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Contas coletivas: ferramentas e dicas para evitar conflitos

Para evitar conflitos, a gestão de contas precisa ser ponto de atenção na convivência em casa. Sorte que existem ferramentas que ajudam

Por `Paola Carvalho
12 ago 2022, 08h28
contas coletivas
Contas coletivas pedem diálogo e entendimento para não gerarem conflitos.  (Ilustração:/Getty Images)
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Pix, aplicativos, cartões, tabelas digitais: ferramentas não faltam para uma boa gestão das finanças pessoais. Encontramos nas instituições financeiras tradicionais ou nas chamadas fintechs (startups especializadas na área) uma ampla oferta de produtos digitais individuais. A novidade agora são soluções alternativas mais adequadas aos hábitos coletivos. Afinal, não é nada raro o brasileiro dividir as contas da própria casa, do restaurante, da temporada de férias e dos cuidados com os pais idosos, entre outras coisas. Se antes o dinheiro saía de um bolso só e o acerto das divisões acontecia mais tarde, agora é a hora do rateio em tempo real.

A analista de sistemas Thaine Cruz e o gerente de produto Casarini Vilela namoram há 10 anos e moram juntos desde 2018. No início, ele era responsável por pagar todas as contas. “Foi um período que eu já estava indo muito bem no trabalho e a Thaine ainda precisava se organizar financeiramente. Como tínhamos condições diferentes, eu acabava centralizando os gastos”, revela Casarini. Em meados de 2019, ela passou a contribuir com as despesas da casa.

“Quando eu me estabilizei, decidimos, juntos, que dividiríamos as contas. A gente sempre conversou e acreditou nesse formato”, conta ela. Ainda assim, a gestão não era tão pensada: “Eu pago essa conta, você paga aquela e segue o jogo”. Porém, Casarini e Thaine viram que não era o justo e, com base em seus salários, definiram um valor individual de transferência para uma conta digital conjunta. Nela, automaticamente, diferentes percentuais são aplicados para pagamento de um gasto. “Assim, a gente não só começou a fazer uma divisão mais honesta como até chegou a economizar em algumas coisas”, aponta Thaine.

Ela, a princípio, resistiu à solução, mas percebeu a vantagem do compartilhamento ajustado com o companheiro. “Como mulher, sempre tive que sustentar minha casa na época que morava sozinha, então senti muita dificuldade em aceitar ‘ser bancada’ quando começamos a dividir as contas. Enquanto eu discutia sobre finanças com minha terapeuta, percebi que a vida em casal se constrói junto e que eu não precisava dividir tudo 50/50. As contas podem ser compartilhadas de forma justa, com proporções diferentes, dependendo da realidade de cada um.”

Pesquisas mostram que a falta de organização financeira está entre as principais causas de discussões entre casais. De acordo com o IBGE, 57% dos divórcios realizados no Brasil na última década foram motivados por problemas financeiros. “Dinheiro faz parte do dia a dia, mas não é assunto de conversa em nenhuma relação socioafetiva, pois as pessoas acreditam que, assim, evitarão desgastes. Mas é o contrário. É necessário dedicar um tempo especial, até com hora marcada, para entender claramente cada ponto, preservar individualidades, alinhar expectativas e criar ações conjuntas”, destaca a planejadora financeira Karina Valadares.

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E a tecnologia pode ser uma cada vez mais uma aliada na gestão do dinheiro. Estudo divulgado pelo Banco Mundial mostrou o impacto da Covid-19 na inclusão financeira, impulsionando a oferta de serviços e de pagamentos digitais. No Brasil, 40% dos brasileiros fizeram algum pagamento digital durante a pandemia, sendo 14% pela primeira vez. “Essa expansão criou novas oportunidades econômicas, reduzindo a diferença de gênero na propriedade de contas e criando resiliência no nível familiar para gerenciar melhor os choques financeiros”, aponta o relatório Global Findex 2021, divulgado em julho passado.

“Chama a atenção o mercado oferecer soluções individuais, ou seja, cada indivíduo com seu universo financeiro. Mas será que os brasileiros lidam diariamente com contas e despesas sem envolver outras pessoas? A resposta é não”, afirma Ana Zucato, presidente da fintech Noh – aplicativo que oferece conta digital compartilhada e com rendimentos para simplificar os pagamentos e a vida financeira de quem divide gastos. Ela destaca um levantamento do IBGE que aponta que as famílias brasileiras gastam, em média, R$ 4,6 mil por mês. Esse grupo representa uma população de 34 milhões que gastam R$ 918 bilhões por ano. E 85% dos gastos das famílias são compartilhados.

De acordo com a Noh, as despesas de aluguel mais condomínio e os gastos com a casa representam 40% das contas transacionadas dentro do aplicativo. O cartão de crédito registra como principais gastos compartilhados as assinaturas em plataformas de streaming, seguidas das compras nos apps de delivery e de transporte. A média registrada entre os casais que estão usando o Noh é de 14 transações por mês. “Em um país de múltiplas crises, situações que nos unem também podem se tornar problemas na hora do rateio. Tudo porque, na hora de pagar, ainda usamos um só cartão de crédito ou pagamos um só boleto”, diz Ana, que acredita em uma nova era na vida financeira dos brasileiros: a das finanças compartilhadas.

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6 dicas para ter contas coletivas sem transtornos

1) Pratique os três “A”s das finanças pessoais: autoconhecimento, autocontrole e autorresponsabilidade.

2) Esteja disposto a contar sobre a sua situação financeira e a escutar a do outro; adote uma reunião periódica para o assunto.

3) Defina combinados e estabeleça os “inegociáveis” de cada um.

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4) Alinhe expectativas e faça o planejamento financeiro coletivo.

5) Tenha mais diálogos sobre dinheiro, mas também mais ações a respeito dele.

6) Experimente aplicativos para facilitar no dia a dia. Alguns exemplos no mercado: Noh, Organizze, Mobills, Monefy, Tricount, Splitwise, Kotas.

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