Relâmpago: Revista em casa a partir de 10,99

Cometa Betina: a menina que enfrentou o câncer de forma luminosa

Por onde passou, a pequena menina deixou luz e boas memórias

Por Alexandre Simone e Lucas Galdino
17 Maio 2025, 06h00
Ilustração de uma mão e um cometa
 (Mika Namba/Reprodução)
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Betina chegou ao mundo como um fenômeno. Um cometa. Uma força da natureza. Desde o nascimento prematuro, em um parto domiciliar que mobilizou bombeiros e ambulâncias, ela parecia ter vindo para viver intensamente cada segundo. Não precisou de incubadora, nem apresentou complicações. Apenas chegou, brilhante, como se já soubesse que cada instante seria valioso.

Até os dois anos e nove meses, a pequena teve uma infância alegremente comum. Não comia açúcar, ainda não frequentava a escolinha e era uma criança saudável. Mas, de repente, começou a reclamar de dores abdominais e febre. Como não havia explicação para tais sintomas, a mãe, Juliana, achou que poderia ser uma virose.

Mais tarde, na consulta com o médico, foi encontrada uma pequena massa em sua barriga e, em apenas 14 horas, Betina estava na sala de cirurgia. A “bolinha” era um tumor. O diagnóstico veio dois dias depois: câncer. E, assim, a batalha começou.

O câncer era agressivo e estava em estágio quatro. O tratamento precisava ser imediato, mas em Maringá, onde moravam, não havia acesso à oncologia infantil pública. Como o medicamento necessário só estava disponível em cinco hospitais no Brasil, a família partiu para Curitiba. Os amigos se mobilizaram e a jornada pelo tratamento teve início.

A pequena Betina passou por um ano e seis meses de quimioterapia, internações, exames e cirurgias. Mas também foram tempos de muita vida. Os pais decidiram que não deixariam o câncer definir a história da filha. Betina tinha câncer, mas não era o câncer.

Ela ainda era aquela menina que adorava colher folhas de ora-pro-nóbis e comer tomate-cereja, que amava se fantasiar e transformar um balde para vômito em um acessório cheio de estilo. Ela fazia exames de sangue em pé, sem chorar, e ainda dava força aos outros pacientes.

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“Não importa o tempo que temos, mas como escolhemos vivê-lo”

A primeira fase do tratamento foi bem-sucedida. O tumor foi retirado e a quimioterapia parecia ter funcionado. Contudo, em dezembro de 2020, Betina, com sua sensibilidade absurda, olhou para a mãe e disse: “Mamãe, vão achar uma bolinha”. E assim foi, o câncer estava de volta. E, desta vez, não havia saída fácil. Foi o início de outro tratamento e de uma nova cirurgia.

Depois, mais um baque: o tumor não pôde ser removido completamente. Era hora de tomar decisões. O que fazer? Continuar com tratamentos cada vez mais agressivos, que poderiam prolongar a vida de Betina, mas também seu sofrimento? Ou viver o tempo que restava da melhor forma possível?

A escolha foi viver. Intensamente. Viagens, parques, carrosséis, hotéis. Betina pulava, brincava, aproveitava. “Filha, o que você quer fazer hoje?” “Quero ficar no hotel.” E ficavam. “Quero ir para outro lugar.” E iam. Até que a hora chegou.

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Na última internação, Betina perguntou para Juliana: “Mamãe, como você vai me achar?”. Ao que Juliana respondeu: “Filha, eu sempre vou te reconhecer. Em qualquer lugar, seja em outro mundo ou em outro plano”. Dias depois, Betina partiu. Com dignidade e amor, do mesmo jeito que viveu.

Juliana diz que não é mãe de um anjo, mas de um cometa. Betina veio ao mundo brilhando e foi embora deixando um rastro de luz. E essa luz continua viva, ressoando em quem teve a chance de conhecer sua história. Porque, no fim, a lição mais importante que a pequena nos deixa é a de que não importa o tempo que temos, mas, sim, como escolhemos vivê-lo.

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