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Mariana Nunes, de ‘Todas as Flores’, rebate críticas a sua atuação e mais

A atriz, que já estrelou grandes novelas como “Mulheres Apaixonadas” e “Amor de Mãe”, retorna às telinhas com mais um papel desafiador

Por Kalel Adolfo
5 Maio 2023, 09h20
Mariana Nunes é uma das protagonistas da produção do Globoplay.
Mariana Nunes vive a personagem Judite, mãe de Pablo, em "Todas as Flores". (Fábio Rocha (Globo)/Reprodução)
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Desde que estreou em outubro do ano passado, Todas as Flores — primeira novela desenvolvida exclusivamente para o Globoplay — vem alcançando uma popularidade impressionante. Contudo, o sucesso da obra não é chocante, visto que a trama, além de oferecer uma grande qualidade narrativa, reúne um elenco excelente com nomes como Regina Casé, Humberto Carrão, Letícia Colin, Ana Beatriz Nogueira, e claro, Mariana Nunes.

Nunes, que atualmente está com 42 anos, interpreta uma mãe solo que se vê obrigada a esconder a identidade do pai de seu filho, Pablo (Caio Castro). Este segredo, que permanece trancado a sete chaves por um bom tempo, a coloca num estado emocional extremamente delicado.

E em entrevista exclusiva à CLAUDIA, Mariana revelou detalhes sobre como foi interpretar uma personagem tão complexa, além de compartilhar quais são os seus próximos projetos dos sonhos e como lida com as críticas ao seu trabalho nas redes sociais. Confira:

Mariana Nunes, intérprete de Judite em 'Todas as Flores'.
O fato de Regina Casé estar no elenco de ‘Todas as Flores’ fez Mariana Nunes ficar ainda mais animada para o projeto. (Marcos Duarte/Divulgação)

CLAUDIA: O que fez você aceitar participar deste projeto? Houve algum detalhe específico do roteiro que lhe inspirou uma identificação imediata?

Mariana Nunes: O que realmente rolou foi que a Dani Pereira, produtora de elenco, me ligou para fazer o teste. Ela me contou apenas uma parte da história, pois como essa é uma obra aberta, a equipe vai descobrindo aos poucos o que vai acontecer. Então, até ali, eu apenas sabia que a Judite era uma mulher forte, bastante respeitada em sua comunidade e que havia algo forte de seu passado que a entrelaçava com o Humberto e a Zoé [interpretada por Regina Casé]. Eu já tinha trabalhado anteriormente com a Regina em Amor de Mãe, e nós batemos um bolão ali, tivemos muitas cenas boas e ficamos com essa sensação positiva deste primeiro trabalho. Então, quando a Dani me chamou e revelou quem seriam meus colegas de trabalho, eu fiquei com muita vontade de fazer a novela.

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CLAUDIA: Com este acesso ‘limitado’ ao enredo da história, como foi o processo de entrar na mente de Judite? Isso tornou o processo mais difícil?

Mariana Nunes: Eu me apeguei a um mosaico de inspirações. Encontrei diversas mulheres que se encaixavam no perfil da Judite, fui pegando um pouco de cada coisa. Ela tem esse traço muito forte da maternidade solo, pois ela criou o Pablo sozinha. E a gente não vê, no recorte da novela, esse passado. Então precisei construir e imaginar como foi a vida dessa mulher, até chegar no ponto que conseguimos acompanhar na tela. E aí, além disso, as nossas vivências pessoais vão nos atravessando. Conheço muitas mulheres que têm uma relação tóxica com os próprios filhos, e isso está conectado à personagem, pois ela se dedicou tanto ao Pablo, que se apagou. O João Emanuel Carneiro trabalha muito com essas entrelinhas não coladas: elas ficam ali submersas, mas presentes.

CLAUDIA: Me parece uma tarefa extremamente complexa buscar as emoções da personagem nas entrelinhas para entregar uma performance coerente. Este foi um dos seus papéis mais desafiadores?

Mariana Nunes: Estou sempre muito apaixonada e envolvida com o papel do momento, então não consigo ter esse discernimento. Só consigo ver a Judite com distanciamento agora, que estou acompanhando a novela na televisão. Mas sim, eu a considero um papel bastante difícil, pois ela guarda muitas coisas, mas não as desenvolve. Há muitas polaridades vivendo dentro dela.

