitter neste domingo (19). O motivo foi o clipe da música ‘A Voz‘, publicado na última sexta-feira, que sofreu uma chuva de ‘dislikes’ e acusações de que a história mostrada no vídeo estaria romantizando a violência doméstica.
O enredo acompanha a história de uma mulher que sofre violência doméstica e abandona o companheiro, que é alcoólatra. Mas, em seguida, ela deixa um bilhete dentro de uma Bíblia pedindo para que ele “reconheça a voz de Deus”, e avisa que o perdoou. O final mostra o reencontro do casal em um final supostamente feliz. Até então, o vídeo já recebeu mais de 60 mil curtidas negativas e inúmeras críticas.
A descrição da publicação no YouTube traz o alerta para que denúncias de violência contra a mulher devem ser feitas no número 180, mas nenhuma menção à denúncia é feita no vídeo. No Twitter, usuários descreveram o clipe musical como um “desserviço”.
A diretora artística Marina de Oliveira, responsável pelo roteiro do vídeo, rebateu a onda de críticas. “Não podemos esperar que pessoas que ainda não foram alcançadas pela graça de Deus compreendam a profundidade da história. Essas pessoas não acreditam que Deus em sua misericórdia tem poder para mudar a vida e o comportamento de uma pessoa. Para enxergar e compreender isso é preciso se converter”, escreveu.
Pedido de desculpas
Na noite deste domingo, Cassiane usou as redes sociais para se pronunciar sobre as críticas ao videoclipe. A cantora gospel pediu perdão pelo ocorrido, mas pontuou: “Recebi vários ataques e julgamentos terríveis de pessoas que dizem ‘pregar o amor’, mas são tão insensíveis que não pararam um instante sequer para ver o histórico, para saber se foi proposital ou um erro, uma falha.”
Na foto publicada, Cassiane mostrou um xis desenhado nas mãos. A letra virou símbolo de uma campanha criada para incentivar cada vez mais mulheres a buscar ajuda em meio à pandemia do novo coronavírus. “Sou humilde e aceito que houve uma falha, um erro em não expor sobre a denúncia explicitamente. Reafirmo que sou totalmente a favor da denúncia”, escreveu ainda a artista.

Serviços de combate à violência doméstica
No início do mês foi sancionada a Lei (14.022), de 2020, voltada ao combate à violência doméstica contra mulheres, idosos, crianças e pessoas com deficiência durante a pandemia do novo coronavírus. O Projeto de Lei foi criado como um instrumento de enfrentamento ao crescimento exponencial de casos de violência doméstica no país.
Segundo o Instituto Maria da Penha, a violência contra mulher teve um aumento de até 50% em alguns estados durante o distanciamento social. Com a determinação, os órgãos e serviços de atendimento a vítimas de violência doméstica passam a funcionar 24 horas por dia em todos os estados do Brasil. Além disso, os os processos ligados à violência doméstica devem ser identificados como “de natureza urgente”, ou seja, os prazos das determinações não poderão ser interrompidos e nem suspensos e os exames de corpo de delito, nesses casos, são feitos com prioridade.
No número 180 (Central de Atendimento à Mulher) e no 100 (Serviço de Proteção a Crianças e Adolescentes), é possível realizar denúncias. Vale ressaltar que o Instituto Instituto Maria da Penha também oferece orientações jurídicas e psicológicas às mulheres vítimas de violência pelo direct no Instagram e no e-mail institutomariadapenharecife@gmail.com.
Assista ao clipe:
https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=Vyx-Lu6rxi8&feature=emb_logo
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