NBA Brasil: Alana Ambrósio fala sobre sua trajetória no jornalismo
Entrevistamos a jornalista que é referência no esporte, considerada a voz feminina do basquete
A presença das mulheres nos esportes tem ganho uma projeção maior nos últimos anos, graças à visibilidade e transmissão de diferentes modalidades esportivas na TV. O Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino tem atingindo números incríveis no estádio, a Copa do Mundo Feminina de Futebol teve uma cobertura grande e o assim por diante. Com o futebol mais estabelecido, vemos outros esportes com mais espaço. O basquete feminino é um deles, pavimentando seu território. Para comentar sobre essa guinada, conversamos com Alana Ambrósio, que é jornalista, apresentadora e comentarista esportiva.
Em território nacional, ela é a maior voz feminina de NBA (National Basketball Association), principal liga de basquete norte-americana. O que traz também os holofotes para a WNBA (Women’s National Basketball Association), que agora tem transmissão na ESPN, pela plataforma Star+.
Alana também é apresentadora do Amazon Prime Video e faz parte do time de mulheres do Semana W, programa de Youtube da NBA Brasil.
A voz feminina do basquete no Brasil
“Quando eu decidi que queria ser jornalista não fazia ideia que eu ia trabalhar com jornalismo esportivo. Eu já gostava muito de esportes, desde pequena acompanhava todos, não só o basquete. Mas era uma coisa que eu via em paralelo. Com o surgimento do Twitter e o boom das redes sociais, eu fui começando a escrever um pouco mais sobre o que eu pensava sobre basquete e futebol. Eu criei um blog e comecei a falar por lá, dar minhas opiniões.”, conta Alana.
Em 2017, a ESPN realizou uma ação para o Dia das Mulheres, buscando duas mulheres para comentar NBA e da NFL. O que era uma estratégia de marketing, virou uma ideia de trazer mais vozes femininas para o esporte.
Alana foi convidada para participar do ESPN League, um programa dedicado aos esportes norte-americanos. Os convites continuaram até ela ser contratada pela ESPN. Na época, Alana já tinha um nome nas redes sociais e uma base relativamente sólida, conhecendo muita gente da área, por conta do seu trabalho como repórter da rádio CBN.
“É interessante, porque teve uma progressão muito grande, a princípio eu não larguei a minha profissão como repórter. Tinham dias que eu ia cobrir política local de manhã, buraco na rua de tarde e durante a noite estava falando de basquete”, recorda.
Com a projeção, em 2020, durante a pandemia, a NBA Brasil entrou em contato com Alana, para que ela fosse comentarista dos jogos. Nessa época, o basquete ganhou ainda mais força no Brasil, já que a NBA isolou os jogadores e seus familiares em um complexo na Disney para poder seguir com a competição mesmo com o Covid-19 com alta de casos.
“Foi quando eu finalmente falei: ‘nossa, será que eu me jogo nisso 100%?’. Foi meio que uma transição de carreira mesmo e passei a fazer um zilhão de coisas voltadas ao basquete. Então, tive a certeza de que essa era a melhor decisão e o melhor caminho”, conta.
Como toda mulher em ambientes ainda ditos “masculinos”, ela já passou (e ainda passa, infelizmente) por situações que envolvem machismo. “Demorou um bom tempo para existir essa aceitação de que sim, eu era uma mulher, eu era super jovem e eu ia falar sobre basquete em rede nacional”, conta.
“Já sofri e acho que sempre sofreremos, mas o importante é não titubear e saber que esse é um papel social importante. Às vezes, eu me sinto muito intimidada pela responsabilidade que tenho, mas, ao mesmo tempo, honrada de estar desempenhando essa função“, comenta.
Quando começou, Alana era a única mulher falando de basquete em rede nacional, com diversos homens ao seu lado. Isso mudou, e o movimento tem que ser esse. “Quanto mais a gente ocupar esses espaços, menos será um tabu. É muito legal ver o tanto de perfis de garotas que estão criando conteúdos também, não precisa estar necessariamente em rede nacional. A audiência feminina está sempre crescendo também em relação a NBA”, afirma.
Alana realmente gosta do que faz e isso fica nítido em suas falas. Ela acredita também que a liga de basquete norte-americana vai muito além do esporte. “Eu acho que a NBA é uma liga muito progressista e que dá muita voz para os jogadores”, completa.
Torcedora do Chicago Bulls, time que teve sua época com Michael Jordan, ela recorda que, durante a pandemia, os jogadores se engajavam politicamente. “Na época, tinha a questão do Black Lives Matter e todo um contexto social também. Eles faziam uma campanha de conscientização muito grande. Essa é uma particularidade muito importante na NBA e seria muito legal poder reproduzir isso em outras ligas”, ressalta a jornalista.
A liga das mulheres, a WNBA, também costuma ser apoiada pelos jogadores homens, algo que ela considera muito importante para o avanço da participação feminina no esporte profissional.
E, por falar em WNBA, Alana comanda o Semana W, no Youtube, o programa é focado nas mulheres do basquete. “É um projeto que foi criado nessa temporada de WNBA pela NBA Brasil e é muito significativo e simbólico. Quando eu soube que ele ia acontecer, fiquei tão feliz. É um projeto 100% voltado para o basquete feminino e acho que, felizmente, cada vez mais estamos dando holofotes mulheres no esporte, aqui e em todas as partes do mundo, vide esse fenômeno que foi a Copa feminina de futebol.”
O Semana W se destaca por ser inteiramente composto por mulheres, que demonstram paixão tanto pelo basquete, quanto pelo seu trabalho. “É uma atmosfera de muita cooperação e é uma esfera diferente até do que a gente está acostumado”, conta Alana, ao comparar a atração com outros programas compostos majoritariamente por homens.
Conheça o formato do programa abaixo:
Mostrando as incríveis jogadas das mulheres da liga de basquete e outros conteúdos, Semana W traz um diferencial para quem adora criticar esportes praticados por mulheres. “Esse projeto chega como um pontapé necessário para desmistificar muitas coisas e para dar essa visibilidade tão necessária para o esporte feminino, que lá fora também está crescendo muito”, pontua.
“Quando você traz uma figura feminina para o esporte, há uma representatividade, convidando mais mulheres a falarem que o esporte não é lugar de homem. Você também pode ser acolhida e preencher esse lugar.”
Para quem quer acompanhar o trabalho de Alana Ambrósio, ela é ativa no Twitter e no Instagram. Apesar da temporada de WNBA já ter terminado, com o time Las Vegas Aces se consagrando campeão, ela pode ser vista comentando os jogos da liga masculina, NBA, que retornou nesta semana, dia 24 de outubro. Os jogos são exibidos na plataforma Prime Video.