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Exposição: Kumihimo, a arte e delicadeza do trançado japonês

Japan House, em São Paulo, realiza exposição sobre a técnica milenar do trançado em seda que se atualiza na moda

Por Joana Oliveira
Atualizado em 4 jun 2022, 17h57 - Publicado em 4 jun 2022, 08h03

São três ou mais feixes de fios de seda amarrados, formando cordões a partir da sobreposição diagonal desses fios de maneira regular e uniforme. Desse processo, podem surgir trançados simples, feitos com três feixes (aqueles conhecidos como “trança francesa”), ou mais complexos, chegando a conter mais de 140 feixes de fios. Assim é o kumihimo, que significa “cordas trançadas”, o trançado japonês com seda, um elemento ancestral da cultura nipônica que a Japan House de São Paulo aproxima dos brasileiros. A instituição sedia, até 28 de agosto, a exposição Kumihimo, a arte do trançado japonês com seda, que tem visitação gratuita.

“Essa é uma técnica que se desenvolveu no Japão no século VI depois de Cristo, vinda da Ásia continental. A partir de então, passou a ser usada em acessórios para vestimentas e ornamentos de armas e armaduras”, explica Kiichiro Domyo, diretor da empresa familiar Domyo, que há 10 gerações (ou, exatamente, 370 anos), se dedica a fabricar esses cordões de seda de maneira artesanal.

A Domyo tem tamanha tradição no kumihimo, que a empresa custodia alguns dos tesouros da tecelagem japonesa, como o cinto usado pelo imperador no Período Nara (que cobre os anos de 710 a 794 depois de Cristo), cuja réplica está exposta na Japan House, junto com outros adereços históricos dos principais templos e museus do Japão.  Kiichiro lembra que os samurais também utilizavam esses cordões de fios de seda em parte de sua armadura e numa espécie de corda que segurava sua espada junto ao cinto. Já no quimono, o kumihimo está presente na faixa que ata a prenda. “É uma parte fundamental da cultura japonesa, por mais que não seja um protagonista em nossas vestimentas tradicionais, é o coadjuvante mais importante”, diz ele. 

Na expografia da Japan House, os kumihimos são guardados por estruturas de madeira muito presentes na filosofia budista: os kekkai, pilares de quatro pontos conectados formando ambientes quadrados nos quais os objetos ao centro são protegidos. Nesse sentido, os cordões ancestrais tornam-se quase itens sagrados.

“É interessante notar como o ato de tecer fios também é muito presente entre os povos originários da América Latina, que fabricam redes, roupas e cestarias. Isso reitera nossa aproximação cultural também com base nesses trançados simbólicos”, ressalta Natasha Geenen, diretora cultural da Japan House. Há, inclusive, um bela parede na qual aparecem diferentes exemplos de trançados de vários países e povos do continente.

História no futuro

A exposição, que já passou pela Japan House de Los Angeles e depois seguirá para Londres, traz também os tipos de suportes utilizados para fabricar o kumihimo, como o marudai, um suporte redondo que produz trançados simples e pode ser usado até por principiantes, ou o takadai, que produz trançados mais complexos. Vídeos espalhados pelo espaço exibem como é feito o tingimento artesanal dos fios de seda, mais uma técnica que remonta aos séculos VII e VIII.

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Peças do estilista Akira Hasegawa na Japan House.
Peças do estilista Akira Hasegawa na Japan House. (Wagner Romano/Divulgação)

Os padrões complexos e refinados do kumihimo se adequam à estética e o gosto nipônicos de cada época. Na exposição que cobre presente, passado e futuro desse patrimônio cultural, os visitantes também encontram peças do estilista Akira Hasegawa, que incorpora os cordões de seda em suas composições.  “Estamos mostrando a história e seu futuro. O kumihimo, uma das coisas mais sensíveis que existem no mundo, feita com uma técnica muito complexa, tem uma qualidade e resistência como poucos materiais. Por isso, tem várias aplicações”, diz Kiichiro.

Um dos espaços que mais chamam a atenção na exposição traz uma amostra do uso do kumihimo na arquitetura, cuja delicadeza contrasta com a solidez de blocos de concreto e outros materiais, embelezando as laterais desses mesmos objetos. Para quem gosta de história, moda e arte, em geral,  Kumihimo, a arte do trançado japonês com seda é uma bela oportunidade de conhecer criações milenares ou de apenas 10 anos atrás, todas feitas com a mesma técnica.

 Kumihimo, a arte do trançado japonês com seda

Onde: Japan House São Paulo

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Quando: 24 de maio a 28 de agosto.

Terça a sexta-feira, das 10h às 18h
Sábados, das 9h às 19h
Domingos e feriados, das 9h às 18h

Ingressos: Entrada gratuita.

 

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