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Websérie “Fake Live” mostra o que normalmente é escondido no Instagram

Em entrevista a CLAUDIA, Fernanda e Alexandre Paes Leme, irmãos e criadores da obra, contaram como o projeto nasceu na pandemia

Por Ana Carolina Pinheiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 ago 2020, 18h53 - Publicado em 8 ago 2020, 15h00
A websérie "Fake Live" está no seu terceiro episódio, lançado nesta sexta-feira (7),  (Fake Live/Divulgação)
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Na rede social do pássaro azul, Fernanda Paes Leme chegou com seus tuítes, que iam de reflexões sobre a vida a vibrações com o seu time de coração, o São Paulo Futebol Clube, quando poucos artistas nacionais ocupavam o espaço. Lá, o público pôde conhecer o lado mais pessoal da Fepa, como é conhecida pelos amigos, sem interferência de personagens. No aplicativo vizinho, onde as fotos e vídeos são as bolas da vez, a atriz também ocupou com autenticidade, publicando as doçuras e realidades da vida.

Em março, Fernanda foi diagnosticada com Covid e usou suas redes sociais para dar a notícia e depois compartilhar o dia a dia do isolamento, que fez no seu apartamento no Rio de Janeiro. Mesmo com a ajuda de vizinhos e amigos, que deixavam na sua porta marmitas com doce, fruta e massa,  e recados empáticos de desconhecidos, a solidão tomou conta em alguns momentos e o chorou se fez presente. Em uma live realizada por ela no dia 12 de junho para celebrar o ser solteiro, a apresentadora contou ao amigo, e também ator e apresentador, João Vicente, que acabava de se mudar para São Paulo para receber da família, que mora na cidade, mais acolhimento.

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Fernanda e Alexandre são atores e irmãos. O primeiro trabalho deles juntos foi em 2017, quando ela atuou em curta-metragem do caçula (Reprodução/Instagram)

Com esse turbilhão de sentimentos, em certos momentos conflitantes, o que ela credita ao seu signo, Gêmeos, nasce Fake Live, websérie produzida pela atriz em parceria com o irmão, o ator e roteirista Alexandre Paes Leme, que também dirige a produção. O nome da websérie já dá uma ideia do que o público vai encontrar: a realidade por trás das câmeras, principalmente na pandemia, é humana e vulnerável. Para contar essas histórias, além de Fernanda, outros artistas participam remotamente. A exibição é no próprio perfil do Instagram da Fepa, no IGVT, e tem a missão “de espantar o fantasma do isolamento pra nós e pra vocês”, como ela apontou na rede social. Os irmãos conversaram com CLAUDIA sobre a criação e o que ainda vamos acompanhar em Fake Live nos próximos episódios, além de falarem como estão encarando o isolamento e da cumplicidade entre os dois.

A quarentena pode ser comparada com uma montanha-russa, já que há uma variação nas emoções. Quais foram as fases que você já passou no isolamento e em que momento dele nasceu a Fake Live? 

Fernanda: A quarentena começou pra mim 11 de março, quando soube que tive contato com o vírus e fiquei só em casa. Depois testei positivo e era tudo muito novo, não tinha nenhuma morte no Brasil. Agora já estamos próximos de 100 mil vidas perdidas. Foram inúmeras fases. Minha imunidade por conta do vírus me deixou bem fraca e fiquei doente por um bom tempo. Fiquei só, meditei, vi muitas séries e filmes, li menos do que gostaria e depois voltei a São Paulo para ficar com minha família. Num papo com meu irmão, disse que um lado meu não queria produzir nada, participar de nenhuma das muitas lives que estavam rolando, mas outro lado tinha muita vontade de fazer algo. Bem geminiana e sem cobranças. Já meu irmão tava produzindo uns vídeos bem legais, fazendo aula online de roteiro e bastante ativo. No dia seguinte da conversa, quando acordei, ele disse: pensei em algo pra você. E a partir dessa ideia dele começamos a criar Fake Live no fim de abril.

Antes da websérie, você lançou outros trabalhos audiovisuais. Como surgiu a ideia de criar um conteúdo nesse formato de websérie? 

