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5 famosas que mostraram que o racismo velado no Brasil não é ‘mimimi’

Taís Araújo, Ludmilla, Carol Conka, Maju Coutinho e Juliana Alves são alguns dos nomes que lutam, diariamente, contra o racismo velado no Brasil.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 16 abr 2024, 08h57 - Publicado em 20 nov 2018, 16h00
 (Reprodução/Reprodução)
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O feriado para descansar pode ser bom, mas o dia 20 de novembro é mais importante do que isso. Reconhecido como o Dia da Consciência Negra, a data é um marco de combate direto ao racismo por meio de discussões sobre toda a história do povo negro, que foi escravizado por mais de 300 anos.

Por isso, o MdeMulher separou o depoimento de 5 mulheres negras famosas que se tornaram símbolos de representatividade e resistência em um país extremamente racista e segregacionista. Confira!

1. TAÍS ARAÚJO

A atriz brasileira sempre se empenha em debater assuntos de cunho social. Mas em 2017, ela pôde falar sobre racismo de uma forma diferente e com um alcance surpreendente.

Taís foi convidada a participar do TEDx São Paulo e abordou o preconceito racial por meio de um viés extremamente delicado e forte: a maternidade.

Nomeado “Como criar crianças doces num país ácido”, a atriz contou ao público a forma como ela vê seus filhos – João Vicente e Maria Antônia – serem atingidos brutalmente pelo racismo.

“O meu filho é um menino negro e liberdade não é um direito que ele vai poder usufruir se ele andar pelas ruas descalço, sem camisa, sujo, saindo da aula de futebol. Ele corre o risco de ser apontado como um infrator. Mesmo com seis anos de idade”, explicou a famosa logo de cara.

Na continuação de sua fala, Taís esclareceu ao público que a discriminação pela cor de pele não é uma questão de idade.

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“Quando ele se tornar adolescente, ele não vai ter a liberdade de ir para a sua escola, pegar uma condução, um ônibus, com a sua mochila, com o seu boné ou capuz, com o seu andar adolescente, sem correr o risco de levar uma investida violenta da policia ao ser confundido com um bandido. No Brasil, a cor do meu filho é a cor que faz com que as pessoas mudem de calçada, escondam suas bolsas, blindem seus carros”.

Além da questão racial, a atriz também falou sobre gênero e comparou a realidade da sua filha com a de João. “Quando eu penso no risco que ela corre por ter nascido mulher e negra, eu fico completamente apavorada e meu pavor tem fundamento”.

Para justificar sua fala, Tais trouxe dados dolorosos sobre o assunto. Ela comentou sobre o Mapa da Violência no Brasil feito em 2015 – o mais atual naquele momento.

Taís contou para a plateia que o feminicídio contra mulheres brancas havia decaído em 9,8%, o que era pouco, mas uma vitória. Porém, contra mulheres negras, ele havia crescido em 54,8%. “É ou não para eu ficar apavorada?”, questionou a atriz.

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2. LUDMILLA

Se hoje Lud rouba a cena no Instagram com fotos de deixar qualquer um babando e com muitos elogios nos comentários, a realidade dela não foi sempre essa.

No começo de 2017, a cantora foi alvo de um comentário extremamente racista em plena rede nacional de televisão. Para quem não se lembra do fato, Ludmilla foi chamada de “macaca” pelo apresentador Marcão do Povo, quando ele ainda trabalhava na Record.

Desde então, em entrevistas, a cantora tem feito um alerta importante quando esses episódios desgastantes que envolvem preconceito racial acontecem: a importância de denunciá-los.

Em uma conversa com a revista Quem, a dona dos hits “Din Din Din” e “Solta a Batida” contou que também já foi muito atacada nas redes sociais. No início, ela ficava mal e retrucava diretamente os comentários negativos. Mas depois, percebeu que o caminho deveria ser outro.

“Vi que poderia denunciar a pessoa, que ela poderia ser presa ou prestar serviços comunitários… Quando aconteceu novamente, entreguei para a Justiça. Aconteceu de novo, fiz a mesma coisa. Quando eles viram que era crime e que eu boto mesmo a chapa para esquentar, começaram a se segurar e agora não tenho mais visto esses comentários”. 

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Princesa malandra nesses trajes avançados eu invado esse campo minado🎵

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Para os que pensam que as fotos do Instagram de Lud são para “se mostrar”, não é bem por aí. A famosa escolheu usar a rede social para empoderar outras pessoas negras e para lembrá-las que ser rica e poderosa pode ser uma realidade sim.