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Mariana Nunes revela desafios na interpretação de
Para a atriz, não ter acesso ao passado da personagem tornou a experiência ainda mais desafiadora. (Marcos Duarte/Divulgação)

CLAUDIA: Analisando o perfil da Judite, há alguma semelhança entre você e a sua personagem, ou as duas são completamente opostas?

Mariana Nunes: Essa me pegou! Mas eu acho que não conseguiria segurar tanta coisa por tanto tempo. Eu, Mariana, já teria ido na casa de Zoé para resolver essa parada [risos]. Definitivamente seria mais impulsiva.

CLAUDIA: Como você encara a sua evolução como atriz e mulher desde o início de sua carreira no teatro até chegar em ‘Todas as Flores’? Consegue enxergar alguma mudança significativa em seu modus operandi?

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Mariana Nunes: Não acredito que seja uma mudança, mas sim uma aquisição de experiência e conhecimento do meio e da linguagem em que trabalho. Eu tinha medo na época. Costumamos ter medo do desconhecido. Hoje eu me sinto muito apropriada do meu lugar. Aquela Mariana tinha muitas certezas e estava desbravando o mundo. Hoje eu sigo desbravando com bastante certeza, mas com mais propriedade do meu todo. Estou mais integrada.

CLAUDIA: Falando em ter mais propriedade com o passar do tempo: você sente que a sua autoconfiança vem aumentando a cada trabalho?

Mariana Nunes: Que pergunta ótima! Acho que, neste quesito, sou como aqueles gráficos financeiros que sobem e descem. Mas minha autoconfiança vem aumentando conforme vou envelhecendo. Fazer análise, assistir os meus trabalhos e entender os retornos que tenho também ajuda bastante. A gente sempre acha que pode melhorar. Mas, ultimamente, tenho pensado menos que eu deveria ter feito as coisas de um jeito diferente. Apenas torço para que eu tenha mais oportunidades de fazer de outras maneiras. Só fazemos até onde sabemos. Não tem como eu ser melhor do que eu sou. Posso me superar, mas sou do meu tamanho.

Mariana Nunes vem sentindo um crescimento de sua autoconfiança a cada ano.
Mariana Nunes reflete sobre o seu processo de autoestima. (Marcos Duarte/Divulgação)
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CLAUDIA: Você já fez televisão, cinema, teatro e agora está gravando uma série. É possível que ainda exista um novo território a ser explorado?

Mariana Nunes: Eu quero muito fazer um musical! Sou louca para mergulhar nisso, mas ainda não me sinto pronta. Tô trabalhando nisso. Atualmente, trabalho com três professores de canto para dominar a técnica. É necessário estudar bastante a musculação para dar certo. Às vezes canto e saio com dor nas costelas, acredita?

CLAUDIA: E nestes formatos que você já possui experiência, qual é o seu favorito? Existe algum que te dê aquele quentinho no coração?

Mariana Nunes: Cada linguagem tem sua delícia, seu brilho e suas peculiaridades. Então, não consigo te dizer o que mais gosto. Mas sim, eu tenho esse prazer de poder circular entre todas essas linguagens, pois cada uma me complementa de um jeito. No teatro, você é muito autoral, pois a partir do momento que toca o terceiro sinal e a peça é iniciada, a experiência se transforma num tobogã sem volta. Antes de entrar em cena, eu peço para que o meu pai e as pessoas de cima me ajudem a não ter medo de algo que saia do lugar, me dando forças e inteligência para resolver o que for preciso. E aí, na televisão, a parada é bem técnica, precisamos equilibrar a emoção e o método. Já o cinema é essa coisa mais artesanal, que necessita de muito mais preparo, pois às vezes não há tempo para errar. Tudo é muito caro e, ao mesmo tempo, as coisas precisam acontecer.

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CLAUDIA: Como você encontra esse equilíbrio entre a técnica e a emoção para não cair em uma atuação robótica? Deve ser difícil conciliar estes dois polos.

Mariana Nunes: Tem gente no Twitter que acusa a Judite de ser robótica. Falam que ela é monossilábica, monotônica. E eu acho que isso tem muito a ver com o texto e a função desta personagem na trama. Ela é isso mesmo, então, para mim, esse tipo de comentário é quase um elogio, pois significa que eu acertei o tom. Mas as pessoas podem achar o que quiserem. Eu, de forma geral, sou zero técnica. Apenas tiro o freio de mão e vou. Fico desorientada quando gravo uma cena fortona. Preciso que, dependendo do contexto, a equipe me oriente. Mas é lindo quando transborda. A técnica ajuda muito, mas é um cuidado constante para não ficar dependente dela.

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