‘Guardiões da Galáxia 3’ entrega o filme mais emotivo de James Gunn
O terceiro filme da franquia deixa a ação desenfreada em segundo plano para entregar uma experiência emotiva e reveladora
Guardiões da Galáxia 3 é, de maneira geral, um filme sobre despedidas. Para começar, temos James Gunn assumindo o comando da franquia pela última vez em sua carreira, pois agora o cineasta se tornou diretor criativo da DC — decisão que foi oficializada no final do ano passado. Mas, para além disso, a trama da produção gira em torno dos personagens Peter Quill, Groot, Mantis, Drax, Gamora e Nebula tentando evitar a iminente morte de Rocket, que é atacado brutalmente logo nos primeiros minutos do longa. Certamente, nenhum deles está pronto para dizer adeus ao seu companheiro de missões intergaláticas.
E é a partir deste núcleo narrativo que a história desenvolve todos os seus artifícios. Inclusive, não seria exagero dizer que o terceiro capítulo da saga poderia ser definido como o “filme do Rocket”. Durante as duas horas e meia de projeção, acompanhamos os protagonistas enfrentando os mais diversos desafios em busca de uma cura para o guaxinim — conflito cujo resultado é revelado apenas no final.
Proposta simplista é positiva para o roteiro de Guardiões da Galáxia 3
A decisão narrativa, de forma geral, traz resultados positivos para a saga. Sem desvios desnecessários, Gunn torna o direcionamento claro para o público. Tudo bem que, em alguns momentos, a experiência se torna um tanto quanto simplista. Porém, estamos falando de uma produção da Marvel: entregar complexidade definitivamente não é a meta final do estúdio.
E em meio à luta contra o tempo para salvar o amigo, o público finalmente tem acesso ao passado (nada feliz, por sinal) de Rocket. Aliás, estas sequências de flashback poderiam facilmente figurar entre os momentos mais tristes do MCU. Porém, tamanha melancolia nos faz enxergar o personagem como nunca antes, lhe dando um senso de profundidade muito bem-vindo à franquia. Entender a sua bagagem emocional e motivações será uma peça central para o sucesso dos próximos capítulos da franquia (o espectador que assistir entenderá essa afirmação após o lançamento).
O terceiro filme da franquia ainda é um espetáculo visual
Visualmente, Guardiões da Galáxia 3 não deixa a desejar em quaisquer momentos: esta continua sendo a obra esteticamente mais interessante do Universo Cinematográfico da Marvel. Deliciosamente vibrante, a direção de arte continua mesclando futurismo e nostalgia na medida certa. Existe um “quê” de Star Trek — desde os uniformes aos cenários e personagens positivamente caricatos — que trazem uma sensação de familiaridade à experiência. É o famoso “quentinho no coração”.
‘Fórmula Marvel’ no humor deixa a desejar
Por outro lado, não podemos deixar de perceber uma notável queda na qualidade do humor neste terceiro filme. Caindo algumas vezes na ‘fórmula Marvel’ (que costuma quebrar momentos grandiosos com alívios cômicos), o longa proporciona piadas que, além de soar excessivamente infantilizadas, não favorecem a narrativa em quaisquer aspectos.
O tom expositivo do roteiro também incomoda: a todo o momento, os atos heróicos dos personagens são carregados por mensagens um tanto quanto saturadas em filmes do gênero, com diálogos que servem apenas para evidenciar os “impressionantes” valores nobres dos personagens. Às vezes, o silêncio pode ser a melhor decisão em determinados momentos.
Mas, de forma geral, James Gunn entrega uma ótima experiência em seu último trabalho realizado sob o selo da Marvel Studios. Mesmo que o terceiro volume não atinja a mesma energia eletrizante dos capítulos anteriores, o novo Guardiões da Galáxia consegue atingir novos territórios ao mergulhar na vulnerabilidade dos personagens.
‘Guardiões da Galáxia 3’ chega aos cinemas nacionais na próxima quinta-feira (4).