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Mapa dos sonhos para viagens pós-pandemia

Convidamos turistas experientes para falar sobre seus destinos favoritos e nos inspirar para quando pudermos voltar a fazer as malas

Por Letícia Paiva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
20 ago 2020, 12h00
 (Ilustração Camila Gray/CLAUDIA)
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A primeira parada dispensa apresentações. Paris promove um fascínio que ajuda a justificar por que mais de 80 milhões de turistas a visitam anualmente. Mesmo para quem mora na capital francesa e já está familiarizado com a geografia e os diversos arrondissements (como são numerados os bairros) em que a cidade se divide, há sempre o que descobrir. Em 2010, a paulistana Lena Mattar (@lenamattar), 34 anos, atualmente produtora de conteúdo gastronômico, mudou-se para a cidade com a pretensão de estudar francês e, em seguida, matriculou-se no curso de sommelier da escola Le Cordon Bleu.

“Mergulhei fundo na cultura de valorizar a comida, os itens frescos e locais. Passava horas visitando livrarias de gastronomia e tudo o que tivesse a ver com esse universo, comprando o que conseguia com o meu dinheiro de estudante”, conta Lena. Desde então, continua a acompanhar as novidades e retorna sempre que possível – a última vez foi em 2017. Além das visitas a grandes restaurantes premiados, que podem figurar no imaginário dos turistas, ela sugere apreciar o que os pequenos negócios de bairro têm a oferecer e experimentar, se deixar levar pelo contato com os produtos e ouvir o que os comerciantes têm a contar sobre cada um deles. “Tento não retornar sempre aos mesmos lugares, mas alguns guardo com carinho, como o Bistrot Mélac. Todo mês de novembro, o dono fecha a rua para a festa do vinho Beaujolais Nouveau”, diz ela.

A atenção dos franceses para com o frescor dos alimentos fez com que a mineira Jessica Cirino (@jesscirino), 28 anos, designer e ilustradora, guardasse na memória as exatas frutas de cada estação, após dois anos morando em Rueil-Malmaison, no subúrbio parisiense – o detalhe mais charmoso é que a cidade foi lar do casal Napoleão e Josephine no início do século 19. “Evidentemente, quando cheguei era fascinada pela Torre Eiffel, adorava passar por ela na linha 4 do metrô, mas fui descobrindo vários tesouros ao caminhar pelas ruas”, conta ela, que no período se desafiou a andar sem tanto apoio de mapas até conhecer a cidade de cor. De sua seleção cultural fora do principal circuito, ela indica os gratuitos Musée La Vie Romantique, no charmoso bairro Montmartre, e o Musée Bourdelle, que foi ateliê do escultor francês. Já na região do Louvre, segundo Jessica, é mais interessante e menos exaustivo conhecer o impressionista Musée de l’Orangerie.  Quem tem tempo – um roteiro menos apressado é o que se recomenda em uma visita à cidade – pode ir também a Étretat, comuna na Normandia com as falésias imortalizadas nas pinturas de Claude Monet. Da capital até lá são 200 quilômetros a ser percorridos de carro ou trem até a vizinha Le Havre, onde há mais opções para explorar a região.

Memória afetiva 

“Na época em que era estudante, gostava do Chez Gladines, que era animado, com pratos simples do sudoeste da França, mas generosos e baratos. Hoje em dia, já existe em mais de um endereço, mas o original era na Rue des Cinq-Diamants. Guardo com muito carinho na memória. Também sempre gostei de ir beber chá de menta debaixo das figueiras da Grande Mesquita, próxima ao Jardin des Plantes”, lembra Lena.

Seleção de expert

Mais recentemente, Lena adicionou à lista de dicas os renomados – e aprovados por ela – Frenchie, Le Comptoir du Relais, Septime e Yam’Tcha. Bons endereços para doces ou lanches são a Pâtisserie Jacques Genin e a movimentada Blé Sucré. Para quem quer trazer alguns itens selecionados na mala, ela sugere uma passada no Le Bon Marché, enorme loja de departamentos, para selecionar vinhos, molhos e geleias.

Riqueza africana

Frequentemente, a África do Sul é o primeiro destino no continente africano para muitos viajantes. Por muito anos, a dupla carioca Nina Gabriella, 29, e Josy Ramos, 26 anos, que compartilha suas aventuras no Instagram @ninaejosyporai, sonhava em conhecer o lugar. “Logo que chegamos, nossas expectativas foram superadas pela hospitalidade e alegria das pessoas. Faz parte da cultura nacional cantar para demonstrar esses sentimentos. Eu me sentia em um musical”, conta Josy. A viagem aconteceu em março, pouco tempo antes da pandemia. Na maior cidade do país, Joanesburgo, elas exploraram a cultura urbana local, como o descolado bairro Maboneng, por uma semana. Na primeira quinta-feira do mês, um evento de rua movimenta o local com atrações culturais. “Não vimos essa dica em nenhum guia e foi incrível descobrir”, diz Nina.

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(Camila Gray/CLAUDIA)

Vizinha a Joanesburgo, Soweto, ficou conhecida por concentrar a população negra marginalizada durante o apartheid e por ter sido o centro da resistência contra o regime. É possível aprender mais da história no museu conhecido como Mandela House, montado da residência em que o ex-presidente morou por 20 anos, e no memorial a Hector Pieterson, morto aos 12 anos pela polícia, em 1976. “Quem nos levou à comunidade, onde conhecemos as casas e escolas, foram guias locais. Esse turismo contribui para gerar renda direta a eles”, conta Nina. A três horas de Joanesburgo, o safári do Parque Nacional Pilanesberg ocupou dois dias do roteiro de Nina e Josy (o tour em grupo custa cerca de 130 reais). Elas se hospedaram no suntuoso hotel The Palace of the Lost City, que requer investimento, mas disseram ter sido um ponto alto da estadia.