“Quando posto meu carro e as roupas de grife, faço para mostrar que o negro também pode ter isso. No mundo em que a gente vive, têm algumas pessoas que não aceitam que existe, sim, negro bem de vida, estabelecido financeiramente e com poder. Tem gente que acha que o negro nunca vai poder chegar a lugar algum. Quero mostrar o contrário. É claro que por causa de todo o preconceito que a gente sofre, a gente tem que se esforçar duas vezes mais que o branco para conquistar alguma coisa na vida. Quero mostrar que isso é possível”. 

“Solta a batida e avisa que a Lud chegou”, porque em cinco anos de carreira, ela vendeu mais de 500 mil cópias de seus álbuns. Além de ter feito uma turnê na Europa, concorrer como Melhor Artista Brasileiro no MTV Europe Music Awards 2018. Representatividade que chama, né?

3. KAROL CONKA

Se tem algo que Karol Conka sabe fazer bem é falar abertamente sobre assuntos que são tabu. Neste mês, a cantora começou o lançamento do seu novo álbum, “Ambulante”, com uma música que veio para colocar o dedo na ferida.

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Chamada “Kaça”, Karol fez questão de lembrar da canção “Lalá” – sobre a falta de prazer feminino por meio do sexo oral – e questionou a onda de representatividade negra nas mídias para ganhar dinheiro.

Karol Conka dona do Lalá, do próprio nariz e tudo o que eu criar. Pode até tentar me imitar. Assume que eu tenho a minha marra. Você não consegue evitar. Você não consegue me rotular. Pra nos levantar, precisei tombar. Me cansei de quem fala de empoderar pra se aproximar, pra se apropriar”, escreveu na letra da canção. 

Para chegar no lugar em que está hoje, a rapper contou em uma roda de conversa no programa “Saia Justa”, do GNT, que passou por poucas e boas.

Aos sete anos de idade, os pais de Karol a encontraram molhando a pele em um balde com água sanitária para tentar fazer com que sua pele ficasse branca. Isso fez com que eles começassem a elogiar constantemente a garota, mas ela não acreditava.

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“Meu pai ficou tão indignado. Ele falava ‘você é tão linda!'”. E eu falava ‘Mas só vocês falam isso. Eu chego na escola e até a professora fica me xingando'”, explicou.

Ao contar isso, a cantora lembrou que sua mãe a questionou sobre o que a educadora falava e, então, ela respondeu: “A professora zomba do meu cabelo, fala que eu nasci amaldiçoada porque sou negra”. Karol também foi chamada de “galinha de angola”.

Para contornar essas situações causadas por pessoas que fizeram parte da sua infância e ter uma adolescência mais saudável, a cantora contou como seu pai foi essencial nesse processo.

Ele sempre dizia para a filha: “Essa beleza que eu enxergo em você, muitas pessoas não vão enxergar, porque elas não têm a visão aguçada. Elas têm problema na vista!”. E ressaltava que a verdadeira opinião que contava era a da sua família sobre ela e a dela mesma sobre si.

Nos últimos minutos do programa, Karol lembrou da apresentação que fez na abertura das Olimpíadas 2016 ao lado de Mc Soffia. Mesmo com as boas memórias, a rapper relevou que o cabelo rosa usado durante o evento não foi bem aceito por algumas pessoas e ela chegou a ouvir até mesmo que ele não era ‘cabelo de negro’.

4. MARIA JÚLIA COUTINHO

Desde que Maju chegou ao “Jornal Nacional”, o programa ganhou um jeito divertido de dizer ao telespectador qual é a previsão do tempo para o dia seguinte. Infelizmente, a exposição da profissional fez com que ela vivesse uma situação horrível.

Em 2015, a meteorologista foi alvo de comentários racistas na página do JN. Em uma de suas fotos, era possível ler frases como: “não bebo café para não ter intimidade com preto”; “ela já nasceu de luto”; “qual é o band-aid de preto? R: Fita isolante”, entre outros.

Após o triste episódio, William Bonner e Renata Vasconcellos se pronunciaram sobre o caso em rede nacional e afirmaram que o Ministério Público do Rio de Janeiro e a própria Globo investigariam o caso e tomariam as medidas legais necessárias nessa circunstância.

Após a fala dos dois jornalistas, Maju apareceu em frente as câmeras e se posicionou abertamente sobre o assunto.

“Estava todo mundo preocupado. Muita gente imaginou que eu estaria chorando pelos corredores. Mas a verdade é a seguinte: eu já lido com a questão do preconceito desde que eu me entendo por gente. Claro que eu fico muito indignada, triste, mas não esmoreço. Não perco o ânimo, que eu acho que é o mais importante. Cresci em uma família muito consciente, de pais militantes que me orientaram. Eu sei dos meus direitos. Acho importante, claro, essas medidas legais serem tomadas para evitar novos ataques a mim e a outras pessoas”.

A meteorologista terminou seu discurso agradecendo o apoio que recebeu dos internautas que a defenderam no Facebook.