Alexandre: Desde o início da quarentena eu comecei a produzir vídeos com meus amigos de maneira remota, com cada um gravando de sua casa. Postávamos no Instagram e depois subíamos no YouTube. Alguns foram até para festivais de curtas de quarentena. Diria que o embrião da websérie surgiu daí. Estava começando a amadurecer a ideia de fazer um longa-metragem caseiro, quando a Fernanda veio para São Paulo e disse que queria criar um conteúdo diferente. Conversamos sobre algumas questões, e misturei ideias de roteiros antigos meus para dar vida ao projeto da série.

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De preferência veja no 📱e de 🎧 . Uma websérie original de Fernanda Paes Leme. Episódio de estreia.

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Quais são os principais temas da websérie e as inspirações para eles serem escolhidos? 

Fernanda: No total serão nove episódios, abordando questões como solidão, amor, stalkers, deepfake, fuga da realidade, exposição nas redes, existencialismo, teatro, traumas e até morte. É uma ficção, mas claro que tem muito do que vemos nas redes sociais e fora dela. Eu sou a Fernanda, mas poderia ser qualquer outra, ter outros nomes. Como é o meu, também fica uma sensação de reality, que é interessante para essa obra de ficção.

Tem muita gente que aproveitou a quarentena para ocupar mais as redes sociais. Quais foram as sacadas que você notou durante as gravações de Fake Live, que daria como conselho pra essa galera?

Alexandre: Ainda estamos gravando, muita gente achou que era um projeto já finalizado, mas os episódios estão sendo produzidos na semana mesmo. Cada dia vamos aprendendo algo novo, com muita tentativa e erro. O mais importante é não ter medo, eu demorei anos para ter coragem de divulgar projetos de minha autoria. Eu me sabotava muitas vezes e hoje percebo que se você acredita na parada, não importa o que vão achar, até porque a jornada vale mais que o resultado em si.

No primeiro episódio de Fake Live, há uma cena em que sua personagem prefere ficar mais na dela, até se esquivando dessa chuva de lives da pandemia. Acho que é difícil encontrar alguém que não quis ficar no seu cantinho nesse período pelo menos por um tempo. O que falaria para quem busca isso, mas se sente culpado?

Fernanda: É um exercício mesmo aprender a falar não. Eu demorei, mas consegui. É algo que temos que praticar e tem que ser normalizado sabe? Não significa que não gosto da pessoa, do veículo, mas estamos vivendo uma pandemia, ninguém está na sua melhor versão. Não precisa arrumar desculpas, se não está afim de fazer nada, não faça. Se ouça.

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Com a produção de Fake Live e a sua mudança para São Paulo, o que mais mudou na sua rotina no isolamento e na sua relação com seu irmão?

Fernanda: Mudar já é cansativo, no meio de uma pandemia então. Eu ainda não estou no lugar definitivo que vou ficar. Minha casinha virou praticamente um estúdio, cheio de arara de figurino da série…mas a melhor parte é sem dúvida estar perto da família. Isso mudou muito e tem sido importante pra gente. Quando ele nasceu, se alguém não levasse presente pra mim na maternidade, já fechava a cara. Temos 7 anos de diferença e isso pesou em alguns momentos. Mas depois ele cresceu e passamos a sair juntos, viajar e agora trabalhar juntos! Ele é a pessoa que mais amo no mundo, tem um coração gigante e fora o que é lindo e talentoso. Sou bem babona e um pouco ciumenta. Estou aprendendo muito com ele. Alexandre é muito estudioso, ele é culto, lê muito, vê muitos filmes e não esses que todos assistem e postam. Ele vê coisa do mundo inteiro, de festivais pequenos, trouxe referências incríveis pra nossa série.

Você é apresentadora, atriz e agora produtora executiva e diretora de fotografia. Acredita que Fake Live é o projeto que mais traduz a sua essência?

Fernanda: Como apresentadora me envolvi em projetos que deixei com a minha cara e tem muito a ver comigo, como o Desengaveta por exemplo. Tinha um propósito incrível. Mas não era criação minha. Esse é meu primeiro projeto real oficial e ainda junto com o Alexandre. Então sem dúvida ele se torna o mais especial. É novo, é criativo, bem executado. Estou super orgulhosa da equipe, que é pequena, mas todos são amigos.

Em tempos de isolamento, não se cobre tanto a ser produtiva

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