SP–Arte: 11 artistas brasileiras para celebrar nesta edição
Com mais de 40% de participação feminina, a feira Rotas Brasileiras reafirma seu papel de fortalecimento da arte nacional
A SP-Arte Rotas Brasileiras é um dos principais eventos do cenário artístico latino-americano. A feira propõe uma imersão em obras de arte produzidas em 14 estados brasileiros, evidenciando a diversidade cultural.
Na terceira edição, o evento conta com a participação de mais de 250 artistas novos e consagrados. O destaque vai para a representatividade feminina, que agora corresponde a mais de 40% dos participantes.
“Vemos uma constante renovação de artistas paralelamente à evolução e ao reconhecimento de longas trajetórias. Mulheres já consagradas como Maureen Bisilliat, Ana Maria Tavares e Lenora de Barros estão ao lado de artistas em ascensão”, reflete Fernanda Feitosa, fundadora e diretora executiva da SP–Arte, a CLAUDIA. “O protagonismo feminino é evidente não apenas entre as artistas, mas também na liderança de diversas galerias.”
Outra novidade deste ano é a criação de um novo setor, o Mirante. Proposto pelo diretor artístico Rodrigo Moura, o espaço reúne obras em grande escala e raramente exibidas. Trabalhos de Tunga, Rivane Neuenschwander,Adriana Varejão, Rebeca Carapiá e Jota Mombaça estarão presentes. Abaixo, conheça artistas mulheres para prestigiar na feira em São Paulo:
Nádia Taquary
Representada pela Galeria Paulo Darzé, a artista baiana Nádia Taquary explora as tradições e práticas sagradas afro-brasileiras em sua pesquisa artística. Suas obras destacam a força feminina através da joalheria afro-brasileira, da fotografia, da instalação e do vídeo. Sua produção é uma profunda reflexão sobre identidade e cultura, ressaltando a influência ancestral no mundo contemporâneo.
Patricia Baik
A obra da artista paulistana Patricia Baik, que pode ser encontrada na galeria Bianca Boeckel, explora temas como identidade, memória e a relação entre o espaço e o corpo. Com uma sensibilidade única, ela tece uma narrativa visual rica em elementos da vivência coreano-brasileira, desafiando noções de pertencimento e transformação. Suas criações frequentemente combinam elementos abstratos e figurativos, oferecendo composições que convidam o espectador a refletir sobre a complexidade das experiências humanas.
Marlene Almeida
A galeria recifense Marco Zero levará para a feira obras da artista paraibana sob a proposta curatorial do “conceito de desvio como uma forma potente de coabitar o território”. Para ela, isso significa reinventar paisagens e resgatar memórias ancestrais de forma poética, refletindo sobre a passagem do tempo e os diferentes modos de sobrevivência. Almeida é conhecida por sua habilidade em integrar elementos visuais e conceituais que dialogam com a história e a experiência pessoal, criando peças únicas e expressivas.
Nara Guichon
Meio ambiente é o tema central das instalações da artista gaúcha Nara Guichon, representada pela galeria Carmo Johnson Projects. Ela atua diretamente no cuidado e na reparação ambiental através do reuso de redes de pesca descartadas que se acumulam nos mares. Conhecido como ‘rede-fantasma’, o material destrói a diversidade marítima e ameaça a manutenção do bem-estar da natureza. Sua produção está dentro das práticas manuais com fios, como o tricô, crochê, bordado e tear.
Daiara Tukano
Um dos nomes mais celebrados da arte contemporânea, a paulistana Daiara Tukano traz a arte indígena à Galeria Millan. Conhecida por sua atuação como ativista, Tukano reflete a riqueza de suas tradições culturais e questiona as dificuldades enfrentadas pelas comunidades tradicionais. Sua produção explora a relação entre natureza e sociedade, sendo marcada por uma sensibilidade profunda em relação ao meio ambiente.
Beatrice Arraes
Beatrice Arraes, nascida em Fortaleza, Ceará, é uma artista cuja prática transita entre o desenho e a pintura. Atualmente, ela explora imagens que dialogam com o mundo externo e interno. A experiência de percorrer a cidade a pé tem sido uma fonte de inspiração para seu trabalho. Sua pesquisa sobre pintura de fachadas coloca sua obra em um campo de tensão entre o erudito e o popular, abordando o hibridismo cultural na formação imagética da sociedade. As obras de Beatrice Arraes estão disponíveis na Galeria Leonardo Leal.
Lenora de Barros
A artista visual e poeta paulistana Lenora iniciou sua carreira na década de 1970, com obras que se inserem no campo da poesia visual, influenciadas pela poesia concreta dos anos 1950. Desde então, sua prática se expandiu para incluir uma ampla gama de mídias, como vídeo, performance, fotografia, instalação sonora e construção de objetos. Ao se deparar com sua obra, refletimos sobre questões sociais e políticas, como a identidade feminina, a censura. Seus trabalhos estarão em exibição na Galeria Gomide&Co.
Clara Moreira
A artista aprendeu pintura e poesia com sua família – artistas populares do subúrbio do Recife. Representada pela Galeria Amparo 60, sua obra se destaca pela utilização de uma variedade de técnicas e mídias, proporcionando uma abordagem rica e diversificada. As imagens de corpos que dançam e acessórios que voam transportam o espectador para um universo de sentimentos e memórias.
Aline Bispo
Um dos destaques da Galeria Luis Maluf é a paulistana Aline Bispo. A artista baseia sua prática na pluralidade e na experimentação. As ilustrações combinam ícones religiosos com elementos da natureza e símbolos políticos. O resultado são composições gráficas marcadas por cores vibrantes e detalhes tipicamente brasileiros. Aline pinta em telas, papéis, capas de livros, colunas de jornal, empenas de prédios, tecidos e até mesmo seu próprio corpo em performances. Ela também é a ilustradora das capas dos livros Torto Arado e da recente trilogia do escritor Itamar Vieira Junior.
Roxinha
Nascida em Alagoas e conhecida como Roxinha, a artista começou a trabalhar ainda na adolescência, cultivando macaxeira, feijão e milho. Mais tarde, quebrou brita em pedreiras e trabalhou como gari por quase 20 anos. Aos 59, encontrou sua verdadeira vocação: a pintura. No começo, desenhava sua perspectiva sobre o amor e o afeto em pedaços de MDF e materiais encontrados em terrenos baldios. Hoje, aos 67, ela expõe seus trabalhos nas galerias Karandash e no projeto Novleonaros Para Nós.
Maureen Bisilliat
Na Galeria Marcelo Guarnieri, é possível conferir o trabalho de Maureen Bisilliat, uma fotógrafa britânica radicada no Brasil desde 1957. Com uma carreira de mais de cinquenta anos, a artista é conhecida por ensaios fotográficos que documentam a vida dos brasileiros. Sua obra vai além do simples registro, buscando revelar a essência e a complexidade das pessoas e suas tradições. Isso é evidente em seus retratos de manifestações culturais, que destacam a vestimenta do homem sertanejo, a pintura corporal da mulher indígena e a fantasia dos carnavalescos.
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