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Como não "repostar"? ❤️❤️❤️ gestos que dão um gás pra encararmos o plantão de sábado.

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A relevância de Maju em frente às telinhas mostra que mulheres negras podem estar no lugar que elas quiserem e fazendo o que desejarem. Isso colaborou para que ela fosse uma das ganhadoras do “Prêmio Faz Diferença”, do jornal “O Globo” em parceria com Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, em 2016.

Em uma entrevista dada durante a premiação, a jornalista foi questionada sobre os ataques racistas, mas não se estendeu. A justificava dada para isso foi válida e importante.

“Estou feliz que a justiça está sendo feita, que alguns criminosos já foram chamados pela polícia. Acho que tudo está correndo como deveria correr. Eu não quero ficar falando muito sobre esse assunto, prefiro fugir um pouco, porque acho que esses ‘fakes’ queriam isso, queriam chamar a atenção, e eu acho que já fiz a minha parte. Não quero mais falar deles. É importante, sim, saber que esses ataques racistas não foram só em cima de famosos, mas acontece todos os dias com várias pessoas”, afirmou. 

5. JULIANA ALVES

“O racismo é sim uma doença e tem que ser curada”. É com esse posicionamento forte que a atriz expôs um pouco da sua opinião sobre o preconceito racial ao participar do programa “Altas Horas”.

Serginho Groisman perguntou à Juliana em quais circunstâncias ela havia sido discriminada pelo seu tom de pele e como ela havia reagido a isso. “Nunca fiz um drama disso, porém meus pais me educaram com um olhar muito atento em relação a isso. Eu estava vendo. Eu identificava as situações para poder superá-las”, explicou.

Durante a entrevista, Juliana também falou sobre como a lei que criminaliza o racismo fez com que muitos internautas começassem a criar perfis falsos na internet para disseminar o ódio.

A própria atriz foi vítima desse tipo de ciberbullying em 2016. Militante nas redes sociais, Juliana postou uma foto no Instagram em que ela aparecia posando com uma blusa com diversos nomes de mulheres negras importantes e símbolos de representatividade.

Nos comentários, a atriz infelizmente precisou ler: “por que nas últimas imagens do insta você não deu a opção de opinião, cabelo de vassoura? Você também está mamando na teta do PT? Estrume, rata de barriga preta”, escreveu um seguidor.

A resposta de Juliana foi rápida e objetiva. Ela ressaltou para o agressor que a sua atitude era um crime e alertou quem a acompanha a denunciar os racistas caso seus fãs passassem pelo mesmo.

Como uma boa ativista do movimento negro, a artista foi capa da revista “Gol Linhas Aéreas Inteligentes” e abriu o coração sobre a importância da representatividade nas mídias durante a entrevista da edição.

É muito importante que o negro se veja na TV, no teatro, no cinema. Eu tive algumas referências, como [as atrizes] Zezé Motta e Taís Araújo. Mas não havia bonecas negras na minha infância”, lembrou. 

Ainda na reportagem sobre a atriz, sua trajetória é relembrada. Na adolescência, Juliana participou da ONG Criola, uma organização que defende e promove os direitos das mulheres negras. Além disso, em 2011 ela foi um nome importante do projeto “Levanta a cabeça: qual a sua história?”, criado para ajudar na construção de uma autoestima saudável das jovens negras.

Com essa preocupação constante de lutar contra o racismo da melhor forma possível, a famosa tem sido um exemplo especial para Yolanda, sua filha com Ernani Nunes.

Em março deste ano, a baixinha ganhou uma festa com a temática de princesas negras para comemorar o sexto mesversário. Na legenda dos cliques divulgados no Instagram da atriz, ela escreveu: “festinha das princesas da resistência!”, além de usar hashtags que faziam menções sobre a importância da representatividade.

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Festinha das princesas da resistência! Pra comemorar seis meses de puro amor! #yolandachegou #yolandafez6meses ✨🌹🌻🌻✊🏾✨ #princesasnegras #representatividade #representatividadeimportasim #somossementes #girassois 🙋🏽‍♀️🌻✨ Obrigada, ✨✨✨✨✨✨ VOU POSTAR DETALHES EM STORIES 😉 ✨ @katiafonsecafestas E @brulessag @ludmylla.locacao Móveis @fbtalheresbordados talheres Bordados @minhadoceterapia Doces e brawnier @deiasideias Bolo e Bonecas de pano @leticia_sweetsugar Pirulitos, cupcakes e pão mel @andzbemcasados Bem Vividos @scrappaulaebell Papelaria @sweetcandysbrasil Cones e pastéis de chocolate @forminhas_tereza_servino Forminhas @rarcoiris Flores ACERVO @constancelocacoes @japa_night Buffet Japonês FOTOS: @sirleideteixeira.fotografia

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