Outra parada recomendada é a Cidade do Cabo, região atraente pelas vinícolas. “Diferentemente de Joanesburgo, onde muitas pessoas pretas estão em posição de poder e luxo, remetendo maravilhosamente à realeza africana, essa é uma área que nos pareceu mais marcada pela colonização, com maioria branca”, afirma Josy. Elas recomendam também uma visita ao Parque Nacional da Table Mountain, especialmente para subir a formação rochosa de teleférico e assistir ao pôr do sol, e ao Cabo da Boa Esperança, ponto histórico cruzado pelos portugueses para chegar às Índias.

Grande estilo 

Caso seja possível investir mais dinheiro e tempo, uma escala obrigatória após a ida à África do Sul é Seychelles, arquipélago com 115 ilhas na costa leste do continente africano. “É um dos mais bonitos destinos do Oceano Índico. Conta com estrutura turística, mas ainda é muito preservado e não tão lotado”, afirma a viajante profissional Anna Laura Wolff (@anna.laura), 27 anos. No ano passado, ela ficou uma semana no lugar, famoso entre casais em busca da lua de mel dos sonhos. Mesmo sozinha ou com amigas, dá para fazer mergulhos, passear de caiaque transparente, que permite ver o fundo do mar, e passar o dia em praias como a Anse Source d’Argent, cartão-postal da Ilha de La Digue. “Fiquei apenas um dia nela. Acho que é a mais bonita. Além de ser bem tranquila, tem ótimos restaurantes rústicos, como o Chez Jules, aonde cheguei de bicicleta”, lembra. Anna recomenda ainda se hospedar em Mahé, de onde é possível ir para várias outras ilhas.

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Nada é para sempre

Na borda leste dos Himalaias, fica o Butão, país em que maioria dos cerca de 750 mil habitantes é budista. O destino é conhecido como o reino da felicidade, onde estariam guardados segredos para alcançá-la. Até a Constituição nacional, de 2008, prevê como objetivo do governo promover o crescimento da Felicidade Interna Bruta – e não da riqueza, como na maior parte do mundo. A filosofia do lugar é o que atrai muitos dos turistas que visitam o país, como a produtora de conteúdo de moda e beleza paranaense Luisa Accorsi (@luisa), 30 anos. Em 2014, ela embarcou na companhia da mãe, Daniella, para a primeira viagem delas à Ásia.

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(Ilustração Camila Gray/CLAUDIA)

“Na época, não havia sinal de celular na maioria dos lugares nem restaurantes com comida ocidental; então foi uma imersão completa”, conta. Lá é obrigatório pagar taxas turísticas diárias e fechar os passeios com agências de turismo locais, que oferecem guia e motorista para percorrer os templos e monastérios. Alguns dos mais suntuosos unem várias funções militares e administrativas, além de religiosas – são os dzongs, fortalezas típicas. “Para chegar a cada um deles, são horas de estrada em uma paisagem montanhosa. Há caminhadas pela natureza e por vilarejos para alcançar os templos mais distantes”, diz Luisa, que retornou ao continente diversas vezes após esse contato.

As paisagens da região, incomuns aos olhos ocidentais, atraíram Luisa a Mianmar, que, assim como o Butão, é majoritariamente budista, mas tem uma cultura mais cosmopolita e população 70 vezes maior. Em 2017, ela aterrisou com uma amiga, a fotógrafa Mana Gollo (@managollo), em Yangon (também conhecida como Rangum), uma grande metrópole. “Fizemos um tour gastronômico de comida de rua pelo centro da cidade, que guarda muita história e nos apresentou coisas completamente novas”, conta a paranaense.

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A dupla visitou duas vezes o pagode Shwedagon, um dos principais centros religiosos do país, que preserva relíquias de Buda. Durante o amanhecer ou no pôr do sol, os raios se refletem nos prédios cobertos de ouro e diamantes,
e tudo fica brilhando. Depois, as duas amigas foram a Bagan, cidade milenar com 3,8 mil construções religiosas, considerada Patrimônio Mundial pela Unesco desde o ano passado. “A gente se locomovia de moto, sem um roteiro preciso, passando por templos e parando nos que achávamos mais interessantes. Às vezes, é bom viajar sem tantos planos”, conta Luisa. A jovem até hoje fica encantada ao lembrar de um dos ensinamentos da religião budista: tudo na vida é passageiro.

Sem roteiro 

Em Yangon, caso queira conhecer um pouco mais do cotidiano local, reserve algum tempo e tome o trem circular, que percorre toda a cidade em um período de três horas – o bilhete sai por cerca de 1 real. Por não exigirem guias, os passeios em Mianmar podem ser significativamente mais baratos do que no Butão, em que agências de viagem cobram ao menos mil reais por dia pelo serviço.

Seja discreta 

Visitas a países budistas, como Butão e Mianmar, incluem, principalmente, passagens por espaços sagrados ou religiosos. Por isso, é importante manter o respeito ao modo de vida local. Fazer fotos durante a meditação ou oração pode ser ruidoso, por exemplo. Se for durante o verão do Hemisfério Norte, carregue lenços leves para cobrir o corpo antes de entrar nos templos, conforme necessário.